ATA DA
NONAGÉSIMA SÉTIMA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUINTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA
NONA LEGISLATURA, 09.09.1987.
Aos nove dias
do mês de setembro do ano de mil novecentos e oitenta e sete reuniu-se, na Sala
de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua
Nonagésima Sétima Sessão Ordinária da Quinta Sessão Legislativa Ordinária da
Nona Legislatura. Às quatorze horas foi realizada a chamada sendo respondida
pelos Vereadores Adão Eliseu, Antonio Hohlfeldt, Aranha Filho, Artur Zanella,
Auro Campani, Bernadete Vidal, Brochado da Rocha, Cleom Guatimozim, Clóvis
Brum, Ennio Terra, Flávio Coulon, Frederico Barbosa, Getúlio Brizolla, Gladis
Mantelli, Hermes Dutra, Ignácio Neis, Isaac Ainhorn, Jaques Machado, Jorge
Goularte, Jussara Cony, Kenny Braga, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Mano José,
Nilton Comin, Paulo Sant’Ana, Paulo Satte, Pedro Ruas, Rafael Santos, Raul
Casa, Teresinha Irigaray e Werner Becker. Constatada a existência de “quorum”,
o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou ao Ver. Artur
Zanella que procedesse à leitura de trecho da Bíblia. A seguir o Sr. Secretário
procedeu à leitura da Ata da Nonagésima Sexta Sessão Ordinária que, juntamente
com a Ata da Décima Sexta Sessão Ordinária, foi aprovada. À MESA foram
encaminhados: pelo Ver. Frederico Barbosa, 07 Pedidos de Providências,
solicitando troca de lâmpadas nos bicos de luz existentes nas proximidades da
Rua Tito Lívio Zambecari com a Rua Silva Jardim; vistoria nos esgotos da Rua
Armando Barbedo ao lado do Supermercado Real, quase esquina com a Rua Wenceslau
Escobar; realização de vistoria na Rua Gen. Vitorino no que se refere às
calçadas; aumento do número de bicos de luz e troca de lâmpadas queimadas na
Rua Graça Aranha, em frente aos nºs 41 e 67; troca de lâmpadas queimadas na Rua
Armando Barbedo em frente aos prédios 502 e 526 e limpeza nos globos dos outros
postes; conserto de vazamento do esgoto próximo aos prédios de nºs 80 e 88 na
Rua 1º de Maio; varrição feita de maneira regular e constante nas ruas Alberto
Torres e Lopo Gonçalves; pelo Ver. Getúlio Brizolla, 03 Pedidos de
Providências, solicitando reposição de lâmpadas queimadas na Rua Henrique
Fraeb; patrolagem na Rua Cel. Frederico Carlos Gomes; adoção de mão única no
trânsito da Rua Luis de Camões. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 482/87, do
Sr. Prefeito Municipal; 1197/87, do Sr. Chefe da Casa Civil; Telegrama do Sr.
Maurício Barreira Vasconcelos, Subchefe do Gabinete Civil da Presidência da
República. Após, o Ver. Flávio Coulon registrou o falecimento, ocorrido ontem,
do Sr. Marcos Freire, Ministro da Reforma Agrária. A seguir, o Sr. Presidente
informou que o período de Grande Expediente de hoje seria em apoio à luta do
povo chileno em prol da reconquista da democracia daquele País. Em continuidade,
o Sr. Presidente concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da
Casa. O Ver. Lauro Hagemann, em nome da Bancada do PCB, discorreu sobre o golpe
militar sofrido pelo Chile em mil novecentos e setenta e três, comentando os
motivos e as conseqüências do mesmo. Salientou a luta contínua mantida pelo
povo chileno na busca da reconquista da liberdade e da democracia, analisando a
importância da organização e da união esquerdista daquele País para que sejam
atingidos os objetivos destas lutas. Solicitou, do Governo Federal, o
rompimento das relações diplomáticas com o governo chileno. O Ver. Antonio
Hohlfeldt, em nome das Bancadas do PT e do PC do B, discorreu sobre a ditadura
militar hoje observada no Chile e os fatos que provocaram sua instauração.
Salientou documentação existente acerca do assunto e o envolvimento do governo
dos Estados Unidos no golpe militar sofrido pelo Chile. Comentou a
impossibilidade de instauração pacífica do socialismo em um país, em face dos
meios repressivos utilizados pelas classes mais reacionárias e retrógradas. O
Ver. Flávio Coulon, em nome da Bancada do PMDB, solidarizou-se com o povo
chileno pelo regime militar ditatorial que hoje enfrenta, salientando a
participação da classe estudantil na conscientização e luta da população contra
o quadro opressor que apresenta aquele país. E o Ver. Pedro Ruas, em nome da
Bancada do PDT, atentou para o transcurso, dia onze do corrente, dos quatorze
anos da ditadura militar no Chile. Teceu comentários sobre os motivos que acarretaram
o golpe de mil novecentos e setenta e três, analisando o regime de terror
vivido pelo povo daquele país, com a perseguição, prisão e morte de todos
aqueles que se rebelavam e buscavam manter viva a luta pela liberdade. Destacou
a necessidade da união de todos os segmentos socialistas de uma Nação para a
eleição e manutenção no poder de um governo verdadeiramente popular. A seguir,
constatada a existência de “quorum”, foi iniciada a ORDEM DO DIA. Após, foi
aprovado Requerimento do Ver. Caio Lustosa, solicitando Licença para Tratamento
de Interesses Particulares no período de nove a vinte e dois do corrente. Em
continuidade, o Sr. Presidente declarou empossado na Vereança o Suplente
Marcinho Medeiros e, informando que S. Exa. já prestara compromisso legal nesta
Legislatura, ficando dispensado de fazê-lo, comunicou-lhe que passaria a
integrar a Comissão de Justiça e Redação. A seguir, foi aprovado Requerimento
oral do Ver. Hermes Dutra, solicitando alteração na ordem de votação dos
projetos, quanto ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 05/87 e o
Projeto de Lei do Executivo nº 47/87. Em Discussão Geral e Votação, Urgência,
foram aprovados o Projeto de Lei do Executivo nº 47/87 e o Projeto de Resolução
nº 15/87. Em Discussão Geral e Votação foi aprovado o Projeto de Lei do
Executivo nº 48/87, por vinte e oito votos sim, após ter sido discutido pelo
Ver. Mano José, encaminhado à votação pelos Vereadores Cleom Guatimozim,
Ignácio Neis, Antonio Hohlfeldt, Jussara Cony e Gladis Mantelli e ter sido submetido
à votação nominal a Requerimento oral, aprovado, do Ver. Clóvis Brum. Em
Discussão Geral e Votação foi aprovado o Projeto de Lei do Legislativo nº
86/86, por vinte e dois votos SIM contra um voto NÃO e a Emenda a ele aposta,
tendo sido, na ocasião, rejeitado o Substitutivo a ele aposto, por quatro votos
SIM contra dezenove votos NÃO. O Projeto de Lei do Legislativo nº 86/86 e o
Substitutivo e Emenda a ele apostos foram discutidos pelos Vereadores Marcinho
Medeiros, Clóvis Brum, Brochado da Rocha e Hermes Dutra e encaminhados à
votação pelos Vereadores Isaac Ainhorn, Rafael Santos e Marcinho Medeiros,
tendo sido, Projeto e Substitutivo, submetidos à votação nominal a Requerimento
oral, aprovado, do Ver. Marcinho Medeiros. Em Renovação de Votação foi aprovado
o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 05/87, por vinte votos SIM
contra nove votos NÃO, tendo sido submetido à votação nominal a Requerimento
oral, aprovado, do Ver. Hermes Dutra. Em Discussão Geral e Votação Secreta foi
aprovado o Projeto de Lei do Executivo nº 41/87, por dezenove votos SIM contra
um voto NÃO, tendo sido escrutinadores os Vereadores Raul Casa e Kenny Braga. O
Projeto de Lei do Executivo nº 41/87 foi discutido pelos Vereadores Flávio
Coulon, Werner Becker e Antonio Hohlfeldt e submetido à Votação Secreta a
Requerimento oral, aprovado, do Ver. Cleom Guatimozim. Em Discussão Geral e
Votação esteve o Projeto de Lei do Executivo nº 45/87 que, após ter sido
discutido pelos Vereadores Flávio Coulon, Pedro Ruas, Artur Zanella, Paulo Satte,
Frederico Barbosa, Antonio Hohlfeldt, Bernadete Vidal e Brochado da Rocha e ter
sido encaminhado à votação pelos Vereadores Lauro Hagemann, Hermes Dutra, Cleom
Guatimozim, Frederico Barbosa e Antonio Hohlfeldt, deixou de ser votado em face
do término do prazo regimental da presente Sessão. Na ocasião, o Sr. Secretário
apregoou Emenda do Líder do Ver. Antonio Hohlfeldt ao Projeto de Lei do
Executivo nº 45/87. Durante os trabalhos, o Sr. Presidente respondeu Questões
de Ordem dos Vereadores Antonio Hohlfeldt, Werner Becker, Artur Zanella, acerca
da necessidade e regimentalidade da votação secreta do Projeto de Lei do
Executivo nº 41/87. Também, durante a Ordem do Dia foi efetuada verificação de
“quorum” por solicitação do Ver. Werner Becker, quando o Sr. Presidente
respondeu Questão de Ordem do Ver. Artur Zanella, acerca da validade de pedido
de verificação de “quorum” quando o autor do mesmo ausentar-se da Sessão
enquanto a verificação estiver sendo realizada. Ainda, o Sr. Presidente
respondeu Questões de Ordem dos Vereadores Cleom Guatimozim, Antonio Hohlfeldt,
Ignácio Neis, Kenny Braga e Artur Zanella, acerca da necessidade do Parlamentar
que se encontrar na Tribuna ocupando um tempo de discussão da Ordem do Dia
ater-se ao Projeto que estiver sendo discutido; dos Vereadores Artur Zanella e
Werner Becker, acerca da forma de votação do Projeto de Lei do Executivo nº
45/87; do Ver. Antonio Hohlfeldt, acerca da existência ou não de parecer à
Emenda de sua autoria aposta ao Projeto de Lei do Executivo nº 45/87. Ainda,
durante a Sessão, foram aprovados os seguintes Requerimentos solicitando
dispensa de distribuições em avulsos e interstícios para suas Redações Finais,
considerando-as aprovadas nesta data: do Ver. Cleom Guatimozim, em relação aos
Projetos de Lei do Executivo nºs 47; 48/87; do Ver. Hermes Dutra, em relação ao
Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 05/87; Projeto de Resolução nº
15/87; do Ver. Isaac Ainhorn, em relação ao Projeto de Lei do Legislativo nº
86/86. Ainda foi aprovado Requerimento do Ver. Jaques Machado, solicitando
Licença para Tratamento de Saúde no período de dez a treze do corrente mês. Os
trabalhos foram prorrogados nos termos do “caput” do art. 85 do Regimento
Interno à proposta do Presidente aprovada pela maioria dos Vereadores
presentes. Às vinte horas, esgotado o prazo regimental da presente Sessão, o
Sr. Presidente levantou os trabalhos, convocando os Srs. Vereadores para a
Sessão Extraordinária, a seguir. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores
Brochado da Rocha, Teresinha Irigaray, Luiz Braz, Gladis Mantelli e Frederico
Barbosa e secretariados pelos Vereadores Gladis Mantelli, Frederico Barbosa e
Ignácio Neis, o último como Secretário “ad hoc”. Do que eu, Gladis Mantelli, 1ª
Secretária, determinei fosse lavrada a presente que, após distribuída em
avulsos e aprovada será assinada pelo Sr. Presidente e por mim.
A SRA. PRESIDENTE (Teresinha
Irigaray):
O Grande Expediente desta tarde será em apoio à luta do povo chileno em prol da
reconquista da democracia naquele país, a requerimento do Ver. Lauro Hagemann.
Está com a palavra, o Ver. Lauro Hagemann, em
GRANDE EXPEDIENTE
O SR. LAURO HAGEMANN: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, no dia 11 de setembro completam-se 14 anos que o Presidente
Salvador Allende, do Chile, foi derrubado e violentamente assassinado pelas
forças reacionárias e retrógradas do Chile, sob o comando do General Augusto
Pinochet e por inspiração do imperialismo norte-americano.
Permanecem vivas na memória de todos aqueles que acompanharam os
acontecimentos no Chile, o feroz assalto e posterior bombardeio da Casa de La
Moneda, o Palácio do Governo do Chile. Ainda temos presentes aqueles
acontecimentos violentos que mancharam de sangue a pátria chilena.
Algum tempo antes do golpe militar, o poeta chileno Pablo Neruda
qualificou a situação de sua pátria como a de um “Vietnam silencioso”. Silêncio
que, desde logo, não era o daquele povo que marchava ruidosamente para a meta
que democraticamente havia estabelecido, senão o de seus inimigos que,
cautelosamente, em surdina, preparavam o golpe decisivo. Este veio, como bem o
sabemos, no dia 11 de setembro de 1973, carregado de toda a fúria fascista. De
imediato, outro silêncio se impôs: o da morte, dos campos de concentração e o
terror generalizado, como forma de governo.
Para a burguesia e seus órgãos de informação, foi simplesmente o fim
sangrento de um sonho marxista que, ao mesmo tempo, representava a interrupção,
ainda que temporária, de grandes pesadelos da burguesia, principalmente, do
grande capital monopólico internacional, que estava a sofrer profundas perdas
em função da política da Unidade Popular, de defesa dos interesses nacionais e
do povo. É claro que a burguesia cantou e vibrou com a derrota da Unidade
Popular e com o fim do Governo de Salvador Allende, e o fez com a vã esperança
de deter o processo da história. Entretanto, como assinalou o próprio
Presidente Allende, em mensagem dirigida ao povo, pouco antes da morte: “Não se
detém os processos sociais pela força. Apenas se retarda no tempo a vitória do
povo, posto que é parte do encaminhamento de suas lutas e estas não podem ser
freadas por tanquetaços”.
Entretanto, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o que está por baixo
destes acontecimentos vertiginosos e de apressadas interpretações, é a realidade
de uma aguda e complexa luta social, que constitui uma das experiências mais
ricas e valiosas da história da América Latina.
O ascenso de Salvador Allende à presidência em 1970 não foi, de modo
algum, o triunfo da contingência sobre a
necessidade, como tampouco seu derrocamento, em 1973, foi a inevitável
revanche da fatalidade sobre o azar. Tanto um fato como o outro correspondem a
conjunturas bem definidas, como suas próprias determinações e correlações de
forças. E no que concerne ao tempo transcorrido entre os dois fatos - tempo que
não por capricho foi de três anos e não de poucos dias ou semanas -, podemos
afirmar que nele se desenvolveu um processo dialético. A agudização da luta de
classes foi modificando o precário “equilíbrio” inicial, e, ao mesmo tempo em
que se incubava a possibilidade de uma transição ao socialismo, surge sua
negação mais imediata e absoluta: o fascismo.
Ambas possibilidades estavam inscritas na realidade chilena e na ordem
do dia, por assim dizê-lo; mas nenhuma delas estava “escrita” de antemão, à
maneira bíblica. Assim como em 1970 houve, provavelmente, erros táticos da
burguesia, no posterior os houve por parte do proletariado e suas organizações
políticas. Mas o balanço não pode ser feito a partir de fórmulas que, desprendidas
de uma análise concreta do processo e das correlações reais de forças, se
convertem em simples afirmações metafísicas; senão mediante uma reflexão serena
e objetiva sobre cada uma das fases e perspectivas desta experiência.
Não iremos, aqui, entretanto, analisar com profundidade o processo
chileno, sua gestação, vida e sufocamento pela via da implantação do fascismo.
Hoje é um dia em que se revive os acontecimentos de 14 anos atrás e que, apesar
dos anos, permanecem vivos em nossa memória e na lembrança de todos os
democratas do mundo. Estamos aqui, hoje e agora, não somente para lembrar e
chorar nossos mortos, vítimas da fúria fascista que se abateu sobre o nosso
continente e que no Chile assumiu um caráter mais feroz e sangrento. Estamos
aqui para dizer que, apesar de todo o massacre havido e do “estado de sítio
permanente” que se instalou no Chile após o golpe de 11 de setembro, o povo
persegue seu objetivo de reconquistar a liberdade e reconduzir a sociedade
chilena no rumo da soberania e do socialismo.
Não obstante a fúria fascista, nunca foi esmorecida a luta e
resistência de todos os chilenos interessados na construção de um país livre e
soberano, principalmente a classe operária chilena, que tem lutado e dado
mostras, ao mundo inteiro, de seu desprendimento em prol de uma sociedade sem
exploradores e explorados.
Não iremos mencionar aqueles que se sacrificaram combatendo o fascismo.
Não haveria tempo e nem condições para tanto. Afinal, é a grande maioria de um
povo que não aceita viver de joelhos e que se rebela contra os algozes
militares que implantaram esta feroz ditadura. Iremos mencionar o testemunho de
um homem, um bravo lutador, que tivemos a felicidade de conhecer no mês de
julho passado, durante a realização do 8º Congresso do Partido Comunista
Brasileiro, em Brasília. Este camarada hoje, por sua própria vontade, regressou
ao Chile para se incorporar à luta de seu povo pela reconquista da democracia.
Luiz Gustavino, membro do Comitê Central do Partido Comunista Chileno, afirmou
naquela oportunidade: “O povo chileno trava enormes e heróicas batalhas de
manhã, tarde e noite, e nós, comunistas, estamos em meio a elas. A repressão se
intensifica. Os estados de emergência e de sítio e o terrorismo de Estado são
inerentes ao regime, como o confirma uma vez mais o assassinato pela ditadura
de outros 12 compatriotas”. Disse ele também que não estava entre nós para
chorar os sofrimentos e as dores do povo chileno, mas sim para proclamar suas
lutas, esperanças, e entregar ao povo brasileiro algumas de suas experiências e
perspectivas, avanços, dificuldades e também defeitos.
Luiz Gustavino deu seu testemunho de que a perspectiva de uma
sublevação nacional protagonizada pelo povo em rebeldia segue sendo a bússola
orientadora de toda a política, política esta composta pelos mais variados
componentes, inclusive o componente militar. É uma linha que busca combinar a
materialização de acordos sociais, unidade de ação e alianças políticas com a
utilização de todas as formas possíveis de luta. As forças que lutam pela
derrubada da ditadura incentivam o exercício do direito do povo defender-se com
todas suas capacidades e reservas contra o terrorismo de Estado.
A preparação política, organizativa, psicológica e militar para
enfrentar as maiores provas, os grandes sacrifícios pela conquista da liberdade
para o povo chileno, é a orientação que baixa diariamente da direção do Partido
a todos os seus militantes. O mais importante é o movimento de massas. Luta-se
pela revolução democrática e antifascista e trata-se de não confundir suas
tarefas com as correspondentes a outras etapas da revolução, o que muitas vezes
constitui complicações para os partidos e movimentos revolucionários.
A Esquerda Unida é uma grande conquista. Recolhe o sentimento vivo de
esquerda que existe no povo chileno. Alimenta novas perspectivas, não só
conjunturais, mas também estratégicas, como opção e alternativa de poder.
Organiza-se com entusiasmo através de todo o país, no seio das massas e
ressurge como um poderoso instrumento de combate ao fascismo. A Esquerda Unida
nasceu para encabeçar agora mesmo grandes mobilizações populares contra a
tirania, pressionando também o centro político para obrigá-lo ao combate
aberto.
Luiz Gustavino regressou ao Chile, e hoje está preso. Regressou como
parte de todo um processo desencadeado a nível mundial, no sentido de isolar,
cada vez mais, o regime chileno. Além disto, tenta chamar a atenção de todo o
mundo sobre a situação chilena, no exato momento em que, naquele país, está se
desenvolvendo a “2ª Conferência Internacional de Congressistas”, convocada
pelas forças que se opõem ao governo do General Pinochet.
Durante esta semana, em todos os recantos do mundo, realizam-se atos de
solidariedade ao povo chileno em seu combate contra a ditadura militar.
Entretanto, gostaríamos de enfatizar que, apesar de importantes, atos como este
têm significado limitado. O fundamental, neste momento, é que todos os
democratas deste País somem esforços no sentido de pressionar o Governo
brasileiro para que rompa relações com o regime de Pinochet. Ao mesmo tempo,
deve-se enviar para as autoridades daquele país, ou a seus representantes, como
embaixada e consulados, mensagens no sentido de preservar a vida de homens e
mulheres que se encontram condenados à morte pelo simples fato de combaterem a
ditadura militar.
Atos concretos, como manifestações públicas, reforçam o isolamento do
governo Pinochet e precipitam a sua queda. Como povo que já viveu sob um regime
fascista, temos a obrigação moral de lutar para que o Chile retorne à democracia
e que seu maravilhoso povo possa reconstituir sua pátria com paz, com liberdade
e com soberania.
Abaixo a ditadura de Pinochet!
Viva o povo chileno!
Viva a democracia! Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Brochado
da Rocha): Com
a palavra, o Ver. Antonio Hohlfeldt, que falará em nome das Bancadas do PT e do
PC do B.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, honra-me muito dirigir-me aos companheiros desta Casa, não apenas
em nome do PT, mas também em nome da companheira Jussara Cony, que se encontra
em seu diretório, no Comitê que prepara o comício do próximo dia 11, em defesa
das eleições diretas neste País.
A lembrança do Ver. Lauro Hagemann me parece extremamente oportuna, até
porque a questão do Chile não é uma questão isolada, já que não se pode
esquecer que, de um lado, muitos foram os companheiros brasileiros que
encontraram, sob o Governo Salvador Allende e sob os companheiros da Unidade
Popular, a possibilidade de um exílio digno quando aqui se efetivou o golpe de
31 de março de 1964. Infelizmente, foi também na experiência do golpe chileno
do dia 11 de setembro que se verificou a primeira experiência concreta de
co-participação da ditadura militar nos golpes subsequentes, quando - e hoje
isso já se encontra absolutamente documentado e publicado em todo o mundo -, no
mínimo, assessores militares brasileiros participaram na orientação das
milícias chilenas que, com a assessoria norte-americana da CIA e do próprio
Departamento de Estado, deram o golpe e garantiram-no a partir de Santiago do
Chile.
É importante nós lembrarmos de que, se houve uma decisão de se
intervir, mesmo sabendo que essa intervenção desenvolveria uma resistência
armada, ao contrário do que ocorrera no Brasil, em 1964, significou também um
certo desespero e uma certa radicalização por parte das forças internacionais,
do capitalismo internacional, e cuja documentação nos permite, inclusive,
identificar com clareza, retomar com absoluta objetividade, os vários passos
simultâneos, paralelos, coincidentes, que ocorreram em relação àquele
acontecimento.
Trago por exemplo, e é bom que nós lembremos o final da fala do
Presidente Salvador Allende, junto às Nações Unidas, no dia 4 de dezembro de
1972, em que dizia claramente: “São os povos sul-americanos, todos os povos ao
sul do Rio Bravo que se levantam para dizer basta à dependência, basta às
pressões, basta à intervenção, e para afirmar o direito soberano de todos os
países em via de desenvolvimento de dispor livremente de suas fontes naturais”.
Não se trata apenas de uma questão jurídica, mas de uma realidade, tornada
consciência e vontade, no caso do Chile e no caso das demais nações
latino-americanas, de 220 milhões de seres humanos, que exigem serem escutados
e respeitados. Esta fala do Presidente Allende, hoje internacionalmente
conhecida e reproduzida em documentos daqueles que acreditam que esta via ainda
deve ser percorrida pelos países do chamado Terceiro Mundo, desenrolaria uma
das tramas mais reacionárias e violentas que teríamos culminando no dia 11 de
setembro. Tive oportunidade, Sra. Presidente e Srs. Vereadores, de, no período
logo após o golpe do Chile em 1973, trabalhando e vivendo no Canadá, ter acesso
a alguma documentação que é relativamente inédita no Brasil, como o livro “Documentos
Secretos da ITT no Chile”. Documentação realizada pelo Partido Socialista do
Canadá e que reproduz, através de cópias xerográficas, adquiridas por processo
judiciário, toda a documentação que envolve o Departamento de Estado Americano,
as mais altas autoridades dos Estados Unidos e, especialmente, a International
Telegraph Telephone, que foi a agência, digamos assim, na prática financiadora
daquelas atividades que resultaram no golpe de 1973. É bom lembrarmos também
que, segundo o noticiário de 1982, portanto, quase dez anos após o fato,
através do livro “O Preço do Poder”, de Kissinger, e na “Casa Branca de Nixon”
do escritor Seymour Hersh, se confirmava outro ato terrível, se considerarmos
de onde partia: o envolvimento e a responsabilidade direta do ex-Presidente
Richard Nixon e a ordem dada à CIA para que, efetivamente, tomasse as
providências quanto ao desaparecimento do Presidente Salvador Allende, não
interessava por que maneiras isto ocorresse. O resultado, vale a pena lembrar,
foi aquele que todos nós vimos, relembrado, eventualmente, em filmes, em
documentários que foram realizados, no momento mesmo da ocorrência dos fatos,
mas que eu me permito relembrar através de um pequeno trecho da jornalista
mexicana Patrícia Bastido Carlos, que foi uma das testemunhas oculares do
acontecimento. Patrícia, que se encontrava no Chile, aguardando a formalização
da sua bolsa, como estudante, e que atuava simultaneamente como jornalista,
cobrindo os acontecimentos do Chile, diz o seguinte, respondendo às perguntas
do seu jornal, no Chile, que vou tentar improvisar uma tradução a partir do
texto origina:
O jornalista: “Quando e como você soube da nova do Golpe de Estado?”
Patrícia: “Às oito horas da manhã do dia 11 de setembro. Escutei, na
rádio, os militares intimarem a ordem a todas as estações de rádio da Unidade
Popular para cessarem as suas locuções. Eu imediatamente fui para o La Moneda.
Encontrei, aí, já um bom número de jornalistas. Em torno do palácio vimos
tanques e soldados. Eles não se decidiram a atirar sobre nós, talvez porque
viram os aparelhos fotográficos. Em seguida, fui testemunha de ataque aéreo
contra o Palácio. Nos haviam colocado num abrigo, numa trincheira, construída
em frente do Palácio. Eu não sabia, exatamente, o que ocorria no seu interior,
mas vi que de uma das suas janelas começava o incêndio. Voltei, então, para a
Universidade. Algumas dezenas de pessoas, entre estudantes e professores,
estavam reunidas na Faculdade. As ordens difundidas através do rádio pelos
militares eram contraditórias. Umas diziam que ficássemos nos lugares onde
estávamos, as outras, que regressássemos às nossas casas. Decidimos não sair da
Universidade”.
O jornalista: “Vocês tinham armas?”
Patrícia: “Nenhuma”.
O jornalista: “O que fizeram vocês?”
Patrícia: “Nós esperamos que a calma voltasse. Passamos a noite na
Universidade. Durante a noite, o prédio foi inteiramente cercado pelos
soldados”.
O jornalista: “Atiraram?”
Patrícia: “Sim”.
O jornalista: “Houve vítimas?”
Patrícia: “Sim. Uma bala fez saltar o crânio de um estudante. Uma jovem
estudante foi ferida no peito. Aparentemente, os soldados tinham fugido com
lunetas, para atirarem a noite. Às sete horas da manhã, vi os soldados se
prepararem para o ataque. Eles estavam dispostos em semicírculo, diante do prédio.
Disse então que era preciso içar a bandeira branca, senão seríamos torturados
ou mortos. Ninguém me acreditava. Meus companheiros disseram que havia uma
comissão especial que se preparava para parlamentar com os soldados. O ataque
começou meia hora mais tarde”.
O resto, nós todos conhecemos. A ditadura de Pinochet e a ditadura de
Stroessner são, talvez, os exemplos mais radicais daquilo que é válido no
pensamento da comunidade financeira internacional para garantir os seus
interesses e as suas conquistas, à base da exploração dos nossos povos. Creio
que no momento em que relembramos, quinze anos depois, o golpe de 1973, é bom
que se diga que se algum motivo se tinha para acreditar que só a revolução
armada consegue, realmente, implantar o socialismo nas nossas nações, o motivo
final nos foi dado, exatamente, por esse episódio, que demonstra que a direita,
o reacionarismo, o secretarismo, jamais permitirão uma passagem para o
socialismo longe da via revolucionária armada, porque eles jamais permitirão uma
passagem tranqüila e em paz do modelo capitalista e explorador para o modelo
socializante, realmente reconhecível, enquanto respeito ao homem, ao ser humano
como um todo, especialmente os trabalhadores. Por isto a lembrança desta data
nos parece importante. Ela tem muito a ver com o nosso País, com a luta e o
combate que estamos travando, inclusive neste momento, para extirpar os
resquícios desta mesma ditadura, que ainda permanece neste País, embora
travestida na Nova República. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Teresinha
Irigaray):
Com a palavra, o Ver. Flávio Coulon.
O SR. FLÁVIO COULON: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, vir a esta tribuna após o Ver. Lauro Hagemann que, pacientemente,
brilhantemente, preparou o discurso, e vir à tribuna depois do Ver Antonio
Hohlfeldt, é uma ingrata e é uma tarefa fácil ao mesmo tempo. Ingrata para quem
tivesse a veleidade de querer superá-los nesta tribuna e fácil porque
praticamente os sentimentos de todos da Casa já foram transmitidos muito bem
por estes dois colegas. Mas seria impossível não vir a esta tribuna o PMDB,
Partido que nasceu, também, na luta contra uma ditadura neste País e que tem
procurado ser fiel a esta luta, com todos os percalços que nós sabemos que
existem. Não seria possível, então, que não trouxéssemos aqui a nossa
solidariedade ao povo do Chile, porque nós, que também vivemos uma ditadura,
mais longa até este momento, e talvez muito menos trágica, seguramente menos
trágica, do que aquela que vivem hoje os nossos irmãos, sabemos muito bem o que
estão vivendo e estão sofrendo naquela pátria irmã, às margens do Pacífico e ao
pé da Cordilheira dos Andes. Eu acrescentaria ao discurso do Ver. Lauro
Hagemann, por uma questão de justiça, que o momento é tão trágico, é tão importante
para a vida do povo chileno que às forças de esquerda se uniu também a Igreja
Católica, pelo menos os seus setores mais avançados. Porque esta ditadura é tão
bárbara, é tão trágica, que até a Igreja se coloca frontalmente contrária, e
nós não poderíamos também deixar de registrar este momento, a invasão brutal
que, mais uma vez, sofre a universidade do Chile, porque as ditaduras não
conseguem conviver com a inteligência, com o idealismo da juventude, idealismo
esse que marca talvez as únicas pessoas absolutamente honestas, que são os
jovens estudantes e idealistas de nossas universidades. E é contra essa classe
pensante, contra esses jovens que no seu entusiasmo juvenil, que nos seus
anseios de liberdade, que sofrendo a dor profunda de se verem agrilhoados a
interesses que não os da sua própria pátria, é que se abate com fúria sempre a
raiva, o ódio das ditaduras. De modo que, sem querer alongar, ao cumprimentar o
Ver. Lauro Hagemann pela feliz iniciativa, eu espero que esta corrente de
pensamento positivo e favorável aos nossos irmãos chilenos se espalhe por toda
a América Latina, se espalhe por todo este mundo, e faça com que sejam
abreviados os momentos de terror que vive aquela nação amiga sob o jugo do Gen.
Pinochet que, diga-se de passagem, já foi recebido neste País com todas as
honras e que, diga-se de passagem,
representa um tipo de ditadura declarada e acintosa, ao contrário, Ver. Lauro
Hagemann, do tipo de ditadura que agora começamos nós a viver na América
Latina, que é aquela ditadura mefistofélica, aquela que se entranha na base do
dinheiro e na compra de votos em Assembléias Nacionais Constituintes, ditadura
essa muito mais difusa, mas não menos catastrófica e não menos poderosa do que
esta baseada na espada e nos canhões do Gen. Augusto Pinochet. De modo que
momentos como este precisam ser rememorados, com muito mais reconhecimento,
para que consigamos criar a consciência de que a luta tem de continuar, no
sentido de que a Nação brasileira busque seu modelo econômico, social, e que pense
muito mais nesses milhões e milhões de famintos brasileiros relegados à sua
própria sorte do que nos interesses que não estão dentro do nosso País, pelo
contrário, estão longe dele. Esta é a palavra do PMDB, uma palavra de fé e
esperança no futuro democrático da nação chilena. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: O Ver. Pedro Ruas tem a
palavra pelo PDT.
O SR. PEDRO RUAS: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, a pedido do Ver. Lauro Hagemann se realiza, em lugar do Grande
Expediente, uma lembrança, um marco, uma homenagem ao povo chileno, que
completa no dia de hoje 14 anos de vida sob o jugo da ditadura militar, apoiada
pelo imperialismo ianque e, infelizmente, por alguns segmentos da sociedade
chilena, que patrocinaram, a seu modo, o golpe militar, com apoio
internacional, em 1973. Enquanto falavam os Vereadores Lauro Hagemann, Antonio
Hohlfeldt e Flávio Coulon, conversamos com alguns colegas desta Casa, em
especial o Ver. Kenny Braga, e fui lembrado de que nos dias imediatamente posteriores
ao golpe militar de 11 de setembro de 1973, o Rio Mapocho, que corta Santiago
do Chile, que corta a capital daquele país irmão, mostrava diariamente
cadáveres de trabalhadores e outros chilenos engajados na luta contra o golpe
nacional, internacional. Nos dias que se seguiram à derrubada de Salvador
Allende, o Chile viveu momentos de terror inesquecíveis, momentos de terror que
marcam para sempre a história daquele país, momentos de terror que são, para
todos nós, latino-americanos, um aviso, uma forma de aprendizado sobre os
malefícios, sobre a verdadeira tragédia social que é causada por golpes das
forças reacionárias aliadas, sempre, com o interesse internacional e contra o
povo trabalhador do Terceiro Mundo.
O caso, Sra. Presidente e Srs. Vereadores, Ver. Lauro Hagemann,
proponente desta homenagem, o caso específico da ditadura chilena é para nós
todos um dos marcos mais tristes da América Latina, e isso abrange não só os
aspectos sociais e políticos das conseqüências daquele golpe, que perduram por
dias afora, que perduram ainda no presente, mas também em vários outros campos,
como, por exemplo, o cultural e o intelectual, como a perseguição de Neruda
mesmo depois de morto, quando foram proibidas quaisquer homenagens ao poeta
maior da América Latina; quando foram decepadas as mãos de Vitor Jara, cantor e
compositor chileno que morreu em função disso; quando foi calada a voz dos
artistas cantores e compositores da família Parra. Quando Salvador Allende, em
1970, subiu ao poder através do voto popular, houve um marco na História do
socialismo internacional, pela chegada de um governo socialista, pela primeira
vez, ao poder pelo voto direto e popular. Este marco, Srs. Vereadores, foi
insuportável para o capitalismo internacional, para a burguesia nacional do
Chile, aliada com este mesmo interesse internacional; este marco, motivo de
regozijo para todos nós, e até hoje uma lição de democracia, a de que o
socialismo pôde ser alcançado pelo voto, não pôde ser mantido, entretanto, por
mais de três anos no Chile. Como bem enfatizou o Ver. Antonio Hohlfeldt, a
Haikiki promoveu, junto à burguesia nacional do Chile e junto com o segmento
das Forças Armadas, do Chile e dos Estados Unidos, além do golpe, a mais
sangrenta perseguição de um povo que já se teve notícia na América Latina. São
14 anos, Srs. Vereadores, de perseguição, de tortura, de morte, de prisões, de
exílios, de sofrimento de um povo irmão. Como disse o Ver. Lauro Hagemann, não
é muito o que podemos fazer, nesta Sessão, pelos chilenos, porém a marca que
fica desta Sessão é o reconhecimento de pessoas que não moram no Chile, e
muitas delas jamais estiveram no Chile, mas que reconhecem o sofrimento, a luta
e a esperança de um povo que sofre por quatorze anos, de um povo que tem seus
líderes presos, exilados e mortos, de
um povo que tem ainda hoje perseguições brutais, estados de sítio constantes,
imprensa calada, povo perseguido. O nosso reconhecimento, Ver. Lauro Hagemann,
através da manifestação dos Partidos nesta tribuna, é de que o Chile continua a
nos ensinar: nos ensinou como o socialismo chega ao poder através do voto
popular e nos ensina agora como deve se organizar um povo para não permitir que
esta chegada ao poder seja sempre efêmera, sistematicamente efêmera, na medida
em que não há uma organização que sustente o socialismo no poder por mais de
alguns anos. Para nós, o Chile continua a ensinar; ensinou como se chega ao
poder, ensinou como se perde este poder e como não se deve fazer para perder. A
Unidade Popular não teve organização suficiente para manter Salvador Allende à
testa do Palácio de La Moneda. Essa organização popular certamente hoje sabe
mais, como todos nós sabemos mais, a respeito da importância da unidade dos
segmentos progressistas de uma sociedade, a respeito da importância de uma
organização popular para manter governos socialistas no poder, mesmo nós que já
tínhamos a experiência do golpe de 1964 em nosso País, quando foi tirado o
poder de João Goulart, quando brasileiros também foram presos, exilados, mortos
e torturados, mesmo nós aprendemos muito com a história chilena, com a recente
história chilena, e ficamos todos nós na expectativa de que um dia o povo
chileno volte à democracia, de que um dia se organizem novamente as forças
progressistas daquele vizinho país e que conduzam novamente um socialista ao
poder, e que desta vez a organização popular, fundada nas duras lições do
sofrimento da ditadura militar, consiga manter viva a chama de uma conquista
popular que sistematicamente, nos povos do Terceiro Mundo, é apagada em função
de interesses econômicos internacionais. A lição do povo chileno é a nossa
lição também. Quando nos aproximamos agora de um momento de escolha de um
governo legitimamente eleito pelo nosso povo, há que se ter em mente que a
união dos segmentos progressistas da sociedade é indispensável não só para a
eleição de um governo popular, mas, acima de tudo, para a manutenção deste
governo com a nossa união e com a nossa força, sob pena de se ter, como ensina
a história recente, como ensina a história do Brasil, do Chile, do Uruguai, da
Argentina e de tantos outros países, sob pena de ter sempre esse governo
deposto e as lideranças perseguidas.
Eu encerro, Sra. Presidente e Srs. Vereadores, agradecendo a
oportunidade de falar em nome do meu Partido, o PDT, elogiando a iniciativa do
Ver. Lauro Hagemann e deixando, em nosso nome pessoal e em nome de nossa
Bancada, o registro de que o povo chileno continua a sofrer; seu sofrimento,
porém, não é em vão, na medida em que aprendemos com ele. Somos solidários com o
povo chileno e, acima de tudo, temos a mesma esperança, a mesma expectativa de
que dias melhores virão para aquele povo que merece. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. FLÁVIO COULON (Questão
de Ordem): Sra.
Presidente, como é do conhecimento público, o PMDB está de luto, hoje, com a
morte do Senador Marcos Freire e outros companheiros, tragicamente mortos num
acidente de avião, quando, em serviço da Pátria brasileira, viajavam pelo
Estado do Pará. Tendo em vista o volume da pauta existente, tendo em vista que
existem projetos que necessitam o andamento desta Casa, e até em honra à
memória do Senador Marcos Freire, que era um batalhador, um trabalhador, a
Bancada do PMDB registra o acontecimento e não solicita, como seria de praxe,
qualquer suspensão da Sessão. Muito obrigado.
A SRA. PRESIDENTE: A Mesa aceita o pedido de
V. Exa., e, constatando a existência do quórum, dá por iniciada a
ORDEM DO DIA
A SRA. PRESIDENTE: Requerimento de autoria do
Ver. Caio Lustosa, solicitando Licença para Tratar de Interesses Particulares
no período de 09 a 22.9.1987.
(Obs.: Foi aprovado Requerimento de autoria do Ver. Caio Lustosa e dada
posse ao Suplente, conforme consta da Ata.)
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO -
URGÊNCIA
PROC. 1606 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 047/87, que autoriza o Departamento
Municipal de Água e Esgotos a firmar contrato com a Caixa Econômica Federal e
dá outras providências.
Parecer Conjunto:
- das CJR, CUTHAB, COSMAM e CFO.
Relator-Geral, Ver. Hermes Dutra: pela aprovação.
A SRA. PRESIDENTE: Em discussão. (Pausa.) Em
votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam o PLE nº 047/87 permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
PROC. 1338 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 015/87, do Ver. Hermes Dutra, que
concede o prêmio artístico “Lupicínio Rodrigues” ao conjunto musical “Os
Araganos”.
Parecer Conjunto:
- da CJR e CEC. Relator-Geral, Ver. Mano José:
pela aprovação.
A SRA. PRESIDENTE: Em discussão. (Pausa.) Em
votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam o PR nº 015/87 permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
PROC. 1712 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 048/87, que autoriza a adoção de
imóvel que desafeta a destinação original para construção de escola.
Pareceres:
- da CJR.
Relator, Ver. Caio Lustosa: pela aprovação; e
- da CEC. Relatora, Verª Gladis Mantelli:
pela aprovação.
(Obs.:
Incluído na Ordem do Dia por força do art. 44 da LOM.)
A SRA. PRESIDENTE: Em discussão o PLE nº
048/87. (Pausa.) Está com a palavra, para discutir, o Ver. Mano José.
O SR. MANO JOSÉ: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, é com muita satisfação que vamos hoje dar o nosso voto favorável ao
Projeto de Lei 048/87, oriundo do Poder Executivo.
Acho que, com este Projeto, pelo menos por algum tempo, soluciona em
definitivo o problema dos estudantes que se abrigam na Casa 7 da JUC. Quando
estávamos na Secretaria Municipal de Educação e Cultura, houve um despejo dos
estudantes da última Casa da JUC, que, até então, estava situada na Rua da
República, e eles ficaram realmente sem ter para onde ir naquela oportunidade e
foram ter conosco na SMEC. Depois de tratarmos, em algumas oportunidades em que
nos visitaram, propusemos ao Prefeito de construirmos um prédio na Vila
Intercap, com algumas adaptações, e entregar então para a JUC, Casa 7, e que
mais tarde serviria para escola. E assim foi feito. Naquela ocasião, entregamos
à JUC, Casa 7, e tivemos o prazer de receber, também, alguns Vereadores, que
estavam lá na entrega da Casa aos estudantes. Agora que eles conseguiram uma
verba no Ministério de Educação e Cultura, nada mais justo que o Prefeito tomar
uma área, que é pequena, que não atende as dimensões para construção de uma
escola, e entregar para esta plêiade de estudantes, que, vindos do interior,
não têm onde morar. Estudantes, naturalmente, que apresentam algumas
dificuldades. E nós, que somos morador, ou que fomos morador do Estudante
Aparício Cora de Almeida, na Rua Riachuelo, sabemos o que representa uma Casa
de Estudante para aqueles que vêm do interior e não têm onde morar. E não têm
recursos, evidentemente, para alugar um apartamento. E não têm recursos para
morar numa pensão, morar num hotel. Então, avaliamos a sua situação, pois somos
oriundos de uma Casa de Estudantes. E nos congratulamos com a compreensão do
Sr. Prefeito, de mandar a esta Casa um Projeto de Lei doando a eles esta área,
para que possam ter a sua Casa do Estudante. De nossa parte, queremos
cumprimentar a direção da Casa do Estudante, da JUC, Casa 7, a todos os seus
moradores, em nome da Bancada do PDS e dizer que o PDS não lhes faltou na
oportunidade, na hora em que mais precisavam. E por certo esperamos que os
outros Partidos, que as outras Administrações, como a atual do Prefeito Alceu
Collares, não faltem o apoio para que vocês tenham, realmente, uma Casa onde
possam morar, onde possam se alimentar, e onde possam concluir o seu curso
universitário.
Damos os parabéns, os parabéns ao Prefeito, e espero que esta Casa, por
unanimidade, vote este Projeto, concedendo este benefício a todos os estudantes
que moram na JUC, Casa 7, e para aqueles que virão a morar para o futuro, pois
esta casa será realmente uma casa permanente à disposição dos estudantes que
vêm do interior e que precisam de um lugar para morar, para se abrigar, para
continuar seus estudos.
Portanto, em nome do meu Partido, faço um apelo aos Srs. Vereadores
para que votem este Projeto, para que demos com a máxima urgência este pedaço
de chão para que os estudantes tenham a sua Casa e para que a Juventude
Universitária Católica, JUC, Casa 7, não desapareça do mapa, porque eu
aniversario no dia sete, tenho uma predileção pelo número sete e é por isso que
eu acho que vocês vão muito bem com a casa número sete. Parabéns. Muito
obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Não havendo quem queira
discutir, para encaminhar, com a palavra, o Ver. Cleom Guatimozim, pelo PDT.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, recomendou, ainda hoje, o Prefeito Alceu Collares, que a Bancada do
PDT desse a maior atenção e fizesse aquele apelo que o Ver. Mano José fez ainda
há pouco ao Plenário da Casa, que desse o apoio total a este Projeto para que
ele pudesse tramitar o mais depressa possível.
A nossa vinda à tribuna é para comunicar que assinamos ainda há pouco a
dispensa de tramitação, da publicação e do interstício deste Projeto, para que
possa ser sancionado pelo Sr. Prefeito Municipal o mais depressa possível.
Todos aqueles que passaram pelos bancos escolares com bastante dificuldade,
todos aqueles que enfrentaram essas disposições, todas elas armadas nas
dificuldades do ensino brasileiro, praticamente com empecilho, e para que
aqueles que, efetivamente, necessitam, possam chegar aos bancos universitários,
esses tem necessidade de compreender e de entender a necessidade que tem o
Poder Público de dar uma proteção àqueles que constituirão o Brasil de amanhã,
àqueles que dirigirão os destinos da Nação, cada um dentro do seu setor de
atividades ou exercendo aqueles cargos que dão atribuições de dirigir destinos
de inúmeras pessoas.
Nós do PDT, toda a Bancada, votaremos com a urgência deste Projeto e
temos certeza que, com os Requerimentos que serão aprovados, logo após este
Projeto, no máximo dentro de dez dias terão os estudantes, já em mãos, aquilo
que necessitam para continuarem seus estudos. Deixamos de fazer o apelo que fez
o Ver. Mano José, porque, conhecendo a representação da Casa de todos os
Partidos políticos, não há nenhuma dúvida quanto à aprovação deste Projeto.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Ignácio Neis.
O SR. IGNÁCIO NEIS: Sra. Presidente, Srs.
Vereadores e estudantes presentes, em 1969 eu lecionava no Colégio Ipiranga em
Três Passos. Havia terminado o terceiro ano colegial e estava apreensivo porque
queria fazer Medicina em Porto Alegre. Já procurava pistolão em Porto Alegre
por todos os meios, desesperadamente, para conseguir entrar na Casa do
Estudante Universitário Aparício Cora Almeida, na Riachuelo. Depois disto,
passei na Universidade Católica de Medicina, fiz três anos e justamente
consegui fazê-los e cursei Direito na Unisinos, graças a existir a Casa do
Estudante, a CEUACA, da Riachuelo. Para muitos estudantes do Rio Grande do Sul,
esta casa significa sinônimo de condição “sine qua non” para poder continuar
seus estudos, poder atingir sua meta de realização. Sem esta casa do estudante,
por exemplo, eu não teria conseguido fazer Direito, não teria cursado três anos
de Medicina, não seria professor, não seria advogado, não seria Vereador e,
provavelmente, estaria ainda no interior, fazendo outras coisas que não queria
fazer, o que na época não era o meu sonho. Então, nós votarmos a favor deste
Projeto significa votar a favor do sonho do jovem brasileiro, a favor do sonho
do estudante, dando condições a que todos os jovens que, eventualmente,
necessitem dessa casa do estudante, possam ter uma perspectiva de realização. O
Partido da Frente Liberal, já há muito tempo, discutindo este Projeto, havia
decidido votar favoravelmente pelo Projeto e estamos com os nossos votos
presentes para garantir a aprovação. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Para encaminhar, pelo PT, o
Ver. Antonio Hohlfeldt.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, não quero falar, aqui, da eventual participação nossa na defesa
deste Projeto, pois o simples fato de nós sermos integrantes e representantes
do Partido dos Trabalhadores diz tudo do nosso compromisso em relação a este
tipo de reivindicação. E ninguém melhor que a Verª Gladis Mantelli poderá
relembrar a luta de vocês durante todo esse período, a qual, eventualmente, nós
acompanhamos em certos momentos.
Mas eu queria, sobretudo, tocar numa questão que me parece básica neste
momento: é uma reflexão em torno do sentido da importância política das Casas
de Estudantes. É bom que nós lembremos que, em torno dos anos 30, 40, as Casas
de Estudantes espalhavam-se por todo este País. Em 40, por exemplo, as Casas de
Estudantes estavam tão bem organizadas, tendo inclusive na sua organização a
iniciativa do hoje já falecido Embaixador Pascoal Carlos Magno, que se
constituiu num dos centros culturais mais importantes deste País. É bom que se
lembre que tinha uma editora, é bom que se lembre que tinha um clube de
cineclube, que havia grupos de teatros, que se faziam promoções de norte a sul
deste País, através da Organização Nacional das Casas de Estudantes. O que
ocorreu depois do golpe de 64 foi um corolário, óbvio, da ditadura. Não
interessava, em hipótese alguma, se manter Casas de Estudantes neste País. Há
inclusive uma história muito recente, da qual eu tomei conhecimento há dois
anos atrás, em relação à construção do campus Universitário da Fundação
Universidade do Rio Grande do Sul, onde técnicos remanescentes da ditadura,
presentes na FURGS e no MEC, orientaram a Reitoria da Universidade no sentido
de que não mantivesse no Projeto original o espaço da Casa do Estudante, que
ficava dentro do Campus. De preferência, já que tinha que mantê-la, que a
colocassem fora do Campus, pois, afinal, os estudantes fazem muito barulho -
naturalmente estudando - e que, portanto, eram muito perigosos e isto ia
atrapalhar muito o movimento da Universidade. Ora, prezados estudantes e
prezados companheiros, acho que este momento, mais do que os encaminhamentos
que vamos votar a favor, pois acho que ninguém aqui terá coragem de
afrontá-los, é, exatamente, de refletirmos de que esse processo que hoje chega
a um desenlace, através de um primeiro momento em que se recupera um espaço
para os estudantes. Isso através de uma decisão do Prefeito Alceu Collares, com
o qual quero me parabenizar, pois é a sensibilidade de um Prefeito que tem um
compromisso socialista e que, pelo menos neste momento, o cumpre. Mas acho que
essa luta não deve se esgotar aqui, nem da parte de vocês, nem da nossa. Já
tivemos, em Porto Alegre, mais de vinte Casas de Estudante, e no momento em que
conseguirmos aprovar este Projeto, não é o fim de uma luta, mas o início desta,
para chegarmos às outras dezenove. É fundamental, por exemplo, que a sede da
CEUACA, na Riachuelo, seja recuperada. É importante que a autonomia da Casa do
Estudante hoje localizada no prédio da Universidade Federal, na Av. João
Pessoa, amplie a sua autonomia e as suas vagas. É fundamental que outras Casas
de Estudantes se multipliquem nesta Cidade.
E, se não há sensibilidade maior em outros setores, tomara que se
continue tendo um mínimo de sensibilidade, inclusive através desta Câmara de
Vereadores. É importante que se diga que o espaço da Casa do Estudante é o
espaço eminente político, não-partidário, no sentido da discussão dos
interesses dos estudantes, que são, fundamentalmente, os interesses da
comunidade brasileira. Não basta apenas falarmos nas universidades, na
massificação da educação a nível universitário, do 3º Grau. É importante que,
de concreto, possibilitemos os espaços para que os estudantes do interior, já
que pagam o ônus da necessidade de deslocamento, quando deveriam ter a
possibilidade de estudar nas suas próprias cidades, nas suas próprias regiões,
possam, ao menos, ter minorada essa situação, através dos seus espaços
específicos. Mas, sobretudo, senhores estudantes e Srs. Vereadores, eu queria
destacar que, no convívio dos companheiros da JUC, da Casa 7, nós reencontramos
uma coisa muito bonita: a crença fundamental de que, ao contrário do que se
diz, os jovens sabem se auto-organizar, se autogovernar e se autogerir, talvez
muito melhor do que muito adulto que anda por aí, querendo ditar regras para os
estudantes. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra, a Verª
Jussara Cony.
A SRA. JUSSARA CONY: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, prezados estudantes, falamos não só em nome do nosso Partido, o
Partido Comunista do Brasil, mas também, e com muita honra, em nome do Ver. Werner Becker, do PSB. É com satisfação que poderemos, hoje, dar um voto a um Projeto, fruto,
no nosso entender, da luta dos estudantes por um direito que é seu e que
sensibilizou a atual Administração do Prefeito Alceu Collares, podendo exercer
uma das poucas prerrogativas que ainda temos como Poder Legislativo Municipal,
já que a maioria foi retirada no período de exceção do regime militar.
Queremos retomar aqui e relembrar, dizendo da nossa satisfação de ver
este Projeto aprovado hoje, exatamente porque ele foi uma das primeiras lutas
que assumimos no início do atual mandato que temos nesta Casa. Isso juntamente
com outros Vereadores - e eu retomo aqui a presença, nesta luta, desde o
início, do Ver. Antonio Hohlfeldt, do Ver. Lauro Hagemann, e a destacada
presença da Verª Gladis Mantelli, Presidente da Comissão de Educação e que, no
nosso entender, foi uma das Vereadoras que, através da própria Comissão,
realmente, ao assumir o Projeto, fez com que nesse processo todo, junto com os
estudantes, houvesse a concretização, não de um sonho, mas de um direito dos
estudantes. Porque a educação, assim como a saúde, e todas as outras questões
que a população brasileira tem direito, nós temos que entender que não é uma
dádiva de ninguém, mas um direito de todos e que deve se constituir em um dever
do Estado. Exatamente num momento em que no processo da Assembléia Nacional
Constituinte as forças democráticas e progressistas lutam para conseguir esta
máxima e este princípio de que a educação é um direito de todos e um dever do
Estado. Elas se contrapõem ao “lobby” empresarial, da indústria do ensino,
assim como da indústria da saúde, que hoje na Assembléia Nacional Constituinte
tentam entravar o processo de democratização, de liberdade e de direito de
cidadania do nosso País, que é uma conquista fundamental para todo o povo
brasileiro, que é o direito do ensino público e gratuito em todos os níveis.
Então, a luta dos estudantes, que se concretiza neste Projeto, é o fruto da
organização e elevada compreensão de que através da luta é que vamos conquistar,
via processo legislativo. Com a aprovação do Projeto é que se vai conquistar os
direitos fundamentais de cidadania. Estão de parabéns os estudantes da Casa 7,
não apenas os que estão aqui, mas também os da diretoria anterior, com as quais
tivemos a satisfação e a honra de conviver, que deram continuidade a um
processo que há muito tempo vem se arrastando, e vai-se arrastar ainda por
muito tempo, numa sociedade em que a saúde, educação, direitos inalienáveis,
aqueles fatores da própria segurança de uma nação, não são entendidos como um
bem social, mas sim como um bem comercial. Colocadas estas questões, nós
resgatamos aqui a luta, inclusive, de colegas Vereadores. Queremos dizer que
fruto desta luta surge este Projeto que poderemos aprovar hoje, aqui, de
iniciativa do Sr. Prefeito, e que tem, nesse sentido, o nosso apoio. O Ver.
Antonio Hohlfeldt levantou uma questão fundamental: a importância política da
Casa do Estudante. Todos passamos, de uma maneira ou outra, num processo em que
o desbaratamento das organizações, das instituições democráticas em todo o seu
sentido foi fundamental àqueles que detinham o poder no sentido inclusive da
manutenção de uma ideologia dominante. Quando se coloca a importância de uma
Casa do Estudante sob o ponto de vista político, é necessário também que, num
momento como este, elevemos nossa compreensão exatamente no sentido de que
através de um processo de organização e da luta é que vamos poder avançar para
o vencimento do autoritarismo ainda vigente em nosso País. Essas questões não
estão deslocadas do contexto quando nesta Casa teremos oportunidade de aprovar
um projeto justo pelo seu mérito e justo, repito mais uma vez, porque sou
testemunha, da luta dos estudantes. Nesse sentido daremos nosso voto e também
falamos não apenas em nosso nome, mas, com muita honra, em nome do Ver. Werner
Becker. A luta não termina apenas na aprovação de um projeto, é importante que
os estudantes brasileiros entendam o seu papel fundamental no processo em curso
de uma conquista de uma democracia, de uma liberdade, dos direitos dos
cidadãos, difícil de conquistar, a prevalecer o hoje acontece nesta Nação e que
hoje se passa no próprio processo da Assembléia Nacional Constituinte. Isto
também é luta para o estudante brasileiro. Muito obrigada. (Palmas.)
(Não revisto pela oradora.)
A SRA. PRESIDENTE: Verª Gladis Mantelli, pelo
PMDB.
A SRA. GLADIS MANTELLI: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, estamos chegando ao final de mais um jornada, uma campanha iniciada
em 1983, quando éramos Presidente da Comissão de Educação e o Ver. Mano José
Secretário Municipal de Educação. Na oportunidade, conseguimos nós sensibilizar
o Ver. Mano José e o mesmo nos fez uma casa, como já teve oportunidade de aqui
colocar. Posteriormente começamos outras atividades onde estivemos participando
juntos, inclusive o hábito dos nossos almoços na casa, quando a casa
aniversaria. Isso precisa ser resgatado no dia de hoje. Quando no início do ano
novamente fomos procuradas pelo pessoal da Casa da Juventude Universitária Católica,
encontramos o quê? Um problema, um impasse. Tínhamos um recurso, ou melhor, a
casa tinha um recurso do Ministério da Educação e Cultura, mas para que este
recurso pudesse ser utilizado, a Casa da Juventude Universitária precisava
estar num local próprio. Como resolver este impasse? Pensamos, matutamos em
conjunto, o Ver. Antonio Hohlfeldt participou desta discussão e fomos afinal
com uma proposta concreta à Secretária de Educação, Profª Neuza Canabarro,
proposta esta que envolvia uma doação de um terreno para a juventude. Doação
com usufruto, ou seja, enquanto a Casa da Juventude Universitária Católica
existisse como entidade, este terreno seria desta juventude. Marchas e
contramarchas, processo aqui e acolá, andando subindo e descendo por burocracias
enormes dentro da Secretaria, e os estudantes atrás deste processo, porque
havia um problema sério: o Ministério estaria recolhendo o recurso destes
estudantes se o mesmo não fosse aplicado até uma determinada data, data esta
que já está vencida há muito tempo e talvez os melhores Pares desta Casa não
saibam. Isso é importante para ressaltar a luta destes jovens, nesta briga com
as estruturas e com o sistema. É uma luta própria de alguém ou de um grupo de
jovens que deseja ter e manter uma das poucas Casas de Juventude Universitária
Católica existentes. São um guardião daquilo que não existe mais e que nós
temos a obrigação de manter. O nosso apoio a esses jovens. Dentro desta
estrutura, também tivemos que fazer contato com o Ministério de Educação e
Cultura, na figura do Prof. Hipérides, que foi sensível à reivindicação dos
nossos estudantes e tem empurrado - numa expressão que se usa -, com a barriga
uma resposta ao Ministério da devolução deste recurso. Ainda na semana passada
um novo contato com o Prof. Hipérides, solicitava ele, apesar de já ter
recebido uma comunicação formal e oficial do Ministério de que não encaminhasse
resposta porque ele comprometia, pessoalmente, que hoje, quarta-feira,
estaríamos votando o Projeto, e fizemos todo o empenho neste sentido, a ponto
de precisarmos usar uma prerrogativa regimental da qual eu não pactuo muito com
ela, que é o artigo 44, para que, efetivamente, pudéssemos votar este Projeto
no dia de hoje. Estou cumprindo o meu compromisso firmado em 1983 com a
Juventude Universitária Católica – JUC, Casa 7. E tenho certeza absoluta que
todas as pessoas que participaram desta luta têm absoluta convicção de que ela
é meritória, é justa e merece a vitória que hoje será consagrada aqui nesta
Casa. Meus parabéns, JUC-7, pela batalha de vocês. Muito obrigada. (Palmas.)
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Brochado
da Rocha):
Em votação.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente, requeiro a
V. Exa. que a votação seja nominal.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa ouve o Requerimento
de V. Exa. A Mesa defere o Requerimento de V. Exa ao Plenário. Se o Plenário
entender que deve ser nominal, votará favoravelmente, e do contrário
manifestará levantando-se. Em votação. (Pausa.) Votação favorável com defecção
do Ver. Antonio Hohlfeldt.
Proceder-se-á à votação nominal.
O SR. PRESIDENTE: Vinte e oito votos SIM. APROVADO o PLE nº 048/87.
(Votaram Sim os Vereadores: Adão Eliseu, Antonio Hohlfeldt, Aranha Filho, Bernadete Vidal, Cleom Guatimozim, Clóvis Brum, Ennio Terra, Frederico Barbosa, Gladis Mantelli, Hermes Dutra, Ignácio Neis, Jaques Machado, Jussara Cony, Lauro Hagemann, Mano José, Paulo Sant’Ana, Paulo Satte, Rafael Santos, Raul Casa, Teresinha Irigaray, Werner Becker, Flávio Coulon, Marcinho Medeiros, Isaac Ainhorn, Getúlio Brizolla, Pedro Ruas, Auro Campani e Kenny Braga.)
O SR. PRESIDENTE: A Mesa pede aos senhores
que assistem à reunião que é da praxe dos Legislativos não haver manifestações.
Nós entendemos, mas sou obrigado a dizer a V. Sas. que a Câmara tem um
Regimento Interno, como tem todos os Parlamentos do mundo. Registro isso,
solicitando que não se manifestem, porque volta e meia os Srs. Vereadores
também são vaiados e tem que haver um norte, um rumo, para nós seguirmos os
nossos trabalhos. Pedimos escusas, mas é mais fácil pedir quando há palmas do
que quando há vaias.
PROC. 2580/86 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº
086/86, do
Ver. Isaac Ainhorn, que denomina Carlos Nobre as futuras instalações do Galpão
Crioulo do Parque da Harmonia. (Com Emenda e Substitutivo.)
Pareceres:
- da CJR. Relator Ver. Cleom Guatimozim,
pela tramitação; e
- da CUTHAB. Relator Ver. Pedro Ruas: pela
aprovação.
Parecer Conjunto à Emenda:
- da CJR e CUTHAB. Relator-Geral, Ver. Pedro Ruas:
pela aprovação.
(Obs.:
Incluído na Ordem do Dia por força do art. 44 da LOM.)
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLL nº
086/86. (Pausa.) Inscreve-se para discutir o Ver. Marcinho Medeiros.
O SR. MARCINHO MEDEIROS: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, a utilização do art. 44 partiu da iniciativa deste Vereador para
que este Projeto ou este Substitutivo fosse aprovado ou reprovado pelo
Plenário, uma vez que estava tramitando...
O SR. PRESIDENTE: Tendo em vista o barulho
existente neste Plenário, peço aos Senhores Vereadores que ocupem suas tribunas
para que o Sr. Vereador possa fazer uso da palavra.
A Mesa só dará a palavra ao Sr. Ver. Marcinho Medeiros após os Srs.
Vereadores terem ocupado seus lugares nas tribunas. Esclareço que o tempo será
acrescido em seu discurso.
O SR. WERNER BECKER (Questão
de Ordem):
V. Exa. coloca um problema, que é um velho problema, de regular desordem com a
ordem, a anarquia com o arbítrio. Entendo sua preocupação, mas “datíssima
venia”, não vejo amparo onde V. Exa. possa obrigar-nos a sentar. Vejo que V.
Exa. se preocupa, inclusive, com o aspecto exterior desta Casa, mas será o
arbítrio a melhor forma de resolver o problema? A pergunta não é nova, já que a
humanidade pergunta isso há mais de dois mil anos.
O SR. PRESIDENTE: Sr. Vereador, a Mesa
entendia que o orador tinha direito ao silêncio como lhe facultava a lei; sem
entrar nas indagações que V. Exa. põe, de
alto teor. A Mesa responde-lhe que apenas tentava, talvez, com a ordem
unida, assegurar a palavra reclamada pelo senhor orador. A Mesa tem, por sua
natureza, funções cogentes, e ela exerceu, pedindo que os Srs. Vereadores
sentassem, porque o trânsito era tal qual um veículo que trafega em hospital,
tanto que estava atrapalhando o senhor orador. A similitude foi esta: objeto do
trânsito e o ruído, sem nenhuma indagação metafísica.
Com a palavra, o Ver. Marcinho Medeiros.
O SR. MARCINHO MEDEIROS: Quero agradecer à atenção
da Mesa e dizer que também é uma questão de respeito com o orador, uma postura,
se não completa, mas pelo menos de uma certa atenção a quem está falando.
O Projeto de Lei, de autoria do Ver. Isaac Ainhorn, propunha
inicialmente a denominação do Galpão Crioulo, do Parque Maurício Sirotsky, para
Carlos Nobre. Na época, alguns devem estar lembrados, tanto na reunião da
Comissão, como após, no Plenário, votamos contra. Depois, o próprio Projeto foi
retirado de votação e apresentamos um Substitutivo mantendo a homenagem a
Carlos Nobre, porém mudando o local dessa homenagem. Justificávamos, porque
Carlos Nobre foi muito mais conhecido perante o público porto-alegrense como um
elemento de palco, de teatro, do meio artístico, do que uma pessoa chegada a
cultivar a cultura e o tradicionalismo rio-grandense. Por isso entendemos isso
e entramos, assinado pelo então Líder da minha Bancada, Ver. Clóvis Brum, com
um Substitutivo mudando o local da homenagem prestada a esse grande humorista,
grande artista que conviveu muito entre nós, por muitos anos, e colocando essa
homenagem no Teatro de Câmara de Porto Alegre, por entender que o artista,
principalmente o artista de palco ligado às artes cênicas, é muito mais
apropriado o local para prestar uma homenagem um teatro do que um galpão de
tradicionalismo, onde cabe prestar homenagens aos tradicionalistas, e na
ocasião citamos o nome de Darci Fagundes para prestar esta homenagem ao
tradicionalista e folclorista que o Rio Grande do Sul teve.
Por isto entramos então, juntamente com o Líder de Bancada, com este
pedido de manter a homenagem, mas mudar o local para ser homenageada a figura
popular de Carlos Nobre.
Por isto que nós, quando retornamos a esta Casa - porque estamos aqui
em ocasiões muito raras, somente quando alguém viaja ou alguém da minha Bancada
adoece é que podemos assumir -, nós então entendemos que o processo estava há
muito tempo parado, praticamente, nas Comissões, e usamos o art. 44 para
acelerar a decisão desta Casa. E também o próprio Ver. Isaac Ainhorn e esta
Casa prestar a homenagem a esta figura popular que foi Carlos Nobre. E prestar,
também, uma satisfação à comunidade que deve homenagear as pessoas que se
destacam dentro dela.
Por isso apresentamos o Substitutivo e pedimos aos companheiros que
aprovem, por ser o local mais apropriado para homenagear Carlos Nobre um teatro
do que um galpão crioulo, pois ele não era chegado e não ficou conhecido na
sociedade porto-alegrense como um nativista, um tradicionalista, mas muito mais
como um artista de palco, das artes cênicas, da arte do teatro. Era o que eu
queria dizer aos senhores. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Clóvis
Brum.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, o Ver. Isaac Ainhorn apresentou um Projeto denominando o atual
Galpão Crioulo, do Parque Maurício Sirotsky, em Galpão Crioulo Carlos Nobre. Na
oportunidade, por ocasião da tramitação da Pauta, o Ver. Marcinho Medeiros
solicitou que apresentássemos um Substitutivo, uma Emenda de Líder, denominando
o atual Teatro de Câmara de Porto Alegre de Carlos Nobre e, dizia o Vereador,
que a Casa do Artista, do gênero de Carlos Nobre, seria mais indicado o Teatro
de Câmara. E até enfatizava, na oportunidade, o desejo de apresentar, aqui na
Casa, o Ver Marcinho Medeiros, um projeto denominando o Galpão Crioulo em
Galpão Crioulo Darci Fagundes, com isso estaria denominando esses dois locais
com artista, com pessoas que conviveram mais de perto em suas respectivas
áreas.
Negar que Galpão Crioulo Darci Fagundes ficaria mais adequado a essa
homenagem e afirmar-se que o Teatro de Câmara de Porto Alegre ao denominar-se
Carlos Nobre seria menos dignificante, eu não concordo. Acho que o Vereador
andou certo, tentamos conversar com o Ver. Isaac Ainhorn, autor do Projeto, no
sentido de se encontrar uma solução. Não se encontrou a solução e veio-se para
a votação. Eu acho que Carlos Nobre nunca foi tradicionalista. Tem aqui o Ver. Getúlio
Brizolla, ligado ao tradicionalismo, que sabe disto. Já Darci Fagundes foi
tradicionalista.
O Sr. Paulo Sant’Ana: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Não querendo discordar de V. Exa, apenas querendo
trazer, talvez, luz ao debate. Um galpão crioulo não quer dizer que seja um
lugar para tradicionalistas. É um lugar para a população em geral.
Tradicionalismo é um padrão gauchesco, é um símbolo da nossa terra. Então eu
não vejo nexo na afirmação de que se deva colocar como nome de um galpão
crioulo alguém que tenha sido tradicionalista. Acho que basta ser gaúcho, basta
ser uma pessoa que goste ou tenha gostado do Rio Grande do Sul, para ver o seu
nome colocado num galpão crioulo que será freqüentado não só por
tradicionalistas, mas por pessoas que, na sua maioria, não são
tradicionalistas.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sou grato a V. Exa. Acho
que o aparte do Ver. Paulo Sant’Ana é oportuno; no entanto, o que se está
denominando não é o tipo das pessoas, nem está se denominando o tipo de
clientela que freqüenta. Então está se denominando, não é o tipo de pessoas que
freqüentam um galpão crioulo, mas se está denominando aquele prédio, com suas
características. Não se está dizendo que só vai no galpão quem é
tradicionalista. Se está denominando as características daquele prédio, que é
um galpão crioulo, um galpão tradicionalista. É um galpão que reflete da alma
daquelas pessoas que se dedicaram ao tradicionalismo. Da mesma sorte que seria
impensado da nossa parte denominar o Teatro de Câmara, por exemplo, Darci
Fagundes. Quando a vida artística de Darci Fagundes foi voltada para as coisas
do tradicionalismo.
Eu cumpro com o meu dever, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, de
justificar meu voto, até porque, pedido na oportunidade pelo Vereador
integrante da Bancada do PMDB, Marcinho Medeiros, e na oportunidade eu era o
Líder da Bancada, como integrante do Colégio de Líderes do PMDB naquela
oportunidade, não poderia faltar a um apoio à proposição de um companheiro de
Bancada que não poderia apresentá-la se não fosse através da Liderança. E a
partir desse momento passo também a votar favoravelmente a meu companheiro de
Bancada que, sem dúvida alguma, tem toda a razão. Acho que nem era de se usar o
nome de Carlos Nobre, no caso, no Teatro de Câmara. O interessante era usar o
nome de Carlos Nobre em um teatro maior, me parece que até em uma Casa de
Cultura que Porto Alegre pretende implantar, através do Teatro Municipal. Acho
que um Teatro Municipal com o nome de Carlos Nobre seria tudo. Porque, se
aprovado Galpão Crioulo Carlos Nobre, não venham depois querer trocar o nome de
Galpão Crioulo Carlos Nobre para outra denominação, para colocar Teatro
Municipal Carlos Nobre.
Eu acho que é uma precipitação queimar o nome de Carlos Nobre no Galpão
Crioulo. Não que o Galpão Crioulo não mereça o nome de Carlos Nobre, mas porque
eu acho que Carlos Nobre no futuro Teatro Municipal seria uma denominação
justa. Eu chamo a atenção para o PFL, acho que seria jogar com o nome de Carlos
Nobre num estabelecimento que, sinceramente, caberia mais para Darci Fagundes,
Lauro Rodrigues, ou quem sabe um outro tradicionalista. Acho que aprovar,
agora, o Galpão Crioulo Carlos Nobre, é jogar de maneira precipitada o nome
deste grande artista que poderá merecer uma homenagem mais consagradora, à
altura que ele merece de Porto Alegre, do Rio Grande do Sul.
A Sra. Bernadete Vidal: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Vereador, concordo com V. Exa. e gostaria de dizer
que a maneira como estão servindo a churrascaria ali e com o preço que está, eu
não votaria nem o nome de Darci Fagundes.
O SR. CLÓVIS BRUM: Finalizo chamando a atenção
desta Casa que uma retirada do Projeto hoje, nesta tarde, seria uma medida
cautelar e se estaria salvaguardando a memória deste grande artista que merece
uma homenagem à altura do que ele representa, do que representou e do que
continua a representar. Galpão Crioulo Carlos Nobre é uma homenagem muito
insignificante e fora da sua linha de arte. Eu acho que o ideal seria,
realmente, que a Casa assumisse o compromisso de denominar, quem sabe, o Teatro
Municipal Carlos Nobre, pois seria a grande consagração que a Casa daria a este
grande artista. Agora, denominar o Galpão Crioulo Carlos Nobre, convenhamos, é
açodamento, não é uma iniciativa que deva merecer a nossa consagração
responsável, nesta tarde. Eu apelaria e me proponho já a antecipar o meu voto,
se o Ver. Isaac Ainhorn apresentar um Substitutivo ao seu Projeto de Lei
original, denominando as futuras instalações...
O Sr. Marcinho Medeiros: Isso não existe: vamos
trabalhar no que é palpável, no momento.
O SR. CLÓVIS BRUM: Rigorosamente, acho que
hoje se corre o risco de votar-se uma homenagem pequena para um grande artista.
O Sr. Raul Casa: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) De iniciativa deste Vereador, esta Casa votou e foi
aprovada, e o Sr. Prefeito já sancionou, a denominação de uma rua com esse
nome. Creio que a homenagem maior já foi feita; uma rua, cuja importância e
significado está, realmente, à altura do nome que estamos homenageando. A
iniciativa do Ver. Isaac Ainhorn, que teve o cuidado de me consultar sobre o
assunto, recebeu de minha parte, também o meu apoio, porque eu acho que a
homenagem da denominação desse logradouro, realmente, também iria se somar à
homenagem que fizemos. Acredito que uma pessoa que muito exaltou o gaúcho,
através do humorismo, possa receber também desta Casa esta homenagem. Isto
apenas para frisar a V. Exa. que a homenagem maior já foi feita.
O SR. CLÓVIS BRUM: Chamo a atenção dos Srs.
Vereadores que, de qualquer maneira, com qualquer dos resultados desta votação,
Carlos Nobre receberá uma outra homenagem hoje. Não vamos negar homenagem a
Carlos Nobre. Ou se homenageia, mais uma vez, Carlos Nobre com o Teatro de
Câmara, ou se homenageia Carlos Nobre com o Galpão Crioulo. Mas, rigorosamente,
haverá a aprovação de mais uma homenagem ao mesmo, nesta tarde. O que estamos a
decidir, neste momento, é se será no Teatro de Câmara ou no Galpão Crioulo.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Terezinha
Irigaray):
O Ver. Brochado da Rocha está com a palavra.
O SR. BROCHADO DA ROCHA: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, preocupa-me, sobremaneira, que um Projeto desta natureza cause
nesta Casa, uma celeuma que se arrasta há tanto tempo. Afinal, seria Carlos
Nobre um cidadão que não tinha grandeza? A resposta dada pelo Plenário, ou
extra-Plenário, é que ele teria grandeza. A pergunta seguinte é que ele não
seria grande demais para um lugar muito pequeno? Eu poderia responder da
seguinte forma: nunca achei que as cadeiras fizessem os homens, mas que os
homens fazem as cadeiras. A não ser que admitamos de plano que a sociedade é
rigorosamente consumista e que o nome de Carlos Nobre não transcenda a este
galpão ou a qualquer outro, ele realmente é pequeno, é muito pequeno, é
incomensuravelmente pequeno. Quantas almas, quantos carentes de riso, de dor e
de manifestações humanas alimentou Carlos Nobre, em diversos veículos de
comunicação, na cidade de Porto Alegre? Entre o dar mais e o dar menos, esta
Casa claudica. E claudica de uma forma inaceitável. O sim ou o não formam,
exatamente, o tempo que antecedeu para que este Projeto chegasse aqui e é
testemunha, o Sr. Ver. Flávio Coulon, da apreensão que manifestei a S. Exa.,
formalmente, dizendo que achava um absurdo chegar ao Plenário desta Casa o nome
de Carlos Nobre, e vi ser inquirido, ele transcende a uma Legislatura,
transcende a uma pessoalidade, transcende a qualquer questiúncula de outra
natureza. Até quando, neste Rio Grande do Sul e neste Brasil, e mais
especificamente nesta Cidade, vão fazer verdadeiras incursões no terreno de
separar pessoas, separar seres humanos? Até quando esta sociedade vai ser
corporativista, a tal ponto que tenha alguém qualquer alegação que tem que ser
mais ou menos tradicionalista? Essa patrulha, não neste caso específico, mas
também neste caso específico, é inaceitável, ela é pequena, ela não é consoante
com a grandeza daqueles que vão festejar, certamente, dia 20, a Semana
Farroupilha, que tinha uma idéia, que era uma idéia de justiça, e justiça
partindo dos gaúchos. Ninguém mais, no seu humorismo, buscou justiça do que
Carlos Nobre, quer nos criticando, quer nos elogiando, ou quer, simplesmente,
nos gozando. Isso quero deixar registrado: fiz tudo - Vereador, antes de lhe
dar o aparte - que estava ao meu alcance, para que este Projeto passasse nesta Casa, mansa e pacificamente. Invoco o
testemunho do Ver. Líder do PMDB. Darei o aparte ao nobre Vereador para
esclarecer bem porque falo assim. Dei a V. Exa. e à Casa, chamei os meus Pares,
dialoguei, procurei tudo para que não
houvesse essa discussão. Carlos Nobre; se não achar um lugar melhor, paciência,
mas acho que não corresponde a isto e tudo fiz para que esta discussão não
ocorresse em cima do nome de Carlos Nobre. Esta Casa rejeitou só dois projetos
sobre rua, se bem me lembro: um, porque era um problema de rua que também foi
muito lamentável, e o outro, porque não achei que deveria dar o meu voto e me
responsabilizo por isto, que era a Praça Plínio Salgado. Isto foi o que vi
rejeitado nesta Casa. Não votei no Plínio Salgado e continuarei não votando, é
um assunto pessoal. Fiz tudo para que isto não acontecesse.
O Sr. Clóvis Brum: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Gostaria de agregar às duas proposições citadas por
V. Exa. que foram negadas pela Casa, mais um título de Cidadão de Porto Alegre
ao Irmão Otão.
A discussão não está em torno do nome de Carlos Nobre. Gostaria de
expressar que tenho sido um amante e respeitador permanente da vocação legislativa
dos meus nobres Pares. Rigorosamente, quando os Vereadores apresentam a
iniciativa, temos dois caminhos: discutir e votar a favor, discutir e votar
contra. Aqui não vejo nenhum problema, nenhum mistério na discussão
transparente e cristalina que se trava nesta tarde quanto ao local da
denominação. Não se está questionando se Carlos Nobre merece ou não. Já dizia o
Ver. Raul Casa que a homenagem maior a Casa já prestou, que foi a denominação
de uma via pública com o nome de Carlos Nobre. Agora é uma outra homenagem, que
pretende o Ver. Isaac Ainhorn seja o Galpão Crioulo, pretende o Ver. Marcinho
Medeiros, com toda a autoridade que tem o Vereador nesta Casa, que seja o
Teatro de Câmara de Porto Alegre, o nome de Carlos Nobre. Quer dizer, não se está
discutindo se ele merece ou não. A discussão está em torno do local, que eu
acho que a Câmara, na sua instância maior, que é o douto Plenário, com o
equilíbrio da sociedade aqui representada, vai decidir tranqüilamente. Acho que
Carlos Nobre deve estar contente porque se quer prestar hoje não uma homenagem,
mas duas, porque se a proposta do Ver. Isaac Ainhorn for rejeitada, era um
grupo de Vereadores que queria o local e outro aplaudiu a proposta do Ver.
Marcinho Medeiros, ou vice-versa. De qualquer maneira, não é a figura de Carlos
Nobre que está em jogo. É o ponto de vista de determinados Vereadores que acham
que aquele local é mais adequado. Nada pessoal! Carlos Nobre já levou da Casa
uma distinção e levará certamente, hoje, uma segunda distinção.
O SR. BROCHADO DA ROCHA: Vereador, “data venia” com
a longa observação que tenho dos discursos de V. Exa., creio que V. Exa.
contribuiria mais incisivamente se dissesse que há duas intenções, para nós não
sermos eufêmicos. Eu sei até que V. Exa. não é parte, é co-participante, mas V.
Exa. colocou no seu discurso exatamente o cerne da questão, e do seu discurso
eu extraio a substância para o meu, para dizer a V. Exa.: se é assim, que
coloquem dois nomes, que façam deste Projeto dois projetos. Não é proibido fazer
os dois projetos e V. Exa. me dá o substrato e a demonstração cabal para
mostrar que esta Casa não pode ser pusilânime ao julgar o nome e ao oferecer à
Cidade o nome de Carlos Nobre, e V. Exa. bem disse, são dois objetos, que dêem
dois, não comecem a subtrair um e outro, porque Carlos Nobre merece tudo e vai
acabar, neste Plenário, não merecendo nada. Acho que V. Exa., Vereador, andou
bem, V. Exa. apresenta um caminho. Podemos seguir, que cada um apresente um e
vote, e são os que tentei, e foi isto que me empenhei junto ao Ver. Flávio
Coulon, para não denegri-los. O Ver. Clóvis Brum deixou aqui, linearmente
claro: há duas idéias. Muito bem. Alguém invalida que coloquem dois nomes para
dois lugares. Somo-me ao Ver. Clóvis Brum. Agora, vou-me empenhar, em todos os
tempos desta Casa, para que não se diminua, e vou me perfilar junto ao Ver.
Clóvis Brum para que somemos: são dez homenagens, desde que elas não sejam
incompatíveis e não prejudiquem a Cidade.
Eu insistia ao Ver. Flávio Coulon e dizia a ele: Ver. Flávio Coulon,
poderia ser um outro qualquer. Estou pegando uma referência, porque ela é real,
ela é concreta. Poderia ser qualquer Vereador, porque qualquer um nosso
entenderia. Diria: esta Casa não pode se transformar de homenageante a que a
Cidade toda gosta e ama Carlos Nobre, para criar uma celeuma em cima dela. Se
Carlos Nobre é amado, a sua obra e a sua memória na Cidade, como a Câmara de
Vereadores vai titubear em cima da sua homenagem? Que outras formas? E
apresento a forma do Ver. Clóvis Brum, e todas as outras formas aceito, menos a
forma de nos chocarmos com a população. Quero saber quem é que vai explicar
para a Cidade que alguma coisa foi rejeitada para Carlos Nobre. Mesmo que fosse
botar o nome de Carlos Nobre no Palácio da Justiça, estaria favorável,
Vereador, porque lá há muitas lágrimas e é necessário o humorista e um
humorista do peso de Carlos Nobre para enxugar as lágrimas daquelas pessoas que
lá estão. Agora não pretenderia eu, na condição de bacharel em Direito, exercer
a patrulha que para ser nome do Tribunal de Justiça deveria ser um bacharel ou
desembargador. Não. Acho que deveria ser a alma e a expressão da Cidade.
O Sr. Marcinho Medeiros: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) A idéia do Substitutivo não é denegrir a imagem do
humorista que foi Carlos Nobre, como o colega colocou. Mas é de colocar uma
homenagem para ele num local mais apropriado, onde ele exerceu toda a sua vida,
que é num palco, muito mais num palco do que dentro de um galpão crioulo.
Também temos que levar em consideração que existem outras pessoas que também
merecem homenagem semelhante e que dentro das oportunidades nós poderemos
prestar através desta Casa. Portanto, o Substitutivo não visa a denegrir imagem
de ninguém, mas de fazer justiça e de memorizar a pessoa dele naquilo que ele
ficou conhecido, que é o teatro, que é o palco. O Teatro de Câmara de Porto
Alegre é um teatro bastante freqüentado, bastante usado pelo meio artístico,
principalmente da Cidade. Nós então estaremos perpetuando a memória de Carlos
Nobre num local onde ele se destacou socialmente perante a comunidade que ele
tanto amou e tanto trabalhou e tanto fez rir, não só no palco como também na
imprensa. Agora, não pegar o jornal Zero Hora que ele tinha a coluna e botar o
nome de jornal Zero Hora de Carlos Nobre. Mas poderemos pegar um local mais
apropriado e homenageá-lo com um local apropriado. Não se está denegrindo a
imagem de ninguém. Estamos procurando um local mais apropriado, onde Carlos
Nobre se destacou com todo o seu trabalho.
O SR. BROCHADO DA ROCHA: “Data venia”, Vereador, V.
Exa. é porta-voz certamente de uma corrente que entende que as pessoas devem
guardar simetria com os lugares. Eu sou porta-voz de uma corrente que diz que
os lugares devem guardar simetria com as pessoas. Estamos em rota de colisão.
V. Exa. vê o objeto, eu vejo a pessoa e, “data venia”, prefiro ficar com a
minha tese do que com a sua. V. Exa. incursiona, retirando até o palco lá
existente nesse tal de galpão, para dizer que não tem palco. Tem palco, sim! E
pelo que sei – e todos sabem - o grande palco de Carlos Nobre foram os palcos
mais simples. (Aparte inaudível.) Agora é que o Vereador me dá o substrato: não
o CTG! É o patrulhismo. Eu estava esperando por isso, estava mesmo. É o
patrulhismo! Isso aí, Vereador, é o patrulhismo, e eu dei o exemplo: se o
Palácio da Justiça tivesse o nome de Carlos Nobre, eu seria favorável. Não é
privativo dos bacharéis ou dos desembargadores o nome no Tribunal de Justiça.
Seria a alma popular que estaria lá dentro - e até fiz uma metáfora - para
enxugar as lágrimas dos que de lá saem. Acho - e V. Exa. deve ter sido
procurado pelo Ver. Flávio Coulon - que isso é um eufemismo, porque a questão
no final torna-se um eufemismo e agora brota este eufemismo. Não querem botar porque
lá é um negócio reservado às tradições gaúchas. É o que eu depreendo aqui de
uma expressão de um Vereador. Não sei, Ver. Paulo Sant’Ana, se entenda com ele.
Eu não sei o que é lá, nunca vi galpão daquele jeito, eu não conheço galpão
crioulo daquele jeito, talvez eu seja assim uma pessoa mais rigorosa nos
conceitos. Eu não conheço nenhum estilo crioulo, nativista, que tenha aquilo
lá. Como está lá, eu não conheço. Se alguém conhecer, que me mostre qual é o
lugar semelhante na história do Rio Grande do Sul ou na história do Cone Sul,
que aquilo seja negócio nativista e crioulo. Eu acho que é uma obra futurista,
“data venia” eu acho isto. Eu estou respondendo ao Sr. Paulo Sant’Ana, que por
mímica conseguiu se expressar, ele está sendo o meu contraponto. E dentro deste
contraponto aí é que eu diria que no fundo há um preconceito, no fundo há um
balizamento. Agora, se houvesse, eu diria que há as Comissões da Casa, onde os
Srs. Vereadores poderiam transacionar isto. Vamos dar uma homenagem maior, este
Projeto está aqui há mais de dois meses, três, quatro meses. Ele já foi
retirado de pauta uma vez. Será que não houve competência para chegar neste
Plenário aqui? Eu tenho que cobrar isto, eu tenho que dizer. Aqueles que me
elegeram me mandaram dizer: olha, homenageia a quem tu achas que deves, quem
tem crédito com a Cidade, e Carlos Nobre tem crédito com a Cidade. V. Exa. está
sendo eufêmico! V. Exa. quer dar privacidade. Quer considerar privativo aquilo
que nem é privativo. E não é pela sua própria natureza.
O Sr. Marcinho Medeiros: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Se pode dar privacidade, também, colocando o nome de
Galpão Crioulo, no Parque Harmonia, ao Carlos Nobre. Só que a privacidade que
eu quero dar a ele é num local onde ele ficou conhecido perante a comunidade.
O SR. BROCHADO DA ROCHA: Mas V. Exa. acha isto e é
respeitado o que V. Exa. acha. Tanto é que o Ver. Clóvis Brum, da Bancada de V.
Exa., diz que são duas homenagens. E eu sou favorável às duas. Mas então vou
votar as duas.
Agora, eu sou por somar em cima de Carlos Nobre, porque eu acho que no
fundo, como retrato de fundo, acho que esta Casa soma em votar o nome de Carlos
Nobre. E não soma para Carlos Nobre, isto é que é pior.
Acho que o nome de Carlos Nobre está correndo em todas as bocas da
Cidade. Então eu peço, Srs. Vereadores, que encaminhem pelo menos com
coerência. Querem duas homenagens, um acha que é o teatro. Muito bem, eu acho
até que é o teatro. Tudo bem, eu voto favorável. Outros acham que é o Galpão,
tudo bem, eu voto favorável. Se fosse o Palácio da Justiça também votaria
favorável.
Agora, que encaminhem favoravelmente ao nome de Carlos Nobre, que não
tentem subtrair, que acrescentem. Acho válida a proposta do Vereador aparteante
e a subscrevi na sua íntegra. Mas não quero - como Vereador desta Casa - que
subtraiam o nome de Carlos Nobre, como um desejo que traduz a aspiração
daqueles que moram nesta Cidade e que acompanharam Carlos Nobre, não no jornal
Zero Hora, mas acompanharam ao longo de décadas, em várias rádios, várias
emissoras, em vários jornais, diferentemente. Isto é irrelevante, mas deve ser
registrado. Sou grato.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Frederico
Barbosa): O
próximo orador inscrito é o Ver. Hermes Dutra.
O SR. HERMES DUTRA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, vou procurar ser breve, porém não podia deixar passar a
oportunidade sem fazer algumas colocações que acho de muita importância. Eu, de
imediato, vou votar com o Projeto original do Ver. Isaac Ainhorn, agora quero
chamar atenção da Casa para o seguinte: nesta tribuna solicitei aos Líderes, ao
Ver. Isaac Ainhorn, autor do Projeto, e ao Líder do PMDB, de vez que,
lamentavelmente, na condição de Suplente, nosso ilustre companheiro Marcinho
Medeiros não pode estar todos os dias conosco, que o Líder na época, Ver.
Clóvis Brum, fizesse um acerto com o Ver. Isaac Ainhorn para que fossem
retirados estes Projetos e fossem apresentados dois novos projetos, um dando
nome tradicionalista, quem sabe, ao Galpão Crioulo, e outro dando nome ao Teatro,
de autoria do próprio Ver. Isaac Ainhorn, até para preservar, o que acho justo,
pois o homem público vive de imagens, precisa dessas coisas. Lamentavelmente
preguei em vão, preguei no deserto, ninguém ouviu o que eu falei e falei aqui
da tribuna e os Anais da Casa estão aí para registrar.
Então, nós estamos diante de uma situação - muito bem colocada pelo
Presidente da Casa - um pouquinho constrangedora. Eu não me sinto assim, porque
a idéia é de homenagear o ilustre desaparecido e tanto faz um como o outro,
será uma homenagem. É uma questão apenas de opção de cada um. Agora lembra o
Ver. Rafael Santos que há, entre o votar contra e o votar a favor, há o caminho
do entendimento, que, lamentavelmente, a Casa não trilhou e este, aliás, é um
pecado mortal.
O Sr. Marcinho Medeiros: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Na ocasião de entrar com o Substitutivo nós
procuramos o Ver. Isaac Ainhorn e demos, até, um prazo que para que se
conversasse e para que ele se manifestasse, porém isso não aconteceu por parte
do Vereador. Existe um outro projeto que está esperando na fila para colocar o
nome de Darci Fagundes ao galpão do Parque Maurício Sirotsky também, além de
estar assinado por mim e mais dois Vereadores que também subscreveram o
projeto. Seria o caso de colocar as coisas num local mais apropriado. Não se
nega homenagem a ninguém, mantém a homenagem, porém se muda o local da
homenagem, por ser um local mais apropriado no nosso entender. Procuramos o
Vereador na época, o deixamos livre para decidir o que fazer. Demos o prazo, e
não houve manifestação. Depois de alguns meses fora da Casa, notei que o
processo estava parado e pedi o direito de usar o art. 44 para o processo, pois
ele estava parado nas mãos do relator. Inclusive consultei o Ver. Cleom
Guatimozim, que me indicou, me sugeriu o art. 44, para que a coisa andasse. Têm
alguns projetos que ficam parados na Casa, acho que devemos dar uma solução.
Não se discute a figura Carlos Nobre, se discute o local mais apropriado para
homenagear a figura Carlos Nobre.
O SR. HERMES DUTRA: A grande verdade, Vereador,
é que a Casa errou, e vai se submeter a
uma decisão que poderá, eventualmente, sobrar farpas para alguém, o que era
completamente desnecessário. É lamentável que isto tenha ocorrido e subi à
tribuna, exatamente, para fazer este registro, porque na verdade, se houvesse,
se tivesse havido essas conversas mais de parte de um, mais de parte de outro,
tenho a certeza de que faríamos hoje a votação para dois ou três locais, para
duas ou três pessoas diferentes, com o consenso de todos. Lamentavelmente isto
não ocorreu e é muito ruim quando se trata de uma Casa legislativa. E por isto
insisti para que houvesse um entendimento em relação a este Projeto. Era o que
eu queria registrar. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Encerrada a discussão. Em
votação. Para encaminhar, com a palavra o Ver. Isaac Ainhorn.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, o que me animou, como Vereador desta Cidade, a propor a que o Galpão
Crioulo, do Parque Maurício Sirotsky Sobrinho, se denominasse Carlos Nobre, foi
exatamente a preocupação de se prestar uma justa e merecida homenagem a essa
tradicional figura de Porto Alegre e do nosso Estado, que transcende a todos os
fatos que definem o perfil de opção de uma pessoa por determinada atividade,
por determinada ação. Quero aproveitar, ao ensejo do encaminhamento desta
tribuna, para dizer que a homenagem que se presta quando se procura denominar o
Galpão Crioulo Carlos Nobre é exatamente prestar mais uma homenagem a essa
figura que é uma figura da Cidade, que é uma figura com penetração em todos os
segmentos migratórios, que fazia gozação de todos, gozava o italiano, gozava o
judeu, o crioulo, mas com um carinho e afeto que só ele conseguia fazer, sem
deixar inimizades, sem deixar seqüelas de qualquer espécie. Pois ali, no
Galpão, Carlos Nobre vivia muito. Ele era um homem ligado à noite, era um homem
que convivia com seus amigos em bares. Aliás, acho que é uma grande qualidade
ir a bar, conviver com seus amigos, porque são momentos em que nos encontramos
com nossos amigos. O Galpão Crioulo era um desses lugares eleito por Carlos
Nobre para seu convívio diário. O Galpão, dentro das tradições da cultura
rio-grandense, é algo que vai muito além, até aqueles que no seu dia-a-dia,
suas atividades culturais... E àqueles que cultuam o tradicionalismo. Eu mesmo,
filho de uma primeira geração de imigrantes poloneses que vinham fugidos do
holocausto, embora de primeira geração, sou um homem que vibro, pois tenho
enraizado em mim, apesar desses meus poucos anos de existência, a cultura
rio-grandense. Evidentemente, não preciso andar diariamente pilchado para dizer
que sou gaúcho e que cultuo as tradições rio-grandenses e que a poesia crioula
é uma expressão cultural que tem um caráter universal pelo que ela diz e pelo
que transmite na simplicidade do xiru. Pois tudo isso me leva a crer que todos
nós, aqui, uns mais outros menos, pilchados ou não, cultuamos e nos orgulhamos
dessa tradição do Rio Grande do Sul, que se expressa de uma maneira tão bela,
na música popular, na juventude que hoje procura se expressar através da música
nativista, encontrando nas raízes rio-grandenses a sua forma de expressão e
manifestação cultural, isso foi uma revolução, numa época em que todas as
rádios, veículos de comunicação, só tocam paradas de sucesso nacional e
internacional, felizmente, hoje, as músicas nativistas também alcançam um
público jovem e isso nos orgulha muito.
Por todas essas razões, esse
parque todo, toda essa área situa-se no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho, uma
feliz idéia, faça-se justiça, e eu sou o primeiro a reconhecer isso, feliz
idéia do Ver. Jorge Goularte. Eu acho que há um encontro muito grande entre o
Parque se chamar Maurício Sirotsky Sobrinho e o Galpão, localizado no Parque,
se chamar Carlos Nobre.
Por todas essas razões, acho que tendo a iniciativa dessa idéia, de
denominar o Galpão onde curtiu e viveu muito tempo ali com seus amigos, bebendo
entre um chimarrão e outro, acho que não teria homenagem melhor que se chamar o
Galpão Crioulo de Carlos Nobre, que hoje é um espaço não só de restaurante,
hoje é um espaço cultural da cidade de Porto Alegre, pelas dimensões e pela
estrutura na qual ele se encontra estruturado e montado. Por estas razões
todas, encaminho pela aprovação do Projeto original, denominando-se Galpão
Crioulo Carlos Nobre. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Teresinha
Irigaray):
Encaminha pelo PDS o Ver. Rafael Santos.
O SR. RAFAEL SANTOS: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, prestar homenagens a pessoas falecidas que, de uma forma ou outra,
deixaram marcadas de caráter indelével sua passagem por este mundo,
especialmente pela nossa Cidade, não é apenas um direito dos Vereadores, eu
diria que até é um dever. Um dever histórico e que se registrem esses nomes em
logradouros públicos. Agora, para tanto, Sra. Presidente, Srs. Vereadores,
devemos ter alguns cuidados, o que ultimamente esta Casa não tem tido. Nós
temos um passado recente de homenagens que foram polêmicas nesta Casa.
E,algumas até com resultados desastrosos. Eu lembro a idéia precipitada de
mudar o nome da Av. Ipiranga para Av. Maurício Sirotsky Sobrinho, de trocar o
nome de Ary Tarragô, da Rua Ary Tarragô. Ao se desejar prestar uma homenagem,
eu acho que o Vereador tem que ter um profundo cuidado até de conversar, de
encontrar uma fórmula para que esta homenagem, quando chegue em Plenário, possa
ser aprovada por todos os Pares da Casa. Eu disse ao Ver. Isaac Ainhorn que eu
não proporia uma homenagem a Carlos Nobre, denominando o Galpão Crioulo Carlos
Nobre, mas foi proposto pelo Vereador. Não sei quem foi o relator da matéria,
quem foi o Vereador que sabiamente estava segurando o processo, não estava
deixando vir ao Plenário. Sabiamente, porque um fator, o tempo, nos ajuda a
conversar, a discutir, a encontrar uma fórmula para que o processo chegasse ao
Plenário tranqüilamente para uma votação tranqüila. Acho que foi um erro pedir
o art. 44. Para uma homenagem não se pede art. 44. Não se faz isto. Se ela não
veio ao natural, é porque não convinha que viesse ao natural. Agora, me parece
que também não é oportuno apresentar-se Substitutivo para homenagens. Ou se
presta a homenagem que foi proposta, se aceita, ou nega-se a homenagem. E
depois, pode-se prestar outra. O Substitutivo, ele só tem sentido, ao meu ver,
se for fruto de um entendimento. Então, vejam um desentendimento entre dois
Vereadores ou entre grupos de Vereadores, não sei, nos coloca, os demais
Vereadores, nesta situação constrangedora de ter que se posicionar contrário a
uma homenagem. Porque, se eu sou favorável ao Teatro de Câmara, eu vou ser
contra a que se bote o nome no Galpão; se eu sou favorável ao Galpão, vou ter
que votar contra a homenagem que se quer prestar, dando o nome ao Teatro de
Câmara. Então, me parece, Sra. Presidente, que é preciso que os Vereadores,
todos nós, reflitam sobre esses fatos que já estão se tornando comuns nesta
Casa: de homenagens polêmicas. Acho que isto é mau, não para o homenageado, mas
é mau para nós, Vereadores, pois estamos polemizando em torno de uma homenagem
a uma figura que merece, por todos os títulos, ser homenageada. Já o fizemos
duas vezes e hoje estamos fazendo pela terceira vez. Acho que está na hora
desta Casa criar juízo e evitar, através de entendimento, através de suas
Lideranças, que fatos como este voltem a ocorrer e espero que este seja o
último processo em que vai prestar uma homenagem e que tenha que se vir à
tribuna para discutir a homenagem; em vez de cada um de nós estar aqui, na
tribuna, exaltando as qualidades, os feitos, a inteligência, a capacidade do
trabalho de Carlos Nobre, a herança que Carlos Nobre nos deixou, nós estamos
aqui, nesta tribuna, a discutir quem deve ser o autor da homenagem. Eu espero
que a Casa compreenda e tenha esta sensibilidade de evitar, de uma vez por
todas, que homenagens a pessoas falecidas se transformem em polêmicas de
Plenário. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Gladis
Mantelli):
Encaminha, pelo PMDB, o Ver. Marcinho Medeiros.
O SR. MARCINHO MEDEIROS: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, nós não estamos discutindo a figura e a importância de Carlos Nobre
na vida artística e na vida de Porto Alegre. Ele marcou uma época, como
humorista, como homem ligado ao palco, inclusive escrevendo peças teatrais para
o palco e estas peças foram muito bem colocadas pelo Ver. Isaac Ainhorn. Não se
discute a figura do homenageado, nós não temos a menor intenção de denegrir a
sua imagem perante esta comunidade. Nós não temos a menor intenção de tirar
dele uma homenagem que é justa para ele. O que nós queremos discutir é que os
Vereadores reflitam como Carlos Nobre ficou conhecido perante a comunidade
porto-alegrense: como um homem de palco, como um humorista que era, um
jornalista, inclusive, ou como um tradicionalista? Qual é o local que é
freqüentado pelos tradicionalistas? É o galpão crioulo ou o teatro? O galpão
crioulo é a casa do tradicionalismo. Pode ser que lá cheguem pessoas que não
são ligadas ao tradicionalismo, mas que vão lá porque sabem do calor humano que
existe lá dentro, cultivado pelos laços da tradição, que unem os
tradicionalistas, e que levam esses laços humanos a toda a comunidade do nosso
Estado e também de fora daqui. O tradicionalismo crioulo não é privilégio do Rio
Grande do Sul, mas também de argentinos, de uruguaios, e de outras partes do
Brasil. Carlos Nobre ficou conhecido, na nossa comunidade, muito mais como
homem de palco, de teatro, um homem ligado ao rádio, aos meios de comunicação.
E é o palco, é o teatro o melhor local para prestar essa homenagem a ele. Não
discutimos o mérito de homenagear Carlos Nobre, mas discutimos o local mais
adequado para prestar essa homenagem. Todos nós sabemos que vivemos no
dia-a-dia de Porto Alegre a figura ímpar que foi Carlos Nobre, mas nenhum de
nós tem a lembrança de vê-lo, e tornar-se conhecido, vestindo a roupa
tradicionalista, o que não seria nenhum demérito à sua figura, mas o vimos,
justamente, no teatro, no palco, com a pena na mão, escrevendo ou falando,
gesticulando e interpretando papéis, fazendo o “Campeonato em Três
Tempos”. Carlos Nobre ficou conhecido
na comunidade porto-alegrense e sul-rio-grandense como um homem ligado ao palco
e não ao tradicionalismo. Até pelo contrário, algumas de suas personagens
colocavam até com um certo humor, ou ridicularizavam os bombachudos, como ele
chamava. Por isso apresentamos esse Substitutivo, não com a intenção de tirar a
homenagem, ou de denegrir a imagem de Carlos Nobre, como disse Rafael Santos,
mas é com a intenção de dar a ele uma homenagem mais justa, cultuada no meio em
que ele se tornou conhecido perante nós, que é o palco, o teatro, a
interpretação. Ele não era “gauchito”, nem dava espetáculos em churrascarias.
Carlos Nobre ficou conhecido em outro meio e achamos que o Teatro de Câmara
merece um nome, o nome de um artista rio-grandense. E Carlos Nobre foi uma das
grandes expressões do mundo artístico, na época em que ele viveu e se dedicou a
vida artística. Por isto o Teatro de Câmara de Porto Alegre, se merece um nome,
ele merece o nome de Carlos Nobre, que só vai engrandecer esta casa de cultura,
esta casa de artes cênicas, que presta um grande serviço à nossa comunidade.
Isto seria perpetuar a memória de Carlos Nobre num lugar onde ele se destacou,
que é o teatro, que é o palco. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Encerrados os
encaminhamentos. Em votação.
O SR. MARCINHO MEDEIROS: Para um Requerimento, Sra.
Presidente. (Assentimento da Presidência.) Desejo que seja submetida ao
Plenário a votação nominal.
A SRA. PRESIDENTE: A Mesa reporta ao Plenário se concordam com a
votação nominal.
Os Srs. Vereadores que concordam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO, contra o voto do Ver. Rafael
Santos.
Votamos, em primeiro lugar, o Substitutivo, e, posteriormente, votamos
o Projeto com a Emenda.
O SR. MARCINHO MEDEIROS
(Questão de Ordem): Gostaria de esclarecimentos a respeito do processo de votação.
A SRA. PRESIDENTE: “Sim” aprova o
Substitutivo; “Não” rejeita o Substitutivo.
(Procede-se à votação nominal.)
A SRA.
PRESIDENTE: Quatro
votos SIM e 19 votos NÃO. REJEITADO o Substitutivo aposto ao PLL nº 086/86.
(Votaram Sim os Vereadores: Clóvis Brum, Gladis Mantelli, Werner Becker e Marcinho Medeiros. Votaram Não os Vereadores: Aranha Filho, Cleom Guatimozim, Ennio Terra, Frederico Barbosa, Hermes Dutra, Ignácio Neis, Jaques Machado, Jorge Goularte, Mano José, Paulo Sant’Ana, Paulo Satte, Rafael Santos, Raul Casa, Teresinha Irigaray, Nilton Comin, Isaac Ainhorn, Getúlio Brizolla, Auro Campani e Kenny Braga.)
A SRA. PRESIDENTE: Em votação o PLL nº 086/86.
(Procede-se à votação nominal.)
A SRA. PRESIDENTE: Vinte e dois votos SIM e 01 voto NÃO. APROVADO o PLL nº
086/86.
(Votaram Sim os Vereadores: Aranha Filho, Cleom Guatimozim, Clóvis Brum, Ennio Terra, Frederico Barbosa, Hermes Dutra, Ignácio Neis, Jaques Machado, Jorge Goularte, Mano José, Paulo Sant’Ana, Paulo Satte, Rafael Santos, Raul Casa, Teresinha Irigaray, Werner Becker, Nilton Comin, Marcinho Medeiros, Isaac Ainhorn, Getúlio Brizolla, Auro Campani e Kenny Braga. Votou Não a Vereadora Gladis Mantelli.)
A SRA. PRESIDENTE: Em votação a Emenda.
O SR. ARANHA FILHO (Questão
de Ordem):
Sra. Presidente, solicito que seja lido o teor da Emenda.
A SRA. PRESIDENTE: (Lê a Emenda.) V. Exa. está esclarecido?
O SR. ARANHA FILHO (Questão
de Ordem):
Sra. Presidente, eu acredito que a votação da Emenda não necessariamente
deveria ser nominal.
A SRA. PRESIDENTE: É que a praxe da Casa é que
uma vez iniciado o processo de votação nominal, coloca-se nominalmente até o
final do processo.
O SR. ARANHA FILHO: Faço este Requerimento,
Sra. Presidente.
A SRA. PRESIDENTE: O nobre Ver. Aranha Filho
está solicitando que a votação da Emenda não seja nominal. Reporto ao Plenário.
Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
Em votação a Emenda. Os Srs. Vereadores que aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADA.
O SR. PAULO SANT’ANA
(Questão de Ordem): Sra. Presidente, o galpão já existe.
A SRA. PRESIDENTE: É que só acrescentou Parque
Maurício Sirotsky Sobrinho à Emenda.
A Mesa submete ao Plenário Requerimento de autoria do Ver. Isaac
Ainhorn, solicitando seja o PLL nº 086/86 dispensado de distribuição em avulsos
e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data. Em
votação.
O SR. RAFAEL SANTOS: Para encaminhar, Sra.
Presidente.
A SRA. PRESIDENTE: V. Exa. está com a palavra.
O SR. RAFAEL SANTOS: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, eu acho que este Projeto, especificamente, não deve ser dispensado
de Redação Final. Acho que o processo deve tramitar normalmente. Agora mesmo
foi levantado pelo Ver. Paulo Sant’Ana que não deve constar a palavra “futuro”,
porque o Galpão já está pronto. Eu concordo. Então, para se fazer esta
alteração é preciso que venha em Redação Final, para ser aprovado. Acho que não
se pode dispensar de Redação Final este Processo, especificamente, porque a
Redação Final é completamente diferente da atual redação. Não há nenhum fato
que está a exigir urgência. Então, peço à Casa que rejeite este Requerimento.
O SR. ISAAC AINHORN: Sra. Presidente, apenas
para requerer - porque tem procedência a colocação do Ver. Rafael Santos - a
retirada do meu Requerimento de dispensa de Redação Final, para que ele passe,
novamente, e seja sanado este problema.
PROC. 1118 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO
LEGISLATIVO Nº 005/87, do Ver. Hermes Dutra, que acrescenta parágrafo único ao artigo 9º da
Lei Complementar nº 07, de 07 de dezembro de 1973.
Parecer:
- da Comissão
Especial. Relator, Ver. Artur Zanella: pela aprovação.
O SR. PRESIDENTE (Brochado
da Rocha):
Em votação.
O SR. HERMES DUTRA: Sr. Presidente, requeiro
votação nominal.
O SR. PRESIDENTE: Em votação. (Pausa.) Os
Srs. Vereadores que aprovam o Requerimento para votação nominal permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
Passamos à votação.
(Procede-se à votação nominal.)
A SRA. PRESIDENTE: Vinte votos SIM e 09 votos NÃO. APROVADO o PLCE nº
005/87.
(Votaram Sim os Vereadores: Antonio Hohlfeldt, Aranha Filho, Bernadete Vidal, Clóvis Brum, Frederico Barbosa, Gladis Mantelli, Hermes Dutra, Ignácio Neis, Jaques Machado, Jussara Cony, Lauro Hagemann, Mano José, Paulo Sant’Ana, Rafael Santos, Teresinha Irigaray, Nilton Comin, Flávio Coulon, Marcinho Medeiros, Raul Casa e Werner Becker. Votaram Não os Vereadores Adão Eliseu, Cleom Guatimozim, Ennio Terra, Paulo Satte, Isaac Ainhorn, Getúlio Brizolla, Pedro Ruas, Auro Campani e Kenny Braga.)
DISCUSSÃO
GERAL E VOTAÇÃO SECRETA
PROC. 1485 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 041/87, que cria Funções
Gratificadas e altera denominação e classificação de Cargos em Comissão.
Parecer Conjunto:
- da CJR, CFO e CUTHAB.
Relator-Geral, Ver. Cleom Guatimozim: pela aprovação.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLE nº 041/87. (Pausa.) Com a palavra, o Ver.
Flávio Coulon.
O SR. FLÁVIO COULON: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, gostaria de chamar a atenção das Bancadas ditas oposicionistas
desta Casa para o conteúdo deste Projeto de autoria do Executivo Municipal, que
entra aqui muito tranqüilo, sem grandes alardes, etc. e tal, e que cria 32
cargos e, depois, no art. 2º, ele, aparentemente, extingue estes cargos.
Aparentemente! Na realidade, o que ele faz é transformar 32 cargos em
assessorias, ou seja, transforma 32 cargos basicamente de carreira em 32 cargos
de “cupincha”. (Aparte inaudível.) Venha para tribuna e me prove o contrário!
Trinta e dois cargos de assessores que podem ser Função Gratificada ou CC. O
que significa isso? Na realidade, significa um ato político, muito consciente,
de início de domínio da máquina administrativa. Cargos onde haveria um
coordenador que, teoricamente - o Ver. Mano José que conhece isso bem, sabe -
deveria ser alguém do quadro que subisse administrativamente, passam a ser uma
assessoria. Ou seja, ao invés de um funcionário da Prefeitura galgando o seu
cargo, vamos trazer um “cupincha” lá do Rio de Janeiro, que está sem emprego e
que vai pegar uma assessoria técnica. Isso é domínio da máquina administrativa,
isso é aparelhamento da máquina administrativa, em termos partidários. Não
tenho a mínima dúvida, só não quero passar um atestado de que não estou sabendo
disso. Acho até que dentro desse quadro caótico em que vive a Administração
Pública, em que cada Governo que sobe monta a sua máquina, independente da máquina
do Estado forma a sua máquina paralela.
Olha-me , com o olhar irônico, o Ver. Raul Casa, porque deve estar dizendo: “O
PMDB está fazendo isso também no Estado”, e eu devo admitir que, provavelmente,
está fazendo isto, erroneamente no meu modo de entender. Mas não quero, Ver.
Raul Casa, ao ver este Projeto aprovado nesta Casa que pensem os nossos amigos
do Executivo que as coisas estão passando sem que se perceba do real sentido da
criação de nada mais do que 32 cargos de assessoria CC no Executivo Municipal.
Também não quero que eles não fiquem sabendo que eu estou muito consciente de
que eles estão aparelhando a máquina e que estes 32 cargos na realidade são 32
poderosos cabos eleitorais nas eleições do ano que vem. Também não quero,
Vereador - como diz V. Exa. - tirar o cunho social disso, já que V. Exa. me
sopra que, talvez sejam 32 desempregados. Realmente, eu me valho da informação
de V. Exa., também não quero que transite em julgado que não estou sabendo de
todas essas implicações. O que há na realidade é que os Governos sobem e
desestruturam totalmente a máquina administrativa. A Prefeitura Municipal tinha
uma máquina administrativa muito bem montada, que funciona independente do
Governo, e por quê? Porque são funcionários antigos, funcionários que sabem
trabalhar e sabem por que é que trabalham, mas, aos poucos, por falta de
incentivos, por força dessas CCs, dessas FGs, dessas cedências, dessas
transposições que agora fazem o carnaval total da Administração Pública,
paulatinamente, estão perdendo o ânimo.
O Sr. Werner Becker: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Vereador, esta história de resolver o problema
essencial de desemprego criando 32 cargos. Eu quero dizer que eu conheço 32
mil. Então, vamos colocar mais 32 mil.
O SR. FLÁVIO COULON: Talvez V. Exa. possa conversar com o Sr. Prefeito e
ele possa mandar para cá uma mensagem. Eu acho interessante esta idéia.
O Sr. Werner Becker: O que eu não vejo sentido é
votar sob a fundamentação e alegação de que é para resolver um problema social.
Só que depois eu vou querer saber o nome desses 32 desempregados.
Direitinho. Ficha Partidária. Anterioridade. Eu vou querer saber. Eu vou votar
contra. Agora, já sei que vou ser vencido.
O SR. FLÁVIO COULON: V. Exa. talvez não tenha-se
percebido que me vali de um aparte extra-regimental e de um mote do Ver. Raul
Casa, que me chamava a atenção de que poderiam ser 32 desempregados. Não posso
lhe garantir, não posso lhe dar o nome, porque é assunto da Administração.
O Sr. Werner Becker: E mesmo se for, não é assim
que se resolve!
O SR. FLÁVIO COULON: Agora, o que me parece
muito estranho é esta criação de 32 assessorias, assim, “en passant”, um
projetinho que cria 32. Mudam de nome 32 e, na realidade, se a gente não se
apercebe muito bem, não fica sabendo quem são os 32 cargos CCs novos criados e
que não é para ninguém do PDS, do PFL, do PMDB, evidentemente, com toda a
razão.
O Sr. Werner Becker: Não sei.
O Sr. Mano José: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) V. Exa. levanta e aborda o problema muito bem. Meus
parabéns. Porque nós estávamos, desde o início da Sessão de hoje, preocupados
com este Projeto e havíamos, até, conversado ligeiramente com o Ver. Cleom
Guatimozim, e ele nos deu uma informação que não nos convenceu. Fomos então ao
nosso Gabinete para darmos uma estudada mais profunda. Realmente se criam os 32
Cargos em Comissão e para o que o Sr. Prefeito nem sequer diz em seu ofício de
encaminhamento ou no próprio Projeto de Lei, para atender o quê? Apenas diz que
serão lotados através de decretos. Acho que a Câmara mereceria saber onde estão
faltando assessores, diretores, etc., para que pudéssemos votar conscientemente
autorizando a criação de 32 cargos.
Acho que a Câmara deverá se posicionar em contrário, pelo menos o nosso
posicionamento é contrário, porque pelo menos deveria constar a informação de
para quê os 32 cargos e por que se criam hoje e se transformam outros 32. Então
estaríamos conscientes e assim daríamos o nosso voto.
O SR. FLÁVIO COULON: Vereador, V. Exa. honra meu
pronunciamento com o seu aparte, porque nós, que nunca participamos da máquina
administrativa, surgem certas dúvidas e queria me parecer que a coisa não podia
ser assim matematicamente tão escandalosa, no meu modo de ver. Vejam lá: os
mesmos cargos que eles trocam de nome, eles criam a seguir o mesmo número de
cargos.
O Sr. Mano José: Só muda a forma de
provimento.
O SR. FLÁVIO COULON: Exatamente, V. Exa. acertou
muito bem: só muda a forma de provimento. De uma penada.
O SR. PRESIDENTE: Vereador, o Ver. Nilton
Comin se inscreve e cede seu tempo a V. Exa.
O Sr. Werner Becker: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu acho que a política é negociação. É evidente isso.
Agora, quem não for do PDT e for aprovar este Projeto é porque está na
negociação. Ah, não tem dúvida.
O SR. FLÁVIO COULON: Ver. Werner Becker, como eu
não tenho a experiência e a agudez de inteligência e de espírito de V. Exa. vou
me valer do seu aparte, mas peço permissão para não endossá-lo.
O que me chama a atenção é a falta de assessoria do Executivo, estão
faltando 32 assessores técnicos. Ao mesmo tempo, porque um economista escreveu
um artigo no jornal, “A Copacabana mal explicada”, ele está sendo punido, indo
da SPM para a SMT. Então, está faltando assessoramento? O economista do
Planejamento vai para os Transportes? Aliás, até fiz um pedido ao pessoal da
Transportes para que, pelo menos, coloquem ele na máquina para responder aos
nossos Pedidos de Informações que estão parados desde junho. Saber em qual
Secretaria estão esses pedidos. Agora quero saber o que vão fazer com esses 54
que assinaram esse manifesto, lá, na Secretaria do Planejamento, SMOV, DEMHAB,
etc. Para onde vão remover esse pessoal? Quer dizer, está faltando
assessoramento? Que tipo de assessoramento? Para onde vão esses 32? Vão
assessorar o quê? Assessor técnico, especialista, especialista em quê? Técnico
em quê?
O Sr. Werner Becker: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Quero relembrar ainda de que, ao final do ano
passado, quando a Câmara criou 32 cargos de assessor - olha a coincidência dos
números -, o Sr. Prefeito fez um esparramo e exigiu que sua Bancada suportasse
o Veto e a imprensa toda, através dele, foi dizer que estava fazendo um cabide
de emprego. Quer dizer, lá ele pode, aqui não dá.
O SR. FLÁVIO COULON: Então, deve ser um castigo
para a Câmara: foi 32 aqui, agora são 32 para ele. Deve ser a compensação que
V. Exa. falou. De modo que eu me sinto na obrigação de, por falta de
esclarecimentos, pois sete assessores técnicos para o Planejamento, mais dez
assessores especialistas em planejamento. Mandam para a rua economistas de
altíssimo gabarito e estão querendo 18. É evidente que há uma total falta de
sintonia entre o Secretário do Planejamento e a sua equipe. Ele não conta com a
sua equipe para nada, vai precisar de uma nova equipe. Vai precisar de 18
assessores novos.
É evidente, quer dizer, quanto mais a gente olha, Ver. Mano José, é
evidente que o Secretário Newton Baggio dirige sozinho, praticamente, não tem
respaldo da sua equipe técnica. Está aqui: 18 assessores para ele.
Para a SMT, cinco, mas há pouco mandaram um para lá um economista que
não servia mais no Planejamento!
Trinta e dois assessores é o que está solicitando o Sr. Prefeito a esta
Câmara, sem qualquer tipo de indicação da qualificação desses assessores.
De modo que não vejo como poderá esta Casa acatar e aceitar este pedido
do Sr. Prefeito. E conclamo aos Srs. Vereadores que não têm o compromisso que
tem a Bancada do PDT de votarem maciçamente contrários a este Projeto. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Teresinha
Irigaray): Próximo
orador inscrito é o Ver. Werner Becker. V. Exa. tem dez minutos.
O SR. WERNER BECKER: Sra. Presidente, Srs.
Vereadores e senhores funcionários da Casa. Evidentemente que o Projeto vai ser
aprovado, mas nem por isso vou deixar de ir à tribuna, porque quero registrar o
meu protesto com toda a licença, com toda a cordialidade, em relação aos
Vereadores que aqui votarem contra. Porque estão votando contra o Legislativo e
a favor do Executivo, porque o que vale para o Executivo não vale para o
Legislativo. Porque o Prefeito, Ver. Paulo Sant’Ana, abre a boca dizendo que
nós estamos fazendo da Casa um ninho de afilhado, quando se votou o Projeto do
Ver. Luiz Braz, e o vetou, porque assim era insuportável governar. Quando o
Ver. André Forster mandou um Projeto elaborado e estudado, durante cinco meses,
o recém-eleito Prefeito Alceu Collares disse que queríamos fazer daqui uma
árvore de natal de cargos, e a toda hora se queixa do excesso de cargos,
dizendo que assim é impossível administrar a Prefeitura. Negou aumento aos
funcionários, irredutivelmente, porque não tinha caixa. Agora, vai nomear 32 e
nós não sabemos quem é e para fazer o quê. Aí tem dinheiro da Prefeitura; aí
não é árvore de natal, não é empreguismo.
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não é do meu costume esse tipo de
denúncia, mas acho que a Casa precisa estar alerta, porque estamos entregando
muito de barato, o Sr. Prefeito precisa saber que esta Casa é uma casa de
negociação, que é uma Casa política e que se ele ganhou as eleições não foi por
unanimidade de votos.
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Sr. Prefeito é um homem simpático,
ele tem uma boa conversa, mas está levando demais - tem gente que se faz de morto para ganhar sapato novo -, e quem
vai discutir com o Sr. Prefeito fica até com pena dele, diz que não tem tempo
para estudar, que a Prefeitura não tem dinheiro, que a Casa tem que suportar um
pouco mais de sacrifícios, que ele sabe dos nossos problemas, e a gente sai
comovido daqui, leva ele até a porta emocionado. Dá vontade até de fazer uma
coleta. Estão nos enrolando demais. Eu sei que ele é bom de conversa. Acho que
os políticos têm que ser bons de conversa. Nisto não tem nenhuma crítica
pessoal. Foi um brilhante Líder do PMDB na Câmara Federal. Não é por nada que
ele chegou lá. Chegou bem e foi sempre muito bem votado. Ganhou
extraordinariamente a eleição. Então, vamos abrir o olho. Ele não é bobo não,
vejam a diferença de comportamento: quando é bom para Câmara e a Câmara precisa
melhorar a sua assessoria - ele mesmo diz que a Câmara não tem assessoria para
votar passagem – ele, com seus porta-vozes, bota a boca no jornal e diz a todo
mundo que nós estamos fazendo da Prefeitura um cabide de empregos. Quando o
Executivo aprova a Lei Complementar 81 e depois a Lei sobre os 127
remanescentes prejudicados, quando lhes damos o mesmo status dos demais, e o
Prefeito consegue colunas em jornal para dizer que a Câmara está fazendo um
ninho de empreguismo. Só que os 127 têm nome, profissão e situação conhecida, e
esses 32 ninguém sabe quem são, para onde vão e de onde vêm e nem para onde
vão. O PDT, até por uma determinação partidária que vote contra, eu entendo.
Agora, quem foi do PDT está na negociação. Não sou bobo, não. Desculpe, Ver.
Lauro Hagemann, respeito os seus cabelos brancos. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Inscreve-se o Ver. Antonio Hohlfeldt, para discutir. V. Exa. está com a palavra.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, fiquei muito satisfeito em ouvir, há pouco, a palavra do Ver.
Flávio Coulon e, agora, a do Ver. Werner Becker, porque eu já estava meio
preocupado de que talvez só eu estivesse vendo fantasmas neste Projeto. Passei,
ontem, a tarde inteira discutindo com a Assessoria Jurídica da Casa, que
conhece bem a estrutura de quadro funcional, para traduzir as entrelinhas -
porque, como diz o Ver. Werner Becker - a gente não pode pecar por ingenuidade
e bondade em demasia, no caso de política o que abunda a gente tem que
desconfiar. Ao final de duas ou três horas de análise do Projeto, nós realmente
concluímos algumas coisas concretas. No caminho, porque o Ver. Flávio Coulon
levantou, mas acho, Vereador, porque V. Exa. ainda foi, como eu estava sendo,
ingênuo na avaliação do que está por trás desse Projeto. Se o problema é
analisarmos o Código de Cargos, se tomamos o art. 2º - eu vou partir daí - o
mesmo diz o seguinte: “cargos atualmente existentes que são preenchidos por FGs ou CCs”. Isso está no 3º número do Código,
que é o número 2, diz que o preenchimento se dá por FG ou CC, no caso desses
cargos, ou seja, de coordenador, técnico de planejamento, chefe de unidade,
etc. e tal, eles podem ser preenchidos por FGs ou CCs. Porque são cargos de
chefia, ou seja, são funcionários que comandam segmentos da Administração e que
têm em torno de si outros funcionários. Pois esses cargos são transformados,
mantendo-se o mesmo código e, sobretudo, o 3º algarismo, que é o que nos
interessa, o 2, que teoricamente diz que pode ser FG ou CC, mas são
transformados todos eles em assessoria, que não podem ser preenchidos com
FGs, só por CCs. E aí vem o
maquiavelismo do Projeto do Dr. Fadel, porque, evidentemente, cabe a ele a
autoria. Aí vem, vamos dizer, a competência maquiavélica do Dr. Fadel, do
Secretário da Administração Municipal. Ou seja, no Código nós mantemos a
pintura igual, pode ser por FG ou por CC, mas o tipo de cargo muda. De
assessoria que comanda um setor e que pode ser efetivamente por FG ou CC, de
chefias passa para assessorias, que diz na Lei nº 5.732 não pode ser preenchida
por FG, só consta como preenchimento de CCs . Esta é a primeira observação.
Por que nós vamos transformar cargos hoje preenchíveis alternativamente
por uma ou outra maneira em cargos que trocam de nomes apenas? Não. Cargos que
trocam a maneira do preenchimento. É a primeira questão curiosíssima, e que na
sua função trocam também, porque eles se tornam cargos subalternos, isolados,
individualizados e que, se dúvida tivéssemos, está estampada pelo art. 3º,
serão lotados através de decretos. E vejam o detalhe: do quadro original, onde
se identificam as lotações, segunda observação importante, SPM, SMAM, SMT,
desaparece a lotação. Eles vão todos para o Gabinete do Sr. Prefeito, S. Exa.
eminente, que vai decidir onde colocá-los. Agora, combinemos isto com o
primeiro artigo. Transformamos FGs ou CCs em exclusivas CCs, mas criamos outro
tanto de FGs. E aí, então, nós ganhamos
a grande explicação, Ver. Werner Becker, que está neste abaixo-assinado, que
estamos recebendo hoje, que está, por exemplo, na colocação do chamado
“Secretariado do Ar” do funcionário Paulo Roberto Müzell de Oliveira - isso a
partir da SPM -, que está na SMAM, de quem estava na SMOV, que é o caso da
funcionária Elaine Giusti. Casualidade, dois funcionários com a ousadia de
serem da Associação Municipal, de serem contra o Projeto Praia do Guaíba, e de
usarem a cabeça e não se intimidarem ante os titulares das Secretarias e,
sobretudo, dos projetos megalomaníacos que têm sido enviados a esta Casa e
paridos no Palácio do Executivo. Agora vamos traduzir, Ver. Flávio Coulon, no
art. 2º, o que temos? A SPM é a principal vítima, não por casualidade: sete coordenadores, um técnico de planejamento,
dez chefes de unidades. O que significa isto? Acaba-se com as chefias da SPM, e
por quê? Porque as chefias da SPM ousaram resistir à ordem do Prefeito, de
punir durante a greve. Então veja, Ver. Flávio Coulon, como somos ingênuos: não
é só o problema de se cassar as FGs dos
atuais chefes, porque elas se extinguem, se transformam em outra coisa, eles as
perdem, e se preenchem essas FGs com CCs, e se criam outras FGs que,
evidentemente, vão ser dadas a quem a Administração bem entender, que vai ser
definido por decreto, e o critério, portanto, não é mais da competência
funcional, mas sim da filiação partidária, e da humilhação de quem vai cumprir
o que mandam, sem titubear, como se pune, politicamente, as chefias que ousaram
resistir à tentativa de coerção durante a greve. E aí, Ver. Hermes Dutra, Ver.
Mano José, Ver. Rafael Santos, é difícil para mim ter que dizer isto, mas vou
ter que dizer, por uma questão de justiça para com V. Exas., acho que, no tempo
do PDS, não se fez isto. Eu me lembro de que, na SMEC, não se perguntava a
filiação partidária para se colocar no trabalho, disto eu quero dar o meu
atestado aqui, pelo menos ao Ver. Mano José, que eu acompanhei mais de perto,
pois eu já era Vereador nesta Casa, e a um pequeno momento do Ver. Rafael
Santos, tanto que lá tínhamos técnicos competentes, professores competentes,
cuja pergunta é se eles entendiam da área deles, na administração dos teatros,
das salas de cultura. Há Conselhos que, durantes a época do Ver. Frederico
Barbosa, ele não perguntou se eram daqui ou eram dali, mas se olhamos hoje a
SMEC, dá pena. E não se poupa nem companheiros de Partido, se eles ousarem
discordar. Vejam a Profª Marisa Soibelmann, vejam o ex-Diretor da Divisão de
Cultura, Prof. Igor Moreira. E o que se está fazendo aqui, portanto é um tiro
que pega de todo o lado, se faz, enfim, uma coisa que eu acho fantástica e que
é de uma repercussão, no futuro, para a Administração Pública, extremamente
grave, porque se desmonta uma estrutura administrativa em nome de um interesse,
eu diria mesquinho, sim, porque cinge o interesse partidário ao interesse
público. Diminui o interesse da Administração Pública ao interesse partidário
imediato. E eu estou de acordo com V. Exa., Ver. Werner Becker, não se trata
apenas de ser oposição por ser oposição. Isto aqui tem uma repercussão para
anos muito depois da atual Administração.
A SRA. PRESIDENTE (Gladis
Mantelli):
O tempo de V. Exa. está esgotado, mas eu me inscrevo e cedo meu tempo a V. Exa.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Agradeço a sua concessão de tempo.
O Sr. Werner Becker: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) V. Exa. sabe que eu tenho várias divergências com
relação à orientação da Secretaria do Planejamento, mas não me passou
despercebido que os alvos, alguns dos alvos dessa Lei, eram funcionários da
Secretaria do Planejamento com profundas divergências, mas que são funcionários
de quadro e têm direito de o serem, como eu também tenho direito de discordar
deles. No meu pronunciamento - o meu Partido tem um voto só - quis dizer primeiro
que, nesse caso específico, eles têm a minha solidariedade, quero divergir com
eles, mas não posso usar contra a minha formação, e senti que era a de arbítrio
e, principalmente, arbítrio dissimulado a maneira como o Projeto foi feito.
Segundo, que o Prefeito queria colocar, em seu Gabinete, 32 filiados ao seu
Partido, nas práticas políticas deformadas, não me estranha; agora, eu vou
querer ver a ficha desses 32, e ver se esses 32 são PDT, ou se não tem uma
proporção de outro Partido. Eu não estou entendendo a lógica de um outro
Partido, que é de oposição, de um Vereador de outro Partido, que é de oposição,
dê esse cheque sem fundo ao Sr. Prefeito. E se me perguntarem o que tenho isso,
digo que tenho muito, porque esta Casa é uma casa de acertos, é uma casa de
acordos, e nós já fizemos os nossos acordos.
Se existe um bloco aqui na Casa que trabalha acordado, eu já vou no
Líder deste bloco, eu não vou perder tempo. É esta a minha intervenção e é isto
que estou denunciando.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Obrigado Ver. Werner
Becker. Chamo a atenção de que, na verdade, não se criam apenas 32 CCs, ou não
se criam 32 FGs, se criam 32 CCs, mais 32 FGs, porque se mata, se gasta as
atuais 32 FGs; os 32 funcionários que hoje detém as FGs, que pelo art. 2º trocam de nome, são
cassados, inapelavelmente, sem defesa, e se criam 32 novas FGs para se dar a
quem bem entenda. Numa reunião matinal, de hoje, sabe-se das ameaças que
perduram na Secretaria do Planejamento Municipal, quantos técnicos, inclusive
por este manifesto, e fecha a reflexão que fazíamos ontem à tarde, e que eu
trago aos Srs. Vereadores e faço um apelo à Bancada do PFL, porque parece que a
situação está bastante definida, não sei se o PFL vai participar da divisão
desses 64 cargos, mas acho que há uma responsabilidade em relação a uma
situação: no ano que vem teremos uma eleição e, principalmente, teremos um novo
Partido administrando a cidade de Porto Alegre e pagaremos, a Administração da
Cidade pagará pela aprovação deste Projeto. Esta é uma questão fundamental.
O Sr. Mano José: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Parabenizo-me com V. Exa. pela análise em quase todos
os aspectos aos quais não havíamos chegado, mas já tínhamos visto a
transformação, a liberdade dos preenchimentos, a forma dos preenchimentos, que
mudava de FG para CC e que dava a liberdade de escolha de quem bem entender, o
Prefeito ou seja quem for, escolher. Cumprimentando-o pela análise muito bem
feita de todos os aspectos, inclusive pegando os aspectos da greve, e me surpreende
ao chegar à minha Mesa, dirigido ao Ver. Zanella, um abaixo-assinado da SPM a
respeito de Paulo Roberto Müzell de Oliveira, o qual trabalhou comigo quatro
anos na SMIC e mais dois anos na SMEC. Eu o tenho como um técnico de alto
gabarito, grande conhecedor dos problemas da municipalidade, dedicado, que,
efetivamente, como Vice-Presidente da AMPA, esteve envolvido na greve, a qual
nós apoiamos. Acho que o que foi feito com o Paulo não diz daquilo que
esperávamos do Secretário Baggio e do Prefeito: simplesmente colocá-lo à
disposição, parece-me que da Câmara, sem uma maior explicação ao Paulo, ou sem
um motivo pelo menos mais consistente que não aquele de ter participado, como
Vice-Presidente da AMPA, na greve. V. Exa. abordou e novamente deixo clara a minha
disposição de votar contra o Projeto.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Obrigado, Ver. Mano José.
Eu encerro, Sra. Presidente, dizendo que agradeço a cedência que V. Exa. me
deu.
Num primeiro momento, Ver. Mano José, realmente a mim me preocupou a
história de abrir mais cargos de confiança preenchíveis pelo Prefeito, quer
dizer, realmente eu pessoalmente e meu Partido temos uma posição muito clara,
nós somos favoráveis sempre ao respeito ao quadro de carreira, para isso que o
funcionário fez um concurso e vem ao longo de anos prestando serviços à
municipalidade. Então, esta é a prioridade que deve ser respeitada, entendo
inclusive, e depois teremos um outro projeto bastante polêmico, que é a questão
do Gabinete do Vice-Prefeito, Glênio Peres. Entendo que há momentos,
evidentemente, que nós, Vereadores, precisamos disso, acho que o Prefeito e os
Secretários também precisam. Há cargos que devem ser de confiança, há cargos
que devem ser preenchidos por cargos de confiança, que são as nossas
assessorias diretas. Agora, transformar isso num jogo e, sobretudo,
prejudicando para o futuro, indo além da administração específica de um
Prefeito, isso realmente me preocupa. Isso eu considero uma falta de
responsabilidade, uma falta de respeito com o cidadão de Porto Alegre, que paga
o seu imposto e que tem hoje uma estrutura administrativa sendo desmontada,
queimada, pior do que se fez em todos os anos onde os Prefeitos eram nomeados,
eram indicados e que não chegaram a fazer em nenhum momento este tipo de
prática.
O Sr. Werner Becker: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) V. Exa. diz que depois teremos o projeto mais
polêmico, que seria a criação dos sete cargos. Eu quero dizer a V. Exa. que não
é outro projeto. É o mesmo projeto. Quem viver, verá! Quem estiver aqui à tarde
verá que está engatado no outro.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Acolho, Ver. Werner Becker,
e concluo deixando claro, Sra. Presidente e Srs. Vereadores, acho que este
Projeto é profundamente lesivo ao interesse da cidade de Porto Alegre. Não falo
aqui como oposição, apenas como Vereador, e realmente não pretendo ser
conivente com projetos deste tipo. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Não há mais inscritos para
a discussão do referido Projeto. Entramos no processo de votação. A Mesa
pergunta se algum Vereador deseja encaminhar?
Não havendo quem deseje encaminhar, em votação.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Para um Requerimento, Sra.
Presidente. (Assentimento da Presidência.) Requeiro a V. Exa. que seja cumprida
a legislação, porque, como se trata de Projeto que beneficia funcionários e
criação de cargos, que seja feita votação secreta.
A SRA. PRESIDENTE: A Mesa já havia
providenciado para que fosse votação secreta.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT
(Questão de Ordem): Entendo que não existe nenhum funcionário especificamente nomeado neste
Projeto. Então, solicito que não seja feita votação secreta.
O SR. WERNER BECKER (Questão
de Ordem):
Esta votação secreta é para resguardar a Casa de funcionários existentes;
portanto, acho que não cabe votação secreta.
O SR. ARTUR ZANELLA (Questão
de Ordem): Daqui
a pouco também votaremos outro projeto, que também cria cargos no Gabinete do
Sr. Prefeito, e apesar de não se ter os nomes, sabe-se que tem gente
trabalhando lá. Então deverá ser votação secreta.
A SRA. PRESIDENTE: A Mesa suspende os
trabalhos por cinco minutos, para decidir.
(Suspende-se a Sessão às 17h48min.)
A SRA. PRESIDENTE (às
17h49min):
Estão reabertos os trabalhos. O Regimento da Casa não considera a votação deste
tipo como votação secreta, porém, como houve solicitação do Ver. Cleom
Guatimozim para votação secreta, remeto ao Plenário para deliberação do mesmo,
se a votação se processará de forma secreta ou não. Solicito aos Senhores
Vereadores que tomem assento em suas tribunas para que se possa colher os votos
do presente Requerimento.
O SR. WERNER BECKER (Questão
de Ordem):
Antes da votação, solicito verificação de “quorum”.
A SRA. PRESIDENTE: Solicito ao Sr. 2º
Secretário que faça a verificação de “quorum”.
O SR. WERNER BECKER: Retiro meu pedido de
verificação de “quorum”.
A SRA. PRESIDENTE: Vamos votar a solicitação
do Ver. Cleom Guatimozim, para que a votação seja secreta. Os Srs. Vereadores
que estão de acordo permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
O SR. WERNER BECKER (Questão
de Ordem):
Solicito verificação de “quorum”.
A SRA. PRESIDENTE: Sr. Secretário, há
solicitação de verificação de “quorum”. V. Exa., por gentileza, faça a chamada
nominal.
(O Sr. 2º Secretário procede à chamada nominal para a verificação de
“quorum”.)
O SR. ARTUR ZANELLA (Questão
de Ordem):
Queria saber se, estando o Vereador que pediu a verificação de quórum ausente, ainda vale o pedido?
O SR. WERNER BECKER: Quer dizer que se eu morrer
amanhã tudo o que eu tenha feito aqui de ruim ou de bom não tem validade?
O SR. 2º SECRETÁRIO: (Pausa.) Há 22 Vereadores
presentes, Sra. Presidente.
A SRA. PRESIDENTE: Há “quorum”.
O SR. ARANHA FILHO (Questão
de Ordem):
Sra. Presidente, na tentativa de rever o meu voto, eu gostaria de saber de V.
Exa. sobre a votação que solicitou o Ver. Cleom Guatimozim, para que fosse
secreta, houve uma votação e eu gostaria de saber qual o resultado.
A SRA. PRESIDENTE: A Mesa registra o resultado
de 15 votos a favor da votação secreta e 12 votos contrários à votação secreta.
O SR. ARANHA FILHO: Vinte e sete Vereadores
presentes votaram.
A SRA. PRESIDENTE: Em votação. (Pausa.)
Solicito ao Sr. Secretário que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores
para a votação secreta.
(Procede-se à votação.)
A SRA. PRESIDENTE: Dezenove votos SIM e um voto NÃO. APROVADO o PLE nº
041/87.
(Votaram 20 Srs. Vereadores: Adão Eliseu, Aranha Filho, Artur Zanella, Bernadete Vidal, Brochado da Rocha, Cleom Guatimozim, Ennio Terra, Frederico Barbosa, Ignácio Neis, Jaques Machado, Jorge Goularte, Paulo Sant’Ana, Paulo Satte, Raul Casa, Teresinha Irigaray, Isaac Ainhorn, Getúlio Brizolla, Pedro Ruas, Auro Campani e Kenny Braga.)
(Obs. Foram escrutinadores os Vereadores Raul Casa e Kenny Braga.)
PROC 1592 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 045/87, que cria o Gabinete do
Vice-Prefeito, cria Cargos em Comissão e dá outras providências.
Parecer Conjunto:
- da CJR, CFO e CUTHAB.
Relator-Geral, Ver. Ignácio Neis: pela tramitação.
A SR. PRESIDENTE: A Mesa comunica que a
Sessão está prorrogada nos termos regimentais.
Requerimento de autoria do Ver. Jaques Machado, solicitando Licença
para Tratamento de Saúde, no período de 10 a 13 de setembro de 1987.
(Obs.: Foi aprovado o Requerimento de autoria do Ver. Jaques Machado,
conforme consta na Ata.)
(Obs.: Foram aprovados os demais Requerimento constantes na Ata.)
Em discussão, o PLE nº 045/87. (Pausa.) Está com a palavra, para
discutir, o Ver. Flávio Coulon.
O SR. FLÁVIO COULON: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, depois de uma votação em que o acordo PDT e PFL em torno de cargos
funcionou bastante bem, gostaria até de cumprimentar, espero que também no
Gabinete do Vice-Prefeito o acordo funcione tão bem. São sete cargos de
assessoria que estamos votando e mais uma vez quero dizer que não me passa
despercebido que estão instrumentalizando o PDT. São sete cargos de
assessoria...
O SR. CLEOM GUATIMOZIM
(Questão de Ordem): Sr. Presidente, me informe a Mesa a que título está falando o Ver.
Flávio Coulon, se está falando em matéria vencida, em assunto pessoal, de
interesse partidário. Pensei que estava em processo de votação. Não sei se me
enganei.
O SR.
PRESIDENTE (Frederico Barbosa): Informo a V. Exa. que está sendo discutido o
Processo 1592, Projeto de Lei do Executivo nº 045/87, que cria o Gabinete do
Vice-Prefeito, cria Cargos em Comissão e dá outras providências. Solicito a
gentileza do orador no sentido de que a Mesa faça cumprir o Regimento, e de que
seja discutido, apesar de saber que V. Exa. tem direito de fazer as comparações
que assim o desejar, mas solicito que se mantenham dentro do Processo que está
sendo examinado no momento.
O SR. WERNER
BECKER (Questão de Ordem): Antes de ir à tribuna, tenho certeza que o Ver. Flávio Coulon sabe,
perfeitamente, que um processo está relacionado com o outro, e não será
possível falar no segundo sem falar no primeiro. É isto que o Vereador está
fazendo.
O SR.
PRESIDENTE:
A Mesa recebe de V. Exa. apenas como informação do discurso que deseja fazer.
Solicito à taquigrafia que não registre como Questão de Ordem, porque não está
embasado no Regimento Interno.
O tempo de V. Exa. será descontado, Vereador,
efetivamente o tempo que V. Exa. esteve interrompido pelas Questões de Ordem.
O SR. FLÁVIO
COULON:
Muito obrigado, Sr. Presidente. Eu fico muito triste, Ver. Werner Becker,
porque o Líder do Governo socialista me cassa o íntimo da minha inteligência,
ou seja, eu quero fazer intróito à questão e ele me impede. Eu nunca vi a
censura que está sendo imposta, eu não tenho mais condições de permanecer nesta
tribuna, é evidente, se eu não posso fazer um intróito que eu vou colocar aqui.
O Sr. Werner
Becker: O
seu Partido andou me censurando, também.
O SR. FLÁVIO
COULON: Eu
não me lembro desse episódio, Vereador.
O Sr. Pedro
Ruas: V.
Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Em auxílio ao pronunciamento
de V. Exa., eu lembraria que o Projeto de V. Exa., da criação de subsídio do
Prefeito e desse Prefeito dessa Capital, é complementar a esse. Parece-me que
merece todo o nosso apoio e surge, exatamente, em função da idéia de V. Exa.
O SR. FLÁVIO
COULON:
Vereador, segundo a concepção do Líder da sua Bancada, o seu aparte está fora
do assunto. Nós estamos discutindo outro assunto.
O SR.
PRESIDENTE:
Ver. Coulon, a Mesa tem que conceder uma Questão de Ordem ao Ver. Getúlio
Brizolla.
O SR. GETÚLIO
BRIZOLLA (Questão de Ordem): Queria dizer que, para mim, que estou trabalhando,
meia hora de descanso seria muito bom. Gostaria de que a Mesa esclarecesse se
vamos discutir o Projeto ou vamos ficar discutindo um com o outro?
O SR.
PRESIDENTE:
A Mesa solicita ao Plenário, que tem ampla e total liberdade, democraticamente,
para opinar, que coloque as Questões de Ordem, a partir de agora, com o
Regimento Interno e o número do artigo. Eis que a Mesa não receberá mais, pelo
menos enquanto estiver no exercício este Vereador da Presidência, nenhuma
Questão de Ordem que não estiver embasada no Regimento Interno da Casa. Ver.
Flávio Coulon, V. Exa. tem os minutos que lhe restam e mais três minutos, tendo
em vista as três Questões de Ordem levantadas até o presente momento.
O SR. FLÁVIO
COULON: Sou
grato a V. Exa., Sr. Presidente. Estamos criando o Gabinete do Vice-Prefeito da
Cidade, com a criação de sete assessorias.
Espero, Ver. Pedro Ruas, que as sete assessorias
sejam realmente preenchidas com pessoas ligadas ao GUS, que não faça nenhum
acordo para a aprovação, mesmo porque nós vamos votar pela aprovação, não
precisa se comprometer com ninguém, porque nós vamos votar a favor e vamos
assegurar a aprovação do Projeto, dentro da filosofia de que não estamos
votando um gabinete para o Sr. Glênio Peres, integrante do GUS, mas estamos
votando um Gabinete para o Vice-Prefeito da Cidade de Porto Alegre.
O Sr. Cleom
Guatimozim:
Que amanhã poderá ser V. Exa.
O SR. FLÁVIO
COULON: Exatamente.
Muito obrigado. Já tenho a candidatura lançada pelo ilustre Líder do PDT. Conto
com o seu apoio?
O Sr. Cleom
Guatimozim:
Se. V. Exa. concorrer pelo PDT.
O SR. FLÁVIO
COULON: Aí,
não. Aí será difícil, mas, V. Exa. poderá abrir uma dissidência com o PDT e me
apoiar.
Então, Ver. Pedro Ruas, vou votar na certeza de que
a assessoria desse Gabinete será uma assessoria socialista comprometida com os
princípios da ala socialista do PDT e que não esteja entrando nessa assessoria
nenhum acerto de ordem política. Esse, eu gostaria que fosse um compromisso de
V. Exa. com a Bancada do PMDB, neste momento, onde, mais uma vez reafirmo,
votaremos assessoria para o Vice-Prefeito de Porto Alegre e não para o Sr.
Glênio Peres. E faço votos de que a sua Bancada, sempre tão coesa, prestigie
com seus treze votos, porque seria um desprestígio extraordinário se fosse
votado esse Projeto e a Bancada do PDT não estivesse maciçamente com os treze
elementos aqui dentro. Se não estiver, me sentirei na obrigação de admitir que
existem restrições a este Projeto dentro da Bancada do PDT e não fora dela.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
Com a palavra, o Ver. Pedro Ruas. V. Exa. tem dez minutos.
O SR. PEDRO
RUAS: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, o Projeto que ora se vota, corrige, como já foi
dito por este Vereador desta tribuna em outra oportunidade, uma injustiça que
ocorre há quase dois anos nesta Cidade, qual seja, a de que a assessoria do Sr.
Vice-Prefeito da Cidade trabalha sem ter regularmente criados os cargos dessa
assessoria, e, acima de tudo, sem poder jamais realizar um trabalho efetivo em
prol da municipalidade, de acordo com aquelas atribuições específicas do
Vice-Prefeito, por delegação do Prefeito Alceu Collares, justamente pela falta
de um projeto que criasse sete cargos que agora são criados para os assessores
do Vice-Prefeito. Me parece que este é um momento importante para a cidade de
Porto Alegre, na medida em que esses cargos são efetivamente criados e esses
assessores que, até então, trabalharam sempre abrindo mão de compromissos
pessoais, sempre com as maiores dificuldades, terão condições, a partir de
agora, de efetivamente contribuírem para a melhoria de um trabalho que é, acima
de tudo, em benefício da nossa Porto Alegre, que é o trabalho do Vice-Prefeito
Municipal, eleito pelo povo desta Cidade. Eu informo ao Ver. Flávio Coulon que
não temos qualquer ingerência em relação aos nomes que serão indicados para
estes cargos, mas temos a convicção de que todos eles serão preenchidos por
companheiros do PDT, comprometidos com a causa do socialismo democrático.
O Sr. Werner
Becker: V.
Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Vereador, um líder
conservador, em 1700, no Plenário Britânico, disse que um discurso não muda um
voto no Plenário, mas fixa uma posição.
Eu estava ouvindo atentamente V. Exa. quando disse
que o Vice-Prefeito não tem assessoria. V. Exa. esqueceu o principal, o
Vice-Prefeito não tem é mandato. Porque o Vice-Prefeito é eleito para que, em
qualquer eventualidade ou em caso de morte, substitua o Sr. Prefeito. A segunda
hipótese, eu tenho certeza que não ocorreu. E a primeira também não, porque ele
não pediu licença para se ausentar de Porto Alegre. Agora, ele quer assessoria
porque alega que está trabalhando para Porto Alegre? Eu conheço muita gente que
está trabalhando para Porto Alegre e, daqui a pouco, vai pedir cargos também. O
Sr. Glênio Peres, com todo o respeito, ex-Vereador, se quiser mandato, existem
as urnas. Porque o mandato dele é restrito. Agora, se o Prefeito deu
incumbências, eu não sei, e se deu, não pode dar. Eu nunca vi na Lei Orgânica,
ou em Constituição nenhuma, Prefeito dar incumbência a Vice-Prefeito. Se ele
quiser, que dê uma Secretaria. Não quer. Não adianta o Partido pedir.
O SR. PEDRO
RUAS: Eu
preciso fazer um referência breve ao pronunciamento de S. Exa., Ver. Werner
Becker, e dizer que respeito a opinião de V. Exa., apesar de me parecer,
totalmente... Aliás, pelas próprias palavras do aparte, ou seja, há um mandato
restrito, mas há um mandato. O Sr. Glênio Peres é Vice-Prefeito desta Cidade
até janeiro de 1989. Portanto, tem um mandato, e foi eleito pelo povo,
juntamente com o Prefeito Alceu Collares. Mas há um mandato, mesmo restrito,
conforme coloca V. Exa.
O Sr. Werner
Becker:
Saiu na imprensa e o Prefeito disse para mim: “O Dr. Glênio Peres tem mais que
saber que foi eleito Vice!” Isso foi
ele que me ensinou. Agora, me parece que V. Exa. tem mais conhecimento jurídico
que o Prefeito Alceu Collares e eu. O Prefeito pode até ter mudado de opinião,
mas quem me ensinou isso foi ele.
O SR. PEDRO
RUAS: Eu
respeito a sua opinião, mas discordo totalmente. É um mandato, foi conquistado
nas urnas, e é um trabalho efetivo em benefício da Cidade. Agora, conforme
falou V. Exa., há um nível de coerência entre o discurso e o voto. V. Exa. tem
a liberdade de votar contra o Projeto, porém, me parece que é um Projeto
altamente meritório e se soma e complementa o Projeto de autoria do Ver. Flávio
Coulon, que estabelece e regula os subsídios do Prefeito e Vice-Prefeito, nesta
Cidade.
O Sr. Artur
Zanella: V.
Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Retifico a reclamação do Ver.
Werner Becker: o Dr. Alceu Collares quis nomear, só que para Secretarias que
não existiam, que era a Secretaria Extraordinária e a Secretaria de Cultura,
mas, infelizmente, como elas não existiam, ficou prejudicada a indicação.
O SR. PEDRO
RUAS: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, a criação desses cargos, conforme já foi
referido, corrige essa injustiça e, na prática, possibilita que Porto Alegre
tenha, efetivamente, um trabalho melhor, aprimorado e mais qualificado, da
assessoria que trabalha junto com o Sr. Prefeito Municipal, e esses cargos -
isto é importante frisar – são, ocasionalmente, conjunturalmente, indicados
pelo PDT. Tomara que continuem sendo indicados, na medida em que, na próxima
eleição, o PDT possa ganhar, também, o Executivo de Porto Alegre, mas são
circunstancialmente indicados pelo PDT, acima de tudo, ou seja, estes cargos
são criados para o Vice-Prefeito de Porto Alegre, que hoje é do PDT. Amanhã,
poderá não ser, mas os cargos são para Porto Alegre, em benefício desta Cidade,
e é com esta consciência que nós votaremos a favor deste Projeto.
O Sr. Flávio
Coulon: V.
Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Pedro Ruas, saiba V.
Exa. que nós votaremos a favor da idéia, mas, depois do aparte do Ver. Werner
Becker, fiquei preocupado. Com o pouco caso que o Prefeito dá ao Vice-Prefeito,
suponhamos que estes sete assessores, trabalhando em assunto sério e chegando a
belíssimas conclusões, a quem eles vão entregar isto? Entregarão ao Prefeito,
mas este, não dando a mínima consideração ao Vice-Prefeito, fará com que o
trabalho destes assessores seja infrutífero. Mas, se V. Exa. me disser que será
um trabalho político, de consolidação da área socialista, aí já me
tranqüilizaria um pouco mais.
O Sr. Ignácio
Neis: V.
Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Me parece que o aparte do
Vereador que me antecede não procede quanto à preocupação sobre os destinos do
trabalho a ser feito pela assessoria do Vice-Prefeito. Se o Vice-Prefeito é o
eventual substituto do Prefeito, a sua assessoria deve ajudá-lo a estar sempre
preparado para assumir a Prefeitura. Não precisa assessorá-lo para projetos
específicos, mas sim para que ele tenha conhecimento de todos os projetos, para
que possa acompanhar, permanentemente, o que acontece na Cidade, para que, se
um dia ele substituir o Prefeito, possa fazê-lo bem. Ele não pode assumir a
Prefeitura por um dia, por exemplo, despido de conhecimentos, os quais exigem
uma assessoria, inclusive porque são muitos projetos que passam pelas
Secretarias e pela Câmara Municipal. Então, nesse sentido, me parece válida e
bem necessária a criação desses cargos. Eu tenho muito mais do que três
assessores, porque necessito e pago do meu próprio bolso.
O SR.
PRESIDENTE:
Ver. Pedro Ruas, está inscrita a Verª Teresinha Irigaray, que cede seu tempo a
V. Exa., e eu consulto aos Vereadores Antonio Hohlfeldt, Artur Zanella e Paulo
Satte, que estavam inscritos, para ver se não há oposição. (Assentimento dos
Srs. Vereadores.)
O Sr. Ignácio
Neis:
Repito que tenho mais de três assessores, porque há poucos dias havia mais de
mil Pedidos de Providências, e é necessário quatro a cinco datilógrafos para
encaminhá-los ao Executivo, porque, do contrário, só no ano que vem. Então,
imaginem quanto não necessita um Vice-Prefeito, muito mais do que um Vereador.
O Sr. Hermes
Dutra: V.
Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Queria fazer uma ratificação
e uma retificação ao discurso de V. Exa. Ratificação, porque efetivamente acho
que o cargo é do Vice-Prefeito e não pertence ao PDT: ele é Vice-Prefeito da
Cidade. A retificação é para que V. Exa. não fique sonhando com vãs esperanças
de que o PDT vai ganhar as eleições.
O SR. PEDRO
RUAS:
Agradeço aos Vereadores Antonio Hohlfeldt, Paulo Sant’Ana, Artur Zanella, que
consentiram que eu permanecesse na tribuna. Eu diria que a correção dessas
injustiças está hoje em nossas mãos, e nossa consciência de Vereadores de Porto
Alegre nos leva ao juízo de que o voto que hoje se dá para a criação dos cargos
do Vice-Prefeito desta Cidade, independente do Partido que hoje está no Governo
Municipal, na medida em que esses cargos permaneçam, a partir de agora,
criados, se a votação for favorável ao mesmo Projeto, independente dos
resultados das próximas eleições, e pelo menos resta a consciência de termos
colaborado com a Cidade nesse sentido. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O próximo inscrito é o Ver.
Antonio Hohlfeldt. Ausente. Ver. Artur Zanella.
O SR. ARTUR
ZANELLA:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, há dias li para diversas pessoas, inclusive
Vereadores, a primeira página de apresentação deste Projeto e perguntei àquelas
pessoas sobre o que era o Projeto. Disseram-me de tudo: criação de um teatro em
Porto Alegre, um centro social urbano, pois, “data venia”, isto é exatamente o
contrário de quem quer aprovar o Projeto. O Projeto não diz nada com o que está
acontecendo. Mais ainda: tenho separado o Projeto em vários assuntos e num
deles eu cito novamente profunda desinformação e até um certo grau de falta de
gratidão do Dr. Glênio Peres com esta Casa, quando deu aquela entrevista
culpando-a por suas desventuras. Até respondi que esta Casa foi muito
condescendente, porque aprovou no ano passado uma sala com o Dr. Glênio Peres
com o nome de Secretaria Extraordinária, que está sendo paga não sei em que
rubrica. E, na época, dizia ainda que o Sr. Vice-Prefeito ficasse mais perto do
povo e retiraram do térreo da Prefeitura velha, como se diz, e colocaram no 15º
ou 5º andar de um prédio.
Em segundo lugar, se dependesse eu no meu voto das
declarações do Dr. Alceu de Deus Collares, foi extremamente enfático de dizer
esses versos, programas eu vi, dizendo que o “camaradinha” Glênio Peres, o
“companheirinho” Glênio Peres está completamente enganado: porque tem que
esperar que o Prefeito peça licença, morra ou renuncie. Perguntava o Dr. Coulon
o que se faz com os trabalhos apresentados pelo Vice-Prefeito. Trago um aqui,
uma entrevista com o Dr. Glênio Peres, “Prefeitura posta em grandes áreas de
lazer em pleno centro”, dizendo que o Vice-Prefeito Glênio Peres, com um grupo
de arquitetos, engenheiros e geólogos, começou a estudar a construção de uma
estação semi-enterrada que é a “menina dos olhos” da Prefeitura. Apresentado o
projeto, badalado o projeto, foi liquidado pelo Sr. Nereu D'Ávila, que numa
simples entrevista diz que não tem mais estação, que a idéia é equivocada, que
não funciona e que já tinha autorizado o início da quadra 2 da Voluntário da
Pátria.
Então, na verdade, vamos ser bem claros, nós temos é
que separar o Projeto. A posição do Sr. Prefeito Municipal é passar para nós
esta responsabilidade, porque se o Sr. Prefeito Municipal quisesse dar uma
estrutura para o Dr. Glênio Peres trabalhar, teria dado com os mil e poucos
cargos que tem ou com os 32 cargos que foram criados hoje. Poderia ter dado
tranqüilamente. O Dr. Alceu Collares não quer dar. É a primeira parte. A segunda
parte se traz aqui com certa colocação que os assessores trabalham sem receber.
A culpa, também, não é desta Casa, a culpa cabe ao Poder Executivo Municipal,
que faz as pessoas trabalharem até de forma ilegal, porque uma pessoa que não é
funcionária pública não pode, evidentemente, trabalhar dentro de uma mesa de um
Poder Público. Então eu vou votar, depois de tudo isto, e dizer que esta Casa
tem que votar um Gabinete para o Vice-Prefeito da Cidade, não para fazer
projetos do Dr. Collares, que não leva em conta, mas sim assessorar o Sr.
Vice-Prefeito para que ele acompanhe a Administração Municipal e, num momento
em que substitua o Prefeito, ele então tenha condições, mas que substitua,
porque o Sr. Cleom Guatimozim substituiu 41 vezes os Prefeitos anti-democráticos
que existiram. Ouvi uma entrevista com o Sr. Glênio Peres dizendo que ele
substituiu até hoje 3 vezes. Então, nossa justificativa não tem nada a ver com
o Projeto que vamos votar, e aqueles que votarem o Projeto que dêem assessoria
ao Sr. Prefeito, Sr. Vice-Prefeito de Porto Alegre, e ele, Vice-Prefeito de
Porto Alegre, escolha os seus assessores, e espero que faça bem ou espero que
mantenha a equipe que está trabalhando que, ao que me consta, trabalha muito
bem e que têm um trabalho adequado e afinado com o Sr. Vice-Prefeito, Dr.
Glênio Peres, porque se o Dr. Collares, efetivamente, encaminhasse cargos bem
ou da Prefeitura para o Dr. Glênio Peres, provavelmente não seriam os de maior
contato com o próprio Dr. Glênio Peres, tendo em vista, porque me parece claro,
também, que o Dr. Glênio Peres não é o candidato preferido do Dr. Collares na
convenção do PDT. Como estamos fora e não podemos opinar profundamente...
O Sr. Werner
Becker: V.
Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Tudo indica, e mesmo que não
aconteça é um direito do Prefeito se licenciar, já declarou que vai fazer isso
em prazo suficiente para se desincompatibilizar. Pergunto: estes sete cargos
ficam no ar, ficam desprovidos? Uma coisa é Presidente da Câmara no exercício da
Prefeitura, outra coisa é Vice-Prefeito. Pergunto, na hipótese do Prefeito se
desincompatibilizar ou se licenciar por um tempo grande ou por algum tempo,
como é que ficam estes cargos, porque desaparece a figura de Vice-Prefeito.
Pergunto a V. Exa., que é um “expert” há 20 anos em Prefeitura Municipal.
O SR. ARTUR
ZANELLA: Em
primeiro lugar V. Exa. me dá um pouco de apreensão, por que o Dr. Collares vai
se desincompatibilizar? Para concorrer a alguma eleição ou alguma coisa?
O Sr. Werner
Becker: A
Deputado Federal, por exemplo?
O SR. ARTUR
ZANELLA:
Mas aí o tempo não alcança.
O Sr. Werner
Becker: E
se ele adoecer?
O SR. ARTUR
ZANELLA: Há
uma possibilidade que a Nova Constituição lhe permita a concorrer à reeleição.
O Sr. Werner
Becker: E
se adoecer por dois meses, por exemplo? E se ele quiser se licenciar por um
mês, como é que fica?
O SR. ARTUR
ZANELLA:
Ver. Werner Becker, posso lhe dar um exemplo da Nova República, que não existe
o Vice-Presidente nem no Palácio do Jaburu, que é cuidado de uma forma
irrepreensível.
O Sr. Werner
Becker: É
diferente, porque lá não tem CCs da Vice-Presidência. Lá tem funcionários a
serviço da Vice-Presidência. Não tem CCs. Dou esta informação a V. Exa.
O SR. ARTUR
ZANELLA:
Acho que tem CCs e das boas. No mínimo um Chefe de Gabinete, um
Secretário-Geral. V. Exa. coloca uma situação que bem que merece uma emenda das
Lideranças, porque são as únicas que podem apresentar emendas agora,
especificando que, no caso de vacância do cargo de Vice-Prefeito, que naquele
momento sejam estas pessoas também afastadas. Creio que V. Exa. levanta um fato
relevante.
O Sr. Ignácio
Neis: V.
Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) A preocupação do Ver. Werner
Becker é que justifica o meu voto favorável à criação desses cargos. No momento
em que existe a possibilidade de o Vice-Prefeito assumir, por dois meses, o
cargo de Prefeito, e o Prefeito não estiver exercendo outro cargo no Município,
aqueles sete cargos que estão disponíveis ao Vice-Prefeito no exercício da
Prefeitura é que vão mais de perto continuar a assessorar o Prefeito naquele
momento. No mínimo, estão aí os sete cargos assessorando o Vice-Prefeito para
que, quando ocorra aquele problema de dois meses, ele esteja preparado.
O SR. ARTUR
ZANELLA: V.
Exa., como sempre, tem razão. Se eu pudesse sugerir um conselho ao Dr. Glênio
Peres, o que nós estamos vendo em tudo aí é bom que ele leve mesmo os seus sete
assessores lá para a Prefeitura quando ficar dois meses ou alguns dias, porque
é bom ter pessoas extremamente afinadas trabalhando com ele num cargo tão
importante. Eu vou votar favorável à criação dos cargos e do gabinete, mas só
espero que não pensem que acreditei na Exposição de Motivos. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA.
PRESIDENTE (Gladis Mantelli): Com a palavra o Ver. Paulo Satte.
O SR. PAULO
SATTE: Sra.
Presidente e Srs. Vereadores, muitas das vezes em que me faço presente neste
Plenário, me lembrando dos tempos passados que ainda perduram hoje, às vezes
saio deste Plenário enojado, desculpem a palavra. Eu acho, Sra. Presidente e
Srs. Vereadores, que chegou o momento do PDT romper o acordo com o PMDB. Eu não
sei por que esse acordo, se na realidade não há acordo nenhum. O Partido que
mais critica a atual Administração é o Partido que possui cargos no acordo
PMDB-PDT. Eu não sei por que há, ainda, esse tipo de acordo. Esse acordo exige,
hoje, do Líder da minha Bancada, Ver. Cleom Guatimozim, que tome uma posição a
respeito disso, por que não fazer um acordo com os outros Partidos que apóiam
os Projetos do Executivo?
Então, Sra. Presidente e Srs. Vereadores, este é o
apelo que faço ao Líder da minha Bancada, já que não existe mais acordo, nunca
existiu, existiu no início desta Legislatura, só para divisão de cargos. E
agora, no momento em que nós fazemos parte do Executivo Municipal, precisamos
de votos, precisamos de apoio de outras Bancadas para que os Projetos do
Executivo possam ser aprovados, é, exatamente, o PMDB, com o qual o PDT fez o
acordo, que se retira do Plenário, não vota. Quando veio o Projeto, por
exemplo, do Plano Diretor - Projeto importantíssimo para Porto Alegre - votaram
contra.
O Sr. Nilton
Comin: V.
Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu tenho o maior respeito por
V. Exa. e todos os colegas da Casa, mas assim como V. Exa. teve a liberdade de
se divergir do Sr. Prefeito Municipal, porque todo democrata tem esta
liberdade, eu acho que qualquer Vereador tem também esta liberdade e quero
lembrar a V. Exa. que o acordo é na Casa, no Legislativo, e não no Executivo.
Era apenas isso.
O SR. PAULO
SATTE:
Nobre Vereador, eu não tenho acordo nenhum com o Sr. Prefeito. Quem tem acordo
é a Bancada do PDT com o PMDB. Se o Sr. Prefeito fizer melhorias para a Zona
Norte, eu vou aplaudi-lo e, se ele não fizer, eu venho para a tribuna e vou
criticá-lo.
Então, deixo aqui este apelo ao meu Líder Ver. Cleom
Guatimozim: por que não oferecer o acordo aos Partidos que votam favoravelmente
aos projetos do Executivo? E tem mais, com relação a este acordo da época,
muitos dos Srs. Vereadores não pertencem mais ao PMDB. Tem pessoas que
pertenciam ao PMDB, na época, e que hoje têm cargos. Solicito ao meu Líder para
que, de imediato, tome providências com referência ao remanejo dos cargos.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. ANTONIO
HOHLFELDT (Questão de Ordem): Sra. Presidente,
apenas para meu conhecimento, eu gostaria de saber se estávamos
discutindo um Projeto que cria cargo de Vice-Prefeito com assessoria ou um
Projeto que cria assessorias e cargos na Casa. O Ver. Paulo Satte se perdeu um
pouco na discussão.
A SRA.
PRESIDENTE:
Era exatamente o que nós estávamos – nós, a Mesa, composta por mim, pela Verª
Teresinha Irigaray e pelo Ver. Jaques Machado - tentando discutir, o que o
nobre Ver. Paulo Satte estava discutindo na tribuna.
O SR. IGNÁCIO
NEIS (Questão de Ordem): Sra. Presidente, a Questão de Ordem do Vereador não procede, uma vez
que aquilo que estava sendo posto da tribuna pelo Ver. Paulo Satte era um lance
político, um apelo político, dentro do contexto político, e que vale como
pressão, talvez, em hora de votação e que faz parte do jogo em dia de votação.
Faz parte do jogo democrático e do discurso.
A SRA.
PRESIDENTE:
Se o Ver. Paulo Satte tivesse, em algum momento, em alguma linha do seu
discurso, se referido ao Projeto, concordaríamos que realmente ele tivesse
feito como pressão política. Faz parte disso. A Mesa não concorda ou discorda.
A Mesa simplesmente concede a palavra, como fez ao nobre Vereador. Ele usou seu
tempo fazendo exatamente o que desejou. Tem a palavra o Ver. Frederico Barbosa,
por dez minutos.
O SR.
FREDERICO BARBOSA: Sra. Presidente e Srs. Vereadores, a minha participação nessa
discussão, certamente é plenamente dispensável, porque tenho uma posição
absolutamente aberta e firme sobre o Projeto. Desde o primeiro dia disse que se
fosse votar pelo ofício deste Projeto, que o encaminhou, não votaria. Já disse
o Ver. Artur Zanella, e eu também já disse isso tantas vezes da tribuna, que
são verdadeiras peças raras do Executivo a redação dos ofícios encaminhatórios
a esta Casa. Esse aqui fala em tratado sociológico, em outras expressões que
são compostas num gabinete, que às vezes o Projeto vindo a esta Casa parece que
persegue uma aprovação. Se examinando à luz do que diz, merece uma negativa.
Mas como não estou aqui para aprovar a redação dos ofícios, nem tampouco para
aprovar ou para discutir as mazelas e os problemas existentes entre o Prefeito
e o Vice-Prefeito eleito, eis que essas são públicas e notórias, não me cabe,
como representante de parcela da população, julgar os problemas internos do PDT
e, sim, julgar - e julgar na tentativa de julgar bem - as necessidades maiores
para o bom desenvolvimento de uma administração para a Cidade. É isso que
pretendo fazer, ao dar meu voto, hoje, sim, para a composição do Gabinete do
Vice-Prefeito da Capital do Estado do Rio Grande do Sul, para a qual nós,
gaúchos, gostamos de dizer: “a Capital mais politizada do País”, que hoje, que
até agora, às 18h47min do dia nove de setembro de 1987, mesmo tendo eleito o
seu Vice-Prefeito há algum tempo atrás, não tem esta situação regulamentada, o
que é vergonhoso para a Cidade, segundo o meu ponto de vista.
O Sr. Pedro
Ruas: V.
Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Apenas a título de
curiosidade, quando V. Exa. falou em peças raras, me lembrei do parecer
conjunto deste Processo.
O SR.
FREDERICO BARBOSA: Agradeço o aparte de V. Exa. e o incluo numa das tentativas de
reprovar este Projeto, porque se o incluísse somaria à peça rara do momento
expositório desse Processo, que também ajudaria a empurrar para a negativa da
aprovação. Não o incluo, o incluo como
um elogio ao brilhante parecer dado pelo Ver.
Ignácio Neis, meu ex-Líder, que analisa profundamente a situação que
envolve todo este Projeto.
O Sr. Artur
Zanella: V.
Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Dentro desta analise, a que
fala que “a representatividade outorgada tem o condão de subsumir os encargos
da função” e “que num passado próximo a comunidade porto-alegrense teve que
conviver com o afastamento do Prefeito sem um substituto que estivesse
vivenciando o dia-a-dia das questões do Executivo”. Quer dizer, o Ver. Cleom
Guatimozim já era o Vice-Prefeito notório, 41 vezes; também o Ver. Valdir Fraga
e o Ver. André Forster, todos eles vivenciando o problema do Executivo e do
Legislativo e não é com esta pessoa que vão fazer isto, nem com o Sr. Glênio
Peres.
O SR.
FREDERICO BARBOSA: Graças a Deus, nenhum desses subsumiu. Mas, Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, já analisei e vou voltar a ler - só que o Vereador que me
contestava já não está no Plenário -, sem fugir do assunto, o que coincide “in
totum” no número, a Constituição Estadual, no art. 59, e a Lei Orgânica do
Município, no mesmo art. 59. A Constituição do Estado diz que o
“Vice-Governador substituirá o Governador, no caso de impedimento; e no caso de
vaga do cargo assumirá definitivamente”. E um decreto datado de março de 1971
compõe com as seguintes peças: “o Gabinete do Vice-Governador, que hoje ocupa
um dos andares do Centro Administrativo, será constituído por um Chefe de
Gabinete, por 2 Assessores, 2 Assistentes, 2 Auxiliares e pessoal auxiliar,
etc.”. O último, repito, pessoal auxiliar, não há número citado para auxiliar o
Vice-Governador.
Ora, como no art. 59 diz que o Vice substitui o Governador,
seria desnecessário dizer, no mesmo artigo que diz que o Prefeito é substituído
pelo Presidente da Câmara, o Ver. Nereu D'Ávila, em um Projeto de Lei que
tornou-se Lei em 9.12.85, declara, em Emenda, que o Prefeito e Vice-Prefeito
são eleitos, aí, então, coloca a figura do Vice-Prefeito na Lei Orgânica, que
não existia, como substituto. Identicamente ao que diz a Constituição do
Estado.
O Vice-Presidente da República, mesmo não existindo,
hoje já foi discutido no Plenário, tem a composição do seu gabinete. O
Vice-Governador do Estado tem a composição do seu gabinete e, até agora, nenhum
membro do seu Partido pediu para extinguir depois que assumiu o Governo o
Partido que hoje está que é o PMDB.
E agora, o Projeto que vem à Casa cria cargo e
estabelece, que não o Sr. Glênio Peres, que eventualmente e por muito pouco
tempo, porque já passou metade do seu mandato eleito de Vice-Prefeito, mas
todos os outros Vice-Prefeitos de Porto Alegre, passarão a ter, se votado hoje
favoravelmente, e tenho absoluta certeza que sim, porque é uma questão, no meu
ponto de vista, é uma questão pessoal e que ninguém leva a mais do que pessoal,
de dignidade, Srs. Vereadores. Eu, Vereador, fui às ruas e pedi votos ao Sr.
Reginaldo Pujol, candidato, à época, do PDS e meu companheiro de Partido à
época. Vergonha tenho eu de ter pedido a quem não tinha uma composição para
trabalhar. Mas, teria eu pedido, se eleito o Sr. Reginaldo Pujol, que o Dr.
Victor Faccioni fizesse como primeira atitude de Governo a criação do Gabinete
e as condições de trabalho para aquele companheiro que passou de porta em porta
e que seria, então, o seu companheiro de insucesso, de infortúnio, de vitórias,
de derrotas, ou seja, o seu companheiro de trabalho. Isso não foi feito pelo
Prefeito de Porto Alegre que, até agora, depois de muito se falar, não tinha se
manifestado favoravelmente nem para o seu Vice-Prefeito, mas para que a cidade
de Porto Alegre tivesse dignidade no sentido de ter o seu Gabinete de
Vice-Prefeito.
Este Vereador pediu urgência ao Projeto, quando
entrou na Casa, por um único motivo, porque sempre disse que tinha vergonha
desta situação. Tomei atitude para que o Processo viesse sem atropelamentos,
porque esse não era o meu interesse.
A SRA.
PRESIDENTE:
O Ver. Aranha Filho inscreve-se e cede o seu tempo a V. Exa., com a permissão
dos Vereadores inscritos, que são: Ver. Antonio Hohlfeldt e Verª Bernadete
Vidal, se S. Exas. concordarem, V. Exa. tem mais dez minutos.
O SR.
FREDERICO BARBOSA: Sou grato aos Srs. Vereadores que me concederam o tempo, não irei usar
todo o tempo, apenas para concluir a idéia, encerrar o meu pronunciamento.
Certamente tomei a atitude, não sendo do Partido do
Governo, em primeiro lugar, porque não via atitude no Partido do Governo, de
tentar resolver aquilo que o Prefeito estava com um ano e meio de atraso; em
segundo lugar, por achar que estava absolutamente declarada minha posição e que
nós iríamos enfrentar um mês e setembro com uma série de projetos extremamente
importantes para a Casa, assim como outubro e novembro, porque é o que se prevê
de trabalho para o segundo semestre. Precisávamos liquidar com esta situação.
Situação que não é dúvida: é votar pela composição de um gabinete, claro e
objetivamente exposto, não pelo ofício encaminhatório, mas pelo número de
cargos, as funções, as rubricas, etc. Ou não votar. Compor o Gabinete do
Vice-Prefeito da Cidade ou não compor. Politicamente, o que eu poderia fazer
neste momento? Votar contra. Não é do meu Partido, não tenho ingerência
nenhuma, como algumas pessoas querem sutilmente dizer, no Governo que aí está.
Critico desta tribuna como aquele que pode dizer, junto com tantos outros que
têm vindo a esta tribuna, dizer que o Prefeito deve muito e muito à Cidade,
porque promessas existem aos montes, projetos em pilhas, mas a Cidade está como
todos nós vemos diariamente: esburacada, sem luz e precisando de tantas outras
coisas, apesar das promessas. E é com estas frases que encerro meu
pronunciamento: vou votar com a tranqüilidade de quem defendeu desde o início
esta posição. As leis são claras. A constituição aqui está. Outro dia fui
criticado pelo Ver. Luiz Braz que, lastimavelmente, não está presente no
Plenário agora, e queria levar o assunto a nível estadual e que votávamos a
nível municipal, mas, na verdade, o Vereador não me mostrou nenhuma crítica, a
nível estadual, a todo o gabinete que o Vice-Governador tem a sua disposição.
Eu jamais criticaria o Sr. Sinval Guazelli pelo gabinete que tem. Em primeiro
lugar, porque conheço S. Exa. e sei que sabe, como político hábil, trabalhar, e
como trabalha com sua inteligência pelo Rio Grande do Sul, sem ser meu
companheiro de Partido. E é desta maneira que acho que o Vice-Prefeito de Porto
Alegre, Glênio Peres, homem que discordo de suas posições político-partidárias,
mas que, inquestionavelmente, é um homem que trabalha, é um homem que não se
acomoda, deva estar aparelhado hoje, para ele, em muito pouco tempo, e se,
posso dizer assim, se Deus quiser, e a população ajudar, porque espero que seja
o meu Partido que detenha a Vice-Prefeitura conjuntamente com a Prefeitura nas
próximas eleições.
O Sr. Artur
Zanella: V.
Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu também, neste ponto,
queria dar uma demonstração e um apoio a esta civilidade que se faz com o
Governo do Estado. O Dr. Sinval Guazelli, por exemplo, é uma pessoa que atua. E
também temos que convir que o Dr. Glênio Peres, ex-Vereador, deve receber,
também, o nosso apoio. Ele está imprensado, de um lado, pelo Dr. Dilamar
Machado com todo o Departamento Municipal de Habitação, o Sr. Carlos Araújo com
a Assembléia, e a Dona Derci que, agora, parece que não tem mais um apoio tão
grande assim, e o Dr. Glênio Peres está, efetivamente, em inferioridade e
merece o nosso apoio.
O SR.
FREDERICO BARBOSA: Eu agradeço o aparte e encerro com uma última afirmação, repetindo o
que disse no primeiro dia em que analisei este Projeto. Já disse publicamente
que me sinto mal-assessorado, tendo apenas três pessoas à minha disposição para
exercer o meu mandato. Quando discutia, há poucos dias, com o Ver. Luiz Braz,
neste Plenário, que acabava de chegar de 42km, que de ida e volta dava 84km,
para olhar o colégio que o Governo do Estado, até agora, não conseguiu dotar de
um único posto de saúde desde que assumiu e o médico sumiu. Se vou a público
dizer abertamente que me acho mal-assessorado, não pelos que estão comigo, mas
porque acho que precisaria mais gente para ser mais atuante em favor da
população, não posso fechar os olhos e dizer politicamente que sete cargos para
o Vice-Prefeito de Porto Alegre é um assessoramento demais para quem deseja
trabalhar para a Capital do Estado do Rio Grande do Sul. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. ARTUR
ZANELLA (Questão de Ordem): Eu queria saber se essa votação vai ser secreta ou não, porque nesse
caso não precisa nem a votação, eis que no ofício do Sr. Prefeito Municipal ele
afirma, em determinado momento, que o Gabinete do Sr. Vice-Prefeito existe de
fato. Então está bem claro que já existem pessoas exercendo de fato essa
função, e não precisa nem votação para decidir que essa votação deverá ser
secreta.
A SRA.
PRESIDENTE:
A Mesa ainda não tem uma resposta a respeito.
O SR. WERNER
BECKER (Questão de Ordem): A expressão “de fato” cobre, meramente, por retórica, ou talvez
onipotência do Sr. Prefeito, que está criando o Gabinete de fato, sem consultar
a Câmara. A Mesa da Câmara deve tomar como não-escrita essa expressão.
O SR. ARTUR
ZANELLA (Questão de Ordem): Na página dois do ofício do Sr. Prefeito Municipal, está escrito, e
não se pode dizer que não existe ou não
tomar conhecimento, porque está escrito. Já mandei gente lá que foram atendidas
por essas pessoas, e, por sinal, muito bem atendidas. O Dr. Artur Bacchini, por
exemplo, foi um. Então já está funcionando, existe, as pessoas estão aí, posso
nominá-las, e está escrito aqui.
A SRA.
PRESIDENTE:
Com a palavra o Ver. Antonio Hohlfeldt.
O SR. ANTONIO
HOHLFELDT:
Sra. Presidente e Srs. Vereadores, ao contrário do que poderia esperar o nobre
Líder do PDT, que não está em Plenário no momento, nós não temos posição
contrária à criação do cargo de Vice-Prefeito. Nós entendemos que é uma questão
de respeito a quem foi eleito na dobradinha com o Prefeito Alceu Collares.
Então, somos a favor do Projeto, que cria, formalmente, o Gabinete do Vice-Prefeito,
porque, exatamente, como já foi dito aqui, não é apenas para o atual
Vice-Prefeito Glênio Peres. Agora, o que discordamos, e nesse sentido estamos
apresentando uma Emenda de Líder, na medida em que, mais uma vez, o uso do art.
44 atropela o andamento dos Projetos nesta Casa, no sentido de que, se
entendemos e até apoiamos que os cargos de Assessor para Assuntos Especiais e
Oficial de Gabinete devem ser cargos de confiança, portanto preenchidos a nível
de CC, entendemos que a assessoria técnica, por ser técnica, não tem,
necessariamente, que depender de figuras a serem convidadas externamente ao
quadro de pessoal. Ao contrário, acho que o Vice-Prefeito, até porque
praticamente tem atuado junto a determinados projetos vinculados a certas Secretarias,
pode até dispor de assessoria já constante do quadro da Prefeitura Municipal,
até eventualmente da Câmara, se assim entendesse. De maneira que a nossa Emenda
faz uma modificação na rubrica, no código do art. 2º - três assessores
técnicos, código 2.1.2.7, para código 2.1.1.7, que é exatamente o que define a
possibilidade da FG. É a nossa única observação, que não pretende complicar a
vida do Vice-Prefeito, na medida em que, como dissemos, achamos que é
importante a existência do Gabinete.
O Sr. Werner
Becker: V.
Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Sua Emenda tem o defeito de
se apresentar no corpo do art. 44. Eu queria uma explicação: V. Exa. diz que
estabelece a possibilidade ou a necessidade?
O SR. ANTONIO
HOHLFELDT: Estabeleceria,
no caso, a exclusividade de ser preenchido por FG, no caso dos assessores
técnicos.
O Sr. Werner
Becker: O
que eu estava tentando esclarecer é que o que eles têm é FG.
O SR. ANTONIO
HOHLFELDT:
É exatamente isto. Então, eu respeito, por uma questão de coerência do que eu
disse anteriormente e também porque eu acho que, cada um de nós aqui, ao montar
o seu gabinete, tem um ou dois assessores que são realmente da nossa estrita
confiança. Acho que isto faz parte do trabalho político, embora esta ressalva
de V. Exa. Então, respeito esta questão do assessoramento para assuntos
especiais que, por ser Assessor de Assuntos Especiais, eu entendo que deva ser
uma pessoa de estrita confiança do Vice-Prefeito e até admito que venha de
fora. E ainda tem o Oficial do Gabinete, que vai ser aquela pessoa que vai
trabalhar diretamente com o Vice-Prefeito, como eu tenho o meu oficial e todos
nós temos. Agora, acho que a assessoria técnica, por ser técnica, o que vale é
a competência profissional, não tendo por quê vir de fora, ao contrário, ela
pode ser requisitada dentro do quadro dos funcionários da Prefeitura, do
Executivo, ou, até mesmo, se assim entendesse o ex-Vereador Glênio Peres, que
conhece a assessoria da Casa, tanto que o próprio Executivo requisitou
funcionários da Casa e levou para sua assessoria.
O Sr. Werner
Becker: V.
Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu queria expor um problema
que surge com a Emenda de S. Exa., e se a
Mesa me desse atenção, porque vai ser motivo de reflexão e não quero
levantar como Questão de Ordem, na hora: é que a Emenda de V. Exa. é uma
emenda, mas ela altera com substância o Projeto, então, será que ela não é uma
emenda substitutiva e deva ser votada antes do Projeto? Talvez, até por
composição política, seja mais prático para nós, porque se ela for apresentada
como Substitutivo, por exemplo, V. Exa. vota a favor, eu voto a favor, agora,
se reprovada a Emenda de V. Exa., eu não vou votar a favor do Projeto. Acho que
ela tem o caráter de diferenciar qualitativamente o Projeto e deve ser levada
como emenda substitutiva.
O SR. ANTONIO
HOHLFELDT:
Acho que o Vereador Líder do PDT, Cleom Guatimozim, se encontra em Plenário e
pode se pronunciar a respeito, dar a sua palavra, como tem feito em outras
ocasiões, e tem cumprido, e eu me sentiria satisfeito com a palavra do Ver.
Cleom Guatimozim na garantia da aprovação da Emenda, porque acho que não
prejudica ao hoje Vice-Prefeito Glênio Peres e, ao contrário, acho que protege
de uma certa maneira esta idéia, de que serão funcionários de carreira, dentro
do Executivo, que serão chamados a atuar no Gabinete do Vice-Prefeito. Eu
acolho o aparte de V. Exa. e a Mesa é quem deve encaminhar isso, junto às
Lideranças, e, obrigado pelo fato de ter sido invocado o art. 44 da Lei
Orgânica, não me restou outra alternativa, senão entrar com a Emenda de
Liderança, na medida de valorizar o quadro funcional do Executivo. Apenas isso,
acho que o Ver. Cleom pode fazer uma análise e se pronunciar a respeito,
ficando aqui uma contribuição nossa. No mais, estamos favoráveis ao Projeto,
exatamente como foi colocado aqui por outros Vereadores. Entendemos que o
Vice-Prefeito deve ter um gabinete, deve ter uma assessoria e deve cumprir uma
função dentro da Administração Municipal. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: A Mesa acusa recebimento de
Emenda de Líder, do Ver. Antonio Hohlfeldt, ao presente Projeto e sugere a
não-interrupção dos trabalhos para Parecer Conjunto da Emenda apresentada,
porque passará a palavra à Verª Bernadete Vidal, que é a próxima inscrita. Se
não houver mais oradores posteriormente, interromperemos a Sessão.
A Verª Bernadete Vidal está com a palavra.
A SRA. BERNADETE VIDAL: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, não vou entrar no mérito do Projeto, porque companheiros de Bancada
já o fizeram de maneira brilhante. Gostaria apenas de colocar minha posição
particular de quem, extra-acordos, está sendo atacada pelo Sr. Prefeito
Municipal e por um dos seus Secretários, com sua conivência.
Esta situação leva-me, apesar do mérito do Projeto, apesar do respeito
que tenho pelo ex-Vereador Glênio Peres e apesar também de saber que esta Lei
não se destina apenas ao Sr. Glênio Peres, mas eu não posso e não tem outra
maneira de manifestar o meu desagrado, de manifestar o meu descontentamento com
os Srs. Alceu Collares e Nereu D'Ávila. Eu não tenho outra maneira de dizer
não, senão dando o meu voto contrário de início a este Projeto, porque não
posso mais conviver com esta situação de ver meu nome colocado na “Zero Hora”,
colocando-me contra outros segmentos da deficiência e ter o meu nome levado
maldosamente pelo Sr. Collares, tendo os meus companheiros vítimas de má fé,
vítimas de uma Prefeitura socialista que está abanando a mão e se curvando aos
capitalistas do Centro, não tenho outra maneira senão dar o meu voto contrário
em projetos de interesse do Sr. Prefeito Municipal e que, por sua vez, não
prejudiquem o Município de Porto Alegre, pois tenho que votar com ele sempre
que achar que o referido projeto
beneficie a cidade de Porto Alegre, mas nesse eu não vejo prejuízo e como não
vejo prejuízo vou votar contra.
O SR. KENNY BRAGA (Questão
de Ordem):
Sra. Presidente, eu gostaria de saber o que a Verª Bernadete Vidal está
discutindo exatamente na tribuna, se é o Projeto ou é a questão dos ambulantes
cegos na Cidade?
A SRA. PRESIDENTE: A nobre Vereadora está
discutindo o Projeto. Está dizendo que vai rejeitá-lo.
O SR. ARTUR ZANELLA (Questão
de Ordem):
Eu creio que o Ver. Kenny Braga faz um pecado pior do que a Vereadora, se é que
ela o fez. O que o Ver. Kenny Braga fez não é uma Questão de Ordem, e não
colocou ordem na questão.
Agora, depois que eu der o meu aparte, eu poderia dizer e dar a palavra
ao Ver. Kenny Braga, para ver se tem alguma relação ou não, que o Dr. Glênio
Peres fez, efetivamente, um projeto de uma estação subterrânea para atender os
camelôs e ambulantes e é uma promessa do Executivo Municipal de que nesta
estação seriam abrigados os ambulantes, camelôs, dando preferência aos
deficientes visuais. O Sr. Prefeito, em conversa que tivemos com ele, com os
Vereadores junto, duas ou três vezes reiterou essa promessa, e eu não sei
porque o Ver. Nereu D'Ávila, que vejo nos muros da Cidade, bombardeia tanto a
posição do Prefeito, que disse na sala dele, para os Vereadores que lá estavam,
que não seriam afetadas essas pessoas e que iriam para esta estação subterrânea
- como bombardeia o ex-Vereador Glênio Peres -, dizendo na imprensa que não adianta o Sr. Vice-Prefeito
vir com este projeto porque já determinou a construção do paredão. Então, esta
colocação da Vereadora é perfeita, quer dizer, existe um trabalho do
Vice-Prefeito que beneficia os deficientes e os camelôs e existe o trabalho do
Dr. Nereu D'Ávila que, no intervalo da pichação dos muros, cria este problema
todo para estas pessoas que estão na frente da Prefeitura.
A SRA. BERNADETE VIDAL: Existe tudo para que eu
vote contra e para que eu venha à tribuna falar sobre este Projeto. Este
cidadão antecede a Administração do Sr. Prefeito Alceu Collares, que está
mandando para cá o Projeto, que quer humanizar o Centro, tirando pessoas do
Centro, esvaziando o Centro, este mesmo cidadão que desumaniza a Cidade
pichando todos os muros por aí, este cidadão pertence ao PDT e é um dos
interessados neste Projeto. Então, tenho que manifestar, à minha maneira, com a
arma que eu tenho, esta arma pequena que é o meu voto e o meu descontentamento
aqui. Eu não tenho a imprensa, eu não anuncio no jornal para obter espaço para
falar contra ninguém. Só tenho espaço quando eu faço notícia. Então, vou usar
desta arma, quer queiram, quer não queiram.
O Sr. Flávio Coulon: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento da oradora.) V. Exa., eu estranho, tem a fundamentação do seu
voto contestando. V. Exa. está apresentando na tribuna, claramente, objetivamente,
corajosamente, as razões de votar contra. Aliás, Vereadora, esta oportunidade
de nós manifestarmos a nossa solidariedade em relação às brutais perseguições
que V. Exa. está sofrendo - V. Exa. e seu grupo de deficientes visuais - por
parte da Administração do PDT, e lamentar que, apesar de toda essa perseguição,
a sua Bancada, há poucos minutos atrás, votou maciçamente, inclusive a ilustre
Vereadora, a favor de um processo que cria 32 cargos para essa Administração
que lhe persegue.
O SR. ARTUR ZANELLA (Questão
de Ordem):
Gostaria que o Ver. Flávio Coulon retirasse a última parte do seu
pronunciamento, porque a votação foi secreta. Ele não sabe em quem a Vereadora
votou.
O Sr. Flávio Coulon: Desculpe, Vereadora,
retiro, Vereadora.
A SRA. BERNADETE VIDAL: Está bem. Agradeço. Sra.
Presidente, para concluir, eu não sou contra a qualquer desses funcionários que
estão sendo contratados através desta lei. Eu não sou contra o Gabinete do
Vice-Prefeito, mas, como dizia, tenho essa arma. Enquanto não for resolvido o
problema do meu grupo, ressalvando os interesses de Porto Alegre, eu vou votar
contra o Sr. Prefeito. Ou ele manda na Cidade e o Sr. Nereu D'Ávila obedece,
porque o Sr. Prefeito já mandou resolver na minha frente e na frente do Sr.
Nereu D'Ávila, ou ele manda na Cidade ou os comerciantes mandam sozinhos. Ou
ele manda e o Sr. Nereu D'Ávila obedece, ou então vamos seguir a nossa pressão,
aqui dentro da Câmara com o meu voto, lá na rua com os meus companheiros
batendo bumbo e tocando gaita. Infelizmente, não tendo o poder econômico do
nosso lado, a imprensa ao nosso lado, porque tudo isso custa dinheiro, nós
vamos usar das armas que temos.
Somos pequenos e fracos, mas vamos lutar até o fim, até votando contra,
infelizmente, a um projeto de mérito como este. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
A SRA. PRESIDENTE: O próximo Vereador inscrito
é o Ver. Brochado da Rocha. V. Exa. tem dez minutos.
O SR. BROCHADO DA ROCHA: Sra. Presidente, Srs.
Vereadores, pediria a atenção da Mesa porque posso eu vir a sair da pauta e
gostaria de ser admoestado.
Mas eu gostaria de dizer, em primeiro lugar, que ninguém nesta Casa, me
falta o testemunho do ex-Vereador Sadi Schwerdt, com quem conversava há pouco,
hoje diretor da Casa, mas tenho a testemunha viva do Ver. Cleom Guatimozim.
Sempre me antepus dentro do MDB e dentro de PDT à figura do Jornalista Glênio
Peres. Em nenhuma votação estivemos em lugares iguais dentro do Partido. Até
mesmo, fica para os Anais da Casa, que enquanto o Ver. Cleom Guatimozim era apoiado
tão-somente pelo Sr. Glênio Peres nunca foi Presidente da Casa. Mas eu
pergunto: estou votando no Sr. Glênio ou na figura do Vice-Prefeito de Porto
Alegre? Me responderam que os Vice-Prefeitos são circunstanciais, ou devem ser
circunstanciais, por isso excluo de pleno qualquer figura que possa se encaixar
na figura do Sr. Glênio Peres, acho injusto com o cargo, acho injusto com a
Cidade. Acho, também, e que me perdoe a douta Bancada do PFL com assento nesta
Casa, todos os argumentos do mundo dados por uma Vereadora desta Casa não
seriam razoáveis para emitir este procedimento. O nosso compromisso é com a
cidade de Porto Alegre; portanto, eu pergunto: o Vice-Prefeito tem direito a
ter um gabinete? O Vice-Prefeito deve ser uma pessoa inteiramente desassessorada?
Também me permite abordar e chamar atenção que nenhuma coisa paralela à estrita
votação me move neste momento, até porque o Ver. Flávio Coulon Líder do PMDB
nesta Casa, estava a diligenciar um Projeto de Lei Especial para o
Vice-Prefeito.
Quero fazer esta ressalva por inteiro, para avançar dizendo que esta
Casa resgata, se houve, no passado, alguns atropelos com este assunto do
Vice-Prefeito, não passou por esta Casa em nenhum momento. Não conheço um
membro da Bancada do PDT, da qual faço parte circunstancialmente, nem tampouco
do PMDB, nem tampouco do PDS, nem tampouco do PFL, nem tampouco do PCB e que me
perdoe o Líder do PT, S. Exa. talvez tenha lavrado uma Emenda muito bem feita,
mas na medida em que ela é conceitualmente bem feita, ela não retrata uma
verdade que embasa os fatos. Na técnica administrativa eu concordaria com o
Líder do PT, mas a realidade demonstra que se vieram os cargos CCs é porque o
Sr. Vice-Prefeito não teria como recrutar os cargos a nível de FG dentro da
Administração. Também não vou discutir com o Líder do PT se deveria ou não, é
um problema do Vice-Prefeito, face à transitoriedade do exercício do cargo,
acho que é legítimo, como é legítimo aos Srs. Vereadores ter cargos CCs, acho
legítimo que o Sr. Vice-Prefeito tenha-os na mesma equivalência, com a mesma
simetria e com as mesmas idiossincrasias do momento. Pergunto: o quadro
brasileiro não é idiossincrásico? É. O ideal seria que nós, Vereadores,
pudéssemos requisitar e colocar cargos de FG. Também acho. Aí também me perfilo
junto ao Líder do PT, porque esses funcionários trariam conhecimentos bons para
o assessoramento de um Vereador que recém entra na Casa. Mas se não veio assim,
é porque não havia essa possibilidade. De tal sorte que sou obrigado a dizer
que não vejo o problema como de siglas partidárias, porque, amanhã, qualquer um
dos Partidos pode estar lá.
O Sr. Jorge Goularte: O PL.
O SR. BROCHADO DA ROCHA: Em São Paulo pode ser.
Qualquer um dos Partidos não pode ver a figura do Vice-Prefeito como uma
questão circunstancial que seja do PDT, pois talvez não o seja amanhã. Com
relação ainda ao Vice-Prefeito, verifico, aliás, que não veio o Projeto de seus
salários para a Casa e não se diga que a Câmara rejeita, pois o Ver. Flávio
Coulon tem um Projeto que até prevê salários ao Vice-Prefeito. De maneira que
gostaria de dizer, de outra parte, que, de uma forma certa ou errada do
Vice-Prefeito, não tenho nada contra isto. A pessoalidade em administrar suas
coisas é peculiar de cada um, trata-se de pessoas que estão privadas do
recebimento do seu salário, que estão trabalhando gratuitamente.
Teria eu, também, outro motivo para votar contra, de ordem pessoal, se
descesse ao pessoal: o Sr. Vice-Prefeito roubou o meu dentista e o levou ao seu
gabinete, cometendo contra mim uma violência. Agora, pergunto, deveria eu me
vingar do Sr. Vice-Prefeito? Acho de uma gravidade que coloquemos os interesses
públicos, sobretudo, quando um Vereador Líder da Bancada do PMDB colocou, no
caso o Ver. Flávio Coulon, que até mandou prover o cargo, que nós tenhamos um
comportamento onde as questões circunstanciais, passageiras, da Casa, não fique
fundo marcado na Casa este problema. Este problema que, certamente, nos afetará
no futuro. Pergunto: é cara a democracia? É cara, é muito cara. Agora pergunto:
é melhor ter um Vice-Prefeito, eleito, ou era melhor nomear um Vice-Prefeito?
Ao contrário do Ver. Cleom Guatimozim, Presidente da Casa, que assumiu
várias vezes o Executivo, a atual Presidência da Casa ficou livre desse ônus de
assumir e de declarar, como declarou uma vez um Presidente da Casa, que era
Prefeito de mentirinha. Não é o caso do Ver. Cleom Guatimozim, era outro
Presidente, que assumia constrangido, sem nada a fazer, o Presidente da Casa.
Pediria ao Plenário uma reflexão e pediria ao Sr. Líder do PT que
reexaminasse a sua Emenda, que eu acho belíssima, mas acho que ela não reflete,
no momento, a realidade do Município de Porto Alegre. Quero dizer ao Líder do
PT que, se me fosse dado o direito de votar, eu votaria a sua Emenda, que acho
correta, mas ela não representa, neste momento, a verdade que já existe dentro
da área municipal. Teoricamente V. Exa. está perfeito, agora, não confere com a
realidade. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Não havendo mais Vereadores
inscritos para discussão, entramos no período de encaminhamento. Com a palavra,
o Ver. Lauro Hagemann.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT
(Questão de Ordem): Pretendo encaminhar, Sra. Presidente, mas gostaria de saber se já há
parecer à minha Emenda.
A SRA. PRESIDENTE: Não há parecer.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, eu vou votar favoravelmente ao Projeto ora em debate. Já havia
manifestado esta disposição ao próprio Vice-Prefeito, a seus assessores, meus
amigos, mas quero deixar sublinhado com muita clareza que não estou votando em
favor do Sr. Glênio Peres, estou votando em favor do Vice-Prefeito, que está
acima de pessoas, acima de Partidos. Estou votando em favor da necessidade que
a Cidade tem de ter o Vice-Prefeito eleito com um assessoramento capaz de
proporcionar as condições de melhor desempenhar a sua função. Já foi dito,
claramente, desta tribuna, por várias pessoas, que podem até existir restrições
de ordem pessoal ao Sr. Glênio Peres, eu teria também algumas restrições, mas,
como responsável, como representante de um Partido que integra esta Casa com a
responsabilidade de ajudar ao melhor desempenho da Administração em favor da
coletividade, esqueço, momentaneamente, estas restrições e vou aprová-lo. Quero
deixar bem clara essa posição, para que não se diga que o PCB, em momento
algum, deixou de cumprir com o seu papel, com a sua parte de responsabilidade
na Administração da Cidade. Também estou aguardando melhores esclarecimentos a
respeito da Emenda do nobre Ver. Antonio Hohlfeldt. Tenho algumas dúvidas que
quero ver esclarecidas. Acredito, como disse o Ver. Brochado da Rocha, que
existem fatos concretos, uma realidade sobre a qual devemos decidir e que não
podemos perder de vista. Em tese, parece que a Emenda do nobre Ver. Antonio
Hohlfeldt é correta, mas ela esbarra em um problema concreto e real que temos a
enfrentar, hoje, no Município de Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra, para
encaminhar, pelo PDS, o Ver. Hermes Dutra.
O SR. HERMES DUTRA: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, não quis falar durante a fase da discussão para poupar os
companheiros. (Aparte inaudível.) É verdade. Sou obrigado a reconhecer que V.
Exa. deixou de ouvir um belo discurso. Mas, Sra. Presidente e Srs. Vereadores,
há mais tempo já tínhamos manifestado nesta tribuna a disposição de votar
favoravelmente ao Projeto. Inclusive o Ver. Rafael Santos, nosso companheiro de
Bancada, já tinha tentado viabilizar, ele próprio, através de um Projeto de
Lei, resolvendo este grave problema. Nós sabemos que é problema de
relacionamento do Prefeito e do Vice, em um ano e meio, não mandou para cá.
Tanto o Ver. Rafael Santos quanto eu votaremos favoravelmente. Nós temos uma
divergência em relação à Emenda do Ver. Antonio Hohlfeldt. Ele vai votar a
favor e eu contra, por entender que efetivamente o Vice-Prefeito deve ter o
direito de indicar os cargos e até porque se não veda ao funcionário o direito
de ter acesso a ele. Embora reconheça a pretensão do Ver. Antonio Hohlfeldt,
que tenta valorizar o funcionalismo. Mas, efetivamente, o cargo do
Vice-Prefeito, como disse o Vereador, que não me recordo qual foi, não tem
atribuição. A sua atribuição é substituir o Prefeito em seu impedimento e, no
caso de uma fatalidade, que tomara Deus não ocorra, preencher a vaga em caráter
definitivo. É claro que se ele, Vice-Prefeito, está devidamente acertado, lado
a lado com o Prefeito, o Prefeito pode convidá-lo a ser Secretário Municipal,
para que ele exerça uma função pré-determinada em sua Administração. Agora, o
fato de não ter atribuição não nos dá o direito de querer que ele não tenha
sequer uma mesa para sentar. Aliás, hoje ele senta numa mesa no aluguel de uma
sala feita ilegalmente, porque esta Casa aprovou contra o meu voto, na época,
porque se disse que era uma Secretaria que não ia sair. Eu conheço, quem é da
aldeia conhece os caboclos. Eram duas salas destinadas a uma suposta Secretaria
Extraordinária. Eu disse que se alugasse as salas para o Vice-Prefeito, ele tem
que ter onde sentar, onde receber as pessoas que lhe procuram. E quando não
mais, nobre Ver. Frederico Barbosa, até porque precisamos instrumentar para uma
eventual candidatura à vereança, se for o caso. Eu acho que nós temos que
encarar de forma muito aberta e sem maiores questiúnculas de estar enxergando
coisas onde elas não existem. Eu acho que o Vice-Prefeito merece um gabinete,
já deveria ter há mais tempo, se não tem é por culpa de Prefeito.
Antes de encerrar, Sra. Presidente, quero registrar a indelicadeza que
o Sr. Vice-Prefeito, no caso a pessoa do Sr. Glênio Peres, cometeu com esta
Casa, quando se queixou injustamente da Câmara dizendo que não tinha cargo, não
tinha salário, não tinha função por culpa da Câmara. Não é verdade. É tão
verdade que não é verdade que, tão logo o Sr. Prefeito Municipal resolveu
mandar o Projeto pra cá, a Casa vai aprovar, porque, até agora, eu não vi
ninguém se manifestar contra o Projeto. Todos se manifestam favoráveis ao
Projeto. Então, eu vou perdoar aquela indelicadeza do Sr. Glênio Peres e voto
com a absoluta tranqüilidade, porque o cargo de Vice-Prefeito tem que ser
instrumentalizado. E hoje, eventualmente, ele está nas mãos do Ver. Glênio
Peres, amanhã ele estará nas mãos não sei de quem. Agora, o PDT eu tenho a
absoluta certeza que não. A próxima eleição muda de mãos a Prefeitura. Quem
sabe nós voltamos, Ver. Kenny Braga? Por que não? Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Encaminha, pelo PDT, o Ver.
Cleom Guatimozim.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, V. Exas. são testemunhas que uso o menos possível a tribuna no
encaminhamento dos projetos, preferindo articular no Plenário, local onde eu
acho que é muito mais válida a ação das Lideranças. Eis que, desta tribuna, às
vezes, as palavras chocam e se transformam em desvantagem para aquele que
pretende aqui, através do verbo, conseguir votos. O Dr. Glênio Peres foi
Vereador durante muitos anos - vinte anos - nesta Casa, junto conosco, e ele
foi um excelente Vereador. Foi Líder da Bancada de oposição e, no momento em
que liderava quatorze Vereadores, eleitos pela oposição - hoje divididos entre
PMDB e PDT - foi cassado, por um discurso feito na tribuna - não nesta tribuna,
mas numa que funcionava lá, no prédio antigo - e juntamente com ele outro
companheiro, Marco Klassman. O Ver. Glênio Peres teve problemas políticos
terríveis durante essa cassação, e só a sua garra de homem político, daquele
que não desiste, mesmo quando arranhado profundamente, é que o levou a essa
posição de Vice-Prefeito da Capital. Vejam, Srs. Vereadores, nós, que lutamos
no “metier” político, nós, que lutamos no dia-a-dia, que nos esforçamos em
favor das comunidades, temos a condição de avaliar a luta violenta desse homem
para se manter na política, apesar de ter sobre ele, quase que permanentemente,
durante dois anos, baionetas. No dia em que ele deveria assumir - V. Exas.
sabem através de noticiosos - mandaram prendê-lo, e ele ainda veio, deitado no
fundo do automóvel do Dep. Romildo Bolzan, driblando a segurança bem
organizada, o SNI, a Polícia Federal, a Polícia Estadual, as polícias fardadas,
que estavam na frente da Câmara, com bazuca virada para um órgão desarmado. Ele
teve garra! Peço que compreendam a luta desse homem para chegar a Vice-Prefeito
da cidade de Porto Alegre. E o Werner Becker - eu já disse uma vez, aqui da
tribuna - foi testemunha ocular, foi mandado chamar em casa, naquela
oportunidade. Então, é um homem que lutou arduamente contra esta situação toda
e aqueles que possam achar que a sua cassação foi legal, podem examinar o outro
lado, da luta dele para se manter e chegar a esta posição. Foi ao lado de Alceu
Collares, mas seria ao lado de outro Prefeito, se fosse do PDT, eleito pelo
voto direto. Então, este homem tem um gabinete, e a figura do vice, até no
clube de futebol de nosso bairro, ela é contestada, não é bem definida e V.
Exas. se lembram que o Vice-Presidente da República, por não ter atribuição,
numa determinada época, ele presidia o Senado Federal. Esta atribuição lhe foi
tirada depois. O que é o Vice-Prefeito? É o primeiro na linha sucessória, não é
substituição. É o primeiro na linha sucessória ao Prefeito Municipal e o
Presidente da Câmara Municipal, por acórdão do Supremo Tribunal Federal, é o
segundo na linha sucessória ao Prefeito. Então, ele tem uma atribuição
polêmica, como quer o Ver. Werner Becker - e eu aceito -, polêmica, difícil de
definir, mas uma posição de eleição. Ora, colocar o Glênio Peres de
Vice-Prefeito e dizer para ele que não trabalhe é, como se diz na gíria, brincadeira,
assim como colocar qualquer uma de V. Exas. no cargo de Vice e dizer: esperem
que vaguem, que dê oportunidade, também seria brincadeira, porque todos aqui
são de luta, são de buscar, no dia-a-dia, soluções para a comunidade. Então, eu
examinei Glênio Peres, mas coloquei que qualquer um desta Casa tem condições
para ser Vice-Prefeito desta Cidade, ou até Prefeito e, amanhã ou depois,
poderemos nos encontrar lá. Por isto eu citei Glênio Peres, porque está em jogo
a figura dele como Vice-Prefeito, mas é o cargo de Vice-Prefeito que pode ser
ocupado por qualquer um. Então, acho de justiça que lhe dêem assessoria, que o
deixem trabalhar. A Cidade vai ganhar com isto, porque Glênio Peres é de
trabalhar. Então, vamos ganhar, porque ele vai descobrir, ele vai buscar
soluções para a Cidade, ele vai buscar em tudo quanto é lugar soluções para a
Cidade, foi essa a vida dele sempre nesta Casa e até depois de cassado. Este é
o nosso encaminhamento, na certeza de que será aprovado o Projeto, porque é
para o Vice-Prefeito da Cidade, seja quem for. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Encaminha, pelo PFL, o Ver. Frederico Barbosa.
O SR. FREDERICO BARBOSA: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, depois de longo tempo de Sessão, chegamos ao final que certamente
caracteriza e marca algumas posições absolutamente claras durante a discussão
deste Projeto. Em primeiro lugar, e uma delas é a de que se deixa à opinião
pública a falta de pressa que o Prefeito Municipal teve para resolver este
problema e, como já anunciamos desta tribuna, não nos cabe entrar no problema
das brigas e das discussões entre o Prefeito e Vice-Prefeito. Nós, do PFL, e
especialmente este Vereador, solicitamos a urgência para algo que diz muito de
perto à cidade de Porto Alegre. A Bancada do PFL sente-se extremamente feliz no
final deste dia, porque todos os pronunciamentos foram marcados no sentido de
que nós pudéssemos chegar a um denominador comum no sentido de dotar a Cidade,
e muito antes a Cidade do que o Governo Alceu Collares, de um equipamento e de
um gabinete para o Vice-Prefeito da Capital do Estado do Rio Grande do Sul.
Chegamos ao final com a maioria e agora com a unanimidade da Bancada do PFL, no
sentido de que a Verª Bernadete Vidal, com toda a sua experiência e atividade
junto à comunidade de Porto Alegre, tem também um entendimento político, um
entendimento que valoriza a classe política e vem a público agora, por meu
intermédio, e designado pelo Líder da Bancada, para dizer que vai votar
favoravelmente, porque o seu entendimento político, além de resolver a defesa
daqueles que ela prega, em favor dos menos favorecidos, quer dizer também que a
Verª Bernadete Vidal dá unanimidade à Bancada do PFL por uma situação que é a
defesa dos interesses maiores da população de Porto Alegre. Sinto-me orgulhoso
por representar o Líder da minha Bancada neste momento, orgulhoso porque quando
pedi urgência alguns quiseram dizer coisas a mais do que a necessidade de dotar
a cidade de Porto Alegre. Estou extremamente satisfeito por isto que acontece
às quase 20 horas do dia 09 de setembro. Passado tanto tempo nesta Casa,
sinto-me extremamente feliz. Nós, a Verª Bernadete Vidal, o Ver. Aranha Filho,
o Ver. Artur Zanella, o Ver. Ignácio Neis, o Ver. Raul Casa, Líder da Bancada,
e eu pretendemos continuar cobrando publicamente do Prefeito, mas para cobrar,
para olharmos nos olhos e termos dignidade, queremos que a cidade de Porto
Alegre tenha aquilo que necessita para, inclusive, reforçarmos a cobrança em
nome do grupo que estes seis representam na cidade de Porto Alegre. Esta é a
nossa manifestação, creio que cheia de orgulho neste final com os cumprimentos
que faço de público à Verª Bernadete Vidal, querida companheira. Espero que sua
demonstração seja um exemplo a tantos outros que, às vezes, esquecem o momento
maior que é ajudar a população e pensam em momentos menores que é como se
tentar mexer, como se tentar influenciar para que mesquinhezas, problemas
partidários atropelem a população ou neguem à população o que há de melhor para
nossa Cidade. Agradeço a gentileza, de público, do Líder da Bancada, de me
designar para este encaminhamento. Estou absolutamente satisfeito com a missão
que me impus, de desde o início da discussão deste Projeto discutir aquilo que
era melhor para a cidade de Porto Alegre e deixar de lado aquilo que
influenciaria ou não a administração partidária que o Prefeito faz e não é
avalizada por nós e temos muita coisa a cobrar, como fez há poucos instantes a
Verª Bernadete Vidal, detentora de um mandato popular que a faz por obrigação,
por dever, por consciência e por necessidade daqueles mais carentes que
defende, lutando muitas vezes até não com a companhia de seus companheiros, mas
certamente com a cabeça erguida e com o dever cumprido. Era isso, Sra.
Presidente.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Encaminha, pelo PT, o Ver.
Antonio Hohlfeldt.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, não acredito que se faça política como uma ação entre amigos.
Queria evitar, e nesse sentido tinha apresentado a Emenda, uma discussão que me
é penosa. O Ver. Cleom Guatimozim fez aqui um belo laudatório do ex-Vereador
Glênio Peres, com o qual nós concordamos plenamente, até porque talvez o
Vereador não saiba que eu trabalhei com o jornalista, o homem de cultura Glênio
Peres, quando ele concorreu, lá por 1969 ou 70, a Deputado Federal, e não se
elegeu. Ele estava comandando ao mesmo tempo a iniciativa de uma feira, que se
realizava ali no espaço do Parque Menino Deus e que acabou sendo,
posteriormente, de uma certa maneira, na área que eu comandava, sob sua
orientação, que foi o Festival de Cinema, que nós montamos na ocasião, e que
acabou sendo germe que gerou o Festival de Cinema de Gramado. Isso lá por 68,
69 e 1970. Portanto, conheço muito bem o Jornalista Glênio Peres e tenho pela
sua pessoa o maior respeito possível. Agora, como eu digo, eu acho que não se
faz política como uma ação entre amigos, sobretudo, quando entra dinheiro
público. Eu queria evitar aquilo que o Ver. Brochado da Rocha enfocava. Neste momento,
quero destacar um fato singular e insólito, qual seja, o Gabinete do
Vice-Prefeito existe de fato, mas os colaboradores nada percebem pelo esforço
cotidiano nele despendido. Combinado com o art. 3º do Projeto em pauta, coloca
uma indagação muito grave, uma indagação que me parece se encaminha para uma
questão muito séria, é de que se criar um cargo e se der funções a pessoas
antes da autorização da Câmara, e pelo art. 3º uma invocação do Decreto da Lei
Federal nº 4.320, de 1964, não duvido que se pretenda pagar retroativamente a
estes cargos, e aí acho que está se cometendo, em bom português, uma
ilegalidade. Queria evitar este tipo de questão, e por isto queria, pelo menos,
aquele mínimo, que nos seria permitido aqui tocar, encaminhar de uma maneira,
como diria o Ver. Werner Becker, “palatável”; e a respeito da figura de Glênio
Peres, e até porque, a médio prazo, o cargo não é exclusividade sua. Mas a
afirmativa na página dois da Exposição de Motivos, combinado com o art. 3º do
Projeto, me deixa, realmente muito preocupado. E como após todo o laudatório do
Líder do PDT não ouvi nenhum comentário a respeito da Emenda por mim
apresentada, que não se diga mais uma vez que este Vereador não tentou
colaborar e trabalhar a sério, que não se diga que este Vereador não se dispôs
a votar e a aprovar alguma coisa, mas que fique registrado nos Anais da Casa
que, mais uma vez, impõe-se a camisa de força do número da soma de votos.
Então, nós realmente queremos deixar claro que, sem ter a posição do PDT em
torno da nossa Emenda, não pretendemos dar o nosso voto a este Projeto. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Estão levantados os trabalhos.
(Levantam-se os trabalhos às 20h.)
* * * * *